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A Montanha das Feras de Juliet Marillier: o novo projeto da Ed. Wish no Catarse

Cenário com capa do livro A Montanha das Feras simulada como se já estivesse impressa.

Sob o título A Montanha das Feras, a fantasia Heart’s Blood, inspirada em A Bela e a Fera, de Juliet Marillier, chega ao Brasil na primeira campanha do Catarse da Editora Wish em 2024.

Agora pertencente ao grupo editorial da DarkSide Books, a Editora Wish faz uma aposta que já ganhou o coração dos leitores antes mesmo de chegar às livrarias e que, nas 16 primeiras horas, já ultrapassou 27% da meta. Mais de seiscentas pessoas já apoiaram o projeto até o fechamento deste post!

Juliet Marillier já é autora querida de muitos fãs de fantasia, especialmente com o relançamento de A Dança da Floresta, também via financiamento coletivo em 2020/2021 pela Editora Wish, em uma edição de arrancar suspiros.

E, para você que já imagina como será a experiência de leitura, por aqui poderá desbravar detalhes sobre o projetos, várias curiosidades sobre a história, o processo de escrita de Marillier e, claro a influência do conto de fadas A Bela e a Fera na trama.

Quem é Juliet Marillier?

Escritora de fantasia histórica, Juliet Marillier trabalha exclusivamente com a escrita há mais de 20 anos.

Nascida em 1948 em Dunedin, na Nova Zelândia, Juliet cresceu rodeada pela cultura Celta, tema que a fascina e influencia sua escrita.

Outro fator marcante em suas histórias é a presença constante de referências e inspiração em contos de fadas, folclore, mitos e lendas, tanto quanto referências históricas bem acompanhadas de romance e drama familiar.

Segundo Juliet, como leitora, uma jornada pessoal para se tornar mais sábio ou melhor a toca muito mais do que uma para salvar o mundo. E, claro, essa é uma característica de destaque em suas obras.

Marillier ganhou diversos prêmios com seu trabalho, incluindo 5 Aurealis, 4 Sir Julius Vogel, além do prêmio Alex da American Library Association, o Prix Imaginales e o Sara Douglass.

Juliet é também membro da ordem druida OBOD (The Order of bards, Ovates and Druids) e seus valores espirituais estão presentes de diversas formas em seu trabalho.

Juliet já foi professora de música por muitos anos, cantora de ópera e também regente de coral, até se aposentar.

Hoje, mora em Swan Valley, na Austrália, escreve regularmente para o Writer Unboxed, além de dar workshops para escritores.

Se não estiver escrevendo, você pode encontrá-la ocupada com seus amados cães, Rocky e Bramble, ou com seus quatro filhos adultos e nove netos.

Sobre o que é a história de A Montanha das Feras?

A fantasia voltada para público adulto de Juliet Marillier traz como pano de fundo o conto de fadas A Bela e a Fera.

Apesar disso, não se trata de uma recontagem do clássico, mas uma nova história, com muito mais temas entrelaçados.

A seguir, você pode conferir a sinopse do livro, traduzida livremente do site oficial da autora:

A Montanha das Feras

Título original:
Heart’s Blood

Autoria:
Juliet Marillier

Autoria:
Tradução Julia Romeu

Editora:
Wish

Ano de lançamento:
2024

Gênero:
Fantasia

Páginas (nº):
500+
A fortaleza em ruínas de Whistling Tor, no topo da colina, abriga um chefe que é temido e odiado por seu próprio povo. Uma maldição paira sobre a família de Anluan; a floresta contém uma força perigosa cujos sussurros ameaçam a destruição.
No entanto, para a jovem e problemática escriba Caitrin, a fortaleza abandonada é um porto seguro. Pois Caitrin está fugindo de seus próprios demônios. Apesar do temperamento volátil de Anluan e da teia de segredos que cercam sua casa, ela encontra refúgio em Whistling Tor.
Com o passar do tempo, Caitrin descobre que há mais coisas sobre o jovem destroçado e sua família incomum do que ela imaginava. No entanto, Anluan parece relutante em acreditar em si mesmo. Talvez seja apenas através do amor e determinação dela que ele e seu povo possam ser libertados… A Montanha das Feras é um romance independente para leitores adultos, baseado no conto de fadas A Bela e a Fera.

Qual a premissa que encontramos em A Montanha das Feras?

Se há uma palavra que sempre aparece quando Juliet fala sobre esta história ela é aceitação. O sentimento de enxergar para além das aparências, das falhas externas de cada um. Ou seja, é sobre ver as pessoas como realmente são: a partir das qualidades internas, as que realmente as definem.

Mais do que pensar na aceitação do outro, em A Montanha das Feras, as personagens também precisam passar por um processo de autoaceitação. Aqui é sobre quem você é, reconhecer e abraçar suas falhas, seu passado, tudo que é bom e imperfeito.

Existem, claro, outros temas na trama, como a importância da boa comunicação e os problemas de sua ausência.

A Montanha das Feras é sobre encontrar no amor e no outro, a esperança, a força necessária para aceitar-se e seguir em frente.

Por que uma história inspirada em A Bela e a Fera?

A intenção de Juliet nunca foi recontar A Bela e a Fera, o ponto de partida era falar sobre aceitação. Mas, para isso, seus personagens precisariam desbravar uma jornada.

Precisariam de desafios, cometeriam erros e estariam prestes a perder tudo que lhe é caro para serem capazes de aprender.

A partir dessa ideia, fica clara a correlação da história com o conto de fadas A Bela e a Fera, que tem em seu cerne o sentimento sobre ver para além das aparências.

A importância dos Contos de Fadas para Julier Marillier

Como em todas as obras de Marillier, as tropes e enredo incluem referências a contos de fadas, mitos, lendas ou folclore. Para ela, esse é um mergulho no caldeirão de histórias existente no mundo e no poder de cada uma delas.

A importância dos contos de fadas como referência literária está no fato de que tudo que existe hoje é uma mistura de tudo que já foi contado antes.

Para ela, quem escreve fantasia, faz parte da tradição de contar histórias, iniciada ainda com os contadores que teciam sua magia através da oralidade.

Histórias tão importantes que davam nome ao desconhecido, aos medos e temores, e que também serviram de fonte inesgotável de aprendizado para gerações e gerações sobre a vida.

Esses tesouros de aprendizagem vão para o caldeirão cada vez que são ouvidos e são retirados novamente a cada recontagem, nunca exatamente iguais, mas enriquecidos, temperados, alterados de maneiras determinadas pelas circunstâncias em que são contados. O caldeirão borbulha por centenas de anos, e sua bebida fica cada vez mais saborosa.

juliet marillier

Para Juliet, o ato da escrita torna essas histórias imutáveis, de certa forma. Mas, ao mesmo tempo, isso não acaba com as possibilidades de transformações e adaptações ao longo do tempo.

O próprio A Bela e a Fera, de autoria atribuída a Madame Leprince de Beaumont, publicado em 1756, tem raízes na mitologia grega com o Cupido e Psique, publicada por Apuleio mais de 1.600 anos antes.

Mesmo em um mundo tão conