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A Última Carta de Amor: livro de Jojo Moyes e filme da Netflix

Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

Uma carta de amor que sobreviveu ao tempo, mas não uma carta qualquer, A Última Carta de Amor. Quarenta anos escondida para entrelaçar histórias que pareciam impossíveis. Mas o tempo e o amor são capazes de guardar os maiores dos segredos e, especialmente, os maiores sentimentos. Vem conhecer um dos romances mais celebrados de Jojo Moyes, que ganhou adaptação na Netflix em 2021.

A Última Carta de Amor (The Last Letter From Your Lover)
Jojo Moyes
Tradução Adalgisa Campos da Silva
Intrínseca | 2016 | 384p.
Disponível em Amazon
“Acho que você e eu poderíamos nos fazer tremendamente infelizes.”
Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

Sobre Jojo Moyes

Jojo Moyes nasceu em 1969 e cresceu em Londres. Estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent por 10 anos. Publicou seu primeiro livro em 2002, e desde então dedica-se integralmente à carreira de escritora.

Sinopse de A Última Carta de Amor

Londres, 1960. Ao acordar em um hospital após um acidente de carro, Jennifer Stirling não consegue se lembrar de nada. De volta a sua casa com o marido, ela tenta, em vão, recuperar a memória da antiga vida. Por mais que todos ao seu redor pareçam atenciosos e amáveis, Jennifer sente que alguma coisa está faltando. É então que ela descobre uma série de cartas de amor escondidas, endereçadas a ela e assinadas apenas por “B”, e percebe que não só estava vivendo um romance fora do casamento como também parecia disposta a arriscar tudo para ficar com o amante.

Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas endereçadas a Jennifer durante uma pesquisa nos arquivos do jornal em que trabalha. Obcecada pela ideia de reunir os protagonistas desse amor proibido – em parte por estar ela mesma envolvida com um homem casado -, Ellie começa a procurar por “B”, e nem desconfia que, ao fazer isso, talvez encontre uma solução para os problemas do seu próprio relacionamento.

Com personagens realisticamente complexos e uma trama bem-elaborada, A última carta de amor, primeiro livro de Jojo Moyes publicado pela Intrínseca, entrelaça as histórias de paixão, adultério e perda de Ellie e Jennifer.

A Última Carta de Amor: a história de Jennifer e Ellie

Jennifer Stirling acaba de acordar após um acidente de carro. O homem que parece velar seu repouso, todos dizem ser seu marido, mas ela não se lembra dele. Aliás, ela não se lembra de muitas coisas, nada do seu casamento, da vida que levava promovendo festas impressionantes para os amigos da alta sociedade. Nada disso parece se encaixar bem, tanto quanto as roupas que agora parecem ficar largas demais em seu corpo. Até que ela encontra cartas escondidas em seus pertences. Cartas que indicam que ela tinha alguém mais em sua vida, um amante, que assinava as cartas apenas como B. Quem ele seria?

“Tudo que escrevo é efêmero. Embrulha peixe na feira no dia seguinte.”
“Anthony – dissera ela, e, com essa única palavra, dera a ele não só a si mesma mas também uma versão nova e mais bem editada do futuro dele.”

Esse é um mistério que irá impulsioná-la a resgatar quem ela era para, quem sabe, compreender tudo que parece estranho ao seu redor. Como o fato de que ninguém lhe conta como aconteceu o acidente ou mesmo a sensação pungente de que seu marido a está punindo por algum crime que ela desconhece. Bem, ela já tem pista o suficiente agora.

“Quando você me olhava com aqueles seus olhos ilimitados, deliquescentes, eu me perguntava o que você podia ver em mim. Agora sei que isso é uma visão tola do amor. Você e eu não podíamos deixar de nos amar, assim como a Terra não pode parar de girar em torno do sol.”
“Meu amor, você vai descobrir, com o tempo, que um pouco de jogo de cintura para conversar faz parte da vida. É um dos grandes consolos por ter que passar anos e anos casada com o mesmo homem.”
Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

Um salto no tempo e quarenta anos depois Ellie Haworth está presa em um limbo em sua vida, que gira agora em torno do homem que ela ama. O detalhe é que ele é um homem casado. Ellie tenta não dar rosto à mulher dele, tenta não julgar a si própria, afinal, ela o ama. Enquanto ela tenta se contentar com as migalhas de seu relacionamento, sua vida no trabalho e com os amigos vai de mal a pior.

“Há coisas que adoro tanto em você, mas também há coisas que odeio. Acho que você deveria saber que agora penso cada vez mais nas coisas que me inomodam em você.”
“Boot. Não tenho facilidade de expor meus sentimentos no papel. Não tenho facilidade de expô-los de jeito nenhum. Você trabalha com as palavras, e eu amo todas que você me escreve. Mas não julgue meus sentimentos pelo fato de eu não responder à altura.”
Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

A nova chefe com certeza a acha uma péssima jornalista e, por mais que Ellie se esforce, está difícil recuperar seu antigo brilho. Recuperar aquela Ellie que fazia matérias incríveis, de capa, de alcançarem o topo dos acessos. Enquanto ela busca nos arquivos do jornal em que trabalha registros de matérias antigas que possam lhe trazer um pouco do brilho de outrora, ela encontra uma carta de amor. Não uma carta qualquer, uma datada de quarenta anos atrás, uma que mexe com os sentimentos de qualquer um que a lê, uma carta que pode ser sua chance de retornar ao topo e não perder o seu emprego. Agora, ela precisa encontrar quem escreveu aquela carta e, especialmente, a quem ela foi endereçada, como pista ela tem um nome: Jennifer.

“Como poderia continuar naquela vida tendo vislumbrado a alternativa que ele lhe mostrara?”
“Elegante. Equilibrada. Calma. Essas eram as palavras que os amigos dela, além dos amigos e sócios de Laurence, usavam para descrevê-la. Sra. Stirling, um modelo de virtude feminina, sempre arrumadíssima, jamais propensa à agitação e à histeria das outras esposas, inferiores.”

A Última Carta de Amor: a narrativa de Jojo Moyes e as (muitas) qualidades do livro

Jojo Moyes nos leva para uma história dentro de uma história, para uma viagem no tempo inesquecível. A Última Carta de amor foi meu segundo contato com a autora e, apesar desse romance não ter me levado às lágrimas como aconteceu com Um Caminho para a Liberdade, posso dizer que trouxe um mundo de sentimentos com ele. Além de um bom romance, capaz de estarrecer e aquecer os corações ávidos por histórias de amor, a narrativa leve e envolvente garante que cada parte da história seja bem desfrutada. E, como se não fosse o suficiente, ela guarda algumas reviravoltas que, por mais que você possa descobrir uma ou outra, não terá uma experiência menos intensa durante a leitura. Porque, muitas vezes, não importa muito que você preveja um ou outro acontecimento, o que realmente importa é a jornada. E as jornadas de Jennifer e Ellie não deixam nada a desejar.

“Sim, como Laurence gostava de lembrá-la, muitas vezes ela ficava chata. Sim, ela talvez não fosse tão animada e espirituosa a uma mesa de jantar, mas os remédios significavam que ela já não mais chorava em horas impróprias nem custava a se levantar da cama. Já não temia as mudanças de humor dele, e não se incomodava tanto quando ele a procurava à noite. E o mais importante: a dor por tudo o que ela perdera ou pelo que fora responsável já não a corroía por dentro.”
“Ele sentiu um aperto, e soube com uma pontada de dor que jamais voltaria a amar alguém como amara Jennifer Stirling. Quatro anos não o haviam libertado, e era improvável que em mais dez isso acontecesse.”

Uma das coisas mais incríveis que A Última Carta de Amor traz é em como histórias tão distantes no tempo, em como pessoas tão diferentes, passam por percalços tão similares em suas vidas. Ou mesmo, como é possível que elas tenham vidas e experiências tão distintas, mas sejam capazes de se identificarem tanto com o outro, da dor, ao amor. Talvez essa seja a mensagem mais importante de A Última Carta de Amor.

“Seria pior ter a lembrança de algo antes perfeito agora maculado, substituído por algo inexplicável e decepcionante?”
“… compreendia que havia gente para quem o outro era a parte que faltava.”

Mas certamente não é a única. Aqui, não estamos escolhendo e torcendo por vilões e heróis. São todos humanos, alguns mais elogiáveis que outros, é certo, mas a questão é que todos falham, todos são capazes de desapontar e surpreender em atos que mudam o sentido do curso da história assim como o bater de asas de uma borboleta aqui é capaz de causar um tornado do outro lado do mundo. E teremos muitos bateres de asas, tanto quanto vários tornados nas vidas das protagonistas de suas próprias histórias.

“Elas não falam a sério do medo de terem perdido o barco que suas tias e mães gostam tanto de mencionar. Não mencionam que quase todos os amigos homens estão agora em relacionamentos com mulheres cinco a dez anos mais jovens que elas. Fazem piada sobre envelhecer vergonhosamente.”
“Que diabo ela está fazendo? Ela aceita tão pouco. Por quê? Porque teme que ele se sinta cuado se ela pedir mais, que ele ache que está sendo colocado contra a parede e tudo desmorone em volta dos dois. Ela sempre soube qual era o jogo. Não pode dizer que foi enganada.”
Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

Um dos temas mais interessantes que são tratados nessa história é exatamente um que une ambas as personagens: o adultério. Não é apenas um mistério sobre cartas, ou sobre a enigmática última carta de amor. É mais, é sobre estar nos vários lados de uma história. Sobre sentir perder o amor de alguém, sobre não ser correspondido, sobre ser traído, sobre amar e não poder viver esse amor. Com Jennifer, experimentamos o que é viver presa às convenções sociais, aos ditames de uma época, quando a imagem valia mais que a felicidade (será que isso mudou?), a impossibilidade de viver o que deseja. Com Ellie, experimentamos também a pressão das convenções sociais, a impossibilidade de viver o que se deseja, mas por outro viés, a de quem está do lado de fora da relação a dois.

“…se este último ano lhe ensinara algo, foi a viver o presente. Ela agora mergulha em cada momento, recusando-se a tirar-lhe o brilho pensando no seu preço. A queda viria – sempre vinha -, mas ela em geral reunia recordações suficientes para amortecê-las um pouco.”
“Por que acha que ninguém mais escreve cartas de amor como essa?”

E claro que, fora a temática motriz, as descobertas das cartas, os fragmentos de história que vão sendo contados, descobertos por Jennifer, relembrados, vividos, são como montar um quebra-cabeças ao longo do tempo que se mostra bonito, interessante, perspicaz e sofrido. Será melhor viver sem ter amado com tal intensidade ou viver e não poder usufruir de tal amor? Talvez nem Jennifer e Ellie saibam nos dizer, talvez bem mais do que imaginamos, bem mais da vida esteja escrito nessas linhas, porque fala sobre o ser mulher ao longo do tempo, pressões e expectativas, sobre envelhecer, sobre família, relacionamentos e amor próprio.

“Estou mais feliz e mais infeliz do que já estive com qualquer pessoa se é que isso faz sentido.”
“Jennifer Stirling conta do súbito desbotamento de sua vida dourada, das noites insones, da culpa, da atração apavorante e irrevogável exercida por alguém proibido, de como é terrível perceber que a vida que se está levando talvez seja errada.”

Para os corações afoitos por um bom romance, A Última Carta de Amor é, sem dúvidas, uma leitura indispensável. Para aqueles que não acreditam que todo história pode ter não apenas um ou dois lados, mas vários, A Última Carta de Amor também é indispensável. Unindo drama, cartas de amor, personagens verdadeiros e uma trama bem intrincada e alinhada, Jojo Moyes criou um drama romântico irresistível. E capaz de restaurar um pouco sua fé na humanidade (e no amor), garanto.

“Mas de repente me dei conta, no meio daquela pequena cena de loucura, que ter alguém que nos entenda, que nos deseje, que nos veja como uma versão melhorada de nós mesmos é o presente mais incrível.”
“Na minha opinião, o mundo se divide entre aqueles que veem isso e tomam suas decisões de acordo e os que simplesmente vão atrás do que lhes parece bom na hora.”
Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

A Última Carta de Amor: filme adaptado pela Netflix

No dia 23 de julho os Jojo Lovers (fãs das obras da autora Jojo Moyes), puderam conferir a estreia do filme adaptado da obra A Última Carta de Amor pela Netflix. Com direção de Augustine Frizzell o longa conta com Shailene Woodley como Jennifer Stirling e Felicity Jones como Ellie Haworth.

A melhor parte do filme, para essa espectadora que vos escreve foi, sem dúvidas, a fotografia. Além de ser bonita, tem um ar de filmes antigos, especialmente nas cenas da década de 1960, que encantam e trazem a sensação de nostalgia. Mesmo em se tratando das cenas dos 2.000 e poucos, ainda há certo ar de nostalgia presente, na paleta de cores, na chuva constante, na visão do romance que se desbrava para Ellie Haworth.

“Você pode vir a descobrir que a culpa tem um papel muito maior no seu futuro do que você gostaria.”

Além disso, Felicity Jones é um afago para um casal que, inicialmente, não parecia promissor, ao lado de Nabhaan Rizwan, como Rory. Por outro lado, é latente a falta de química entre Shailene Woodley e Callum Turner, como Anthony O’Hare. O que trouxe uma falta de balanço e uma monotonia bem grande para a trama em vários pontos. O amor infinito ficou um tanto quanto apagado e sobrepujado pela combinação insossa.

O enredo adaptado, como era de se esperar, trouxe uma versão bem mais enxuta da história, que casa em si mesma e que fecha o ciclo, além de dar um tipo de encerramento que alguns leitores de A Última Carta de Amor sentiram falta (mas não me incluo nessa lista).

“Os jovens não têm o monopólio dos corações partidos, sabe. Aprendi uma coisa há muito tempo: o se é um jogo perigoso mesmo.”

Contudo, ao mesmo tempo, um dos pontos chaves do livro, o debate sobre traição, a conexão de Ellie e Jennifer, deixou de existir. A história de Jennifer foi alterada para que um romance pudesse ser mais desenvolvido e até aí, compreensível, mas deixou a desejar quando o foco da história e a conexão se resumiu a mera descoberta de cartas, e nenhum sentimento aprofundado no meio disso tudo.

É aquela história, pode ser um bom filme de romance, com seus percalços, mas como adaptação, deixou a desejar.

Resenha do livro e filme A Última Carta de Amor de Jojo Moyes, publicado pela Intrínseca e adaptado pela Netflix.

Aleatoriedades

A Última Carta de Amor foi recebido em parceria com a Editora Intrínseca.

As dicas de leitura para os fãs de um bom romance vão para Esperança da Lesley Pearse e Não é errado ser feliz da Linda Holmes.

Que a Força esteja com você!

xoxo

Retipatia
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  • Angela Cunha

    Aquilo ali são figos em calda? É isso mesmo?? Chega que se for, já é, pois eu salivei rsrs
    Ah caramba,que vontade!!!Eu amo, amo muito!!!
    E como não li este livro ainda e nem vi a adaptação, claro, tudo me chamou a atenção. Espero de coração poder comprar o livro o quanto antes e aí sim, ver o filme, que ao mesmo tempo está sendo muito elogiado, está sendo bem criticado por quem já leu o livro!
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

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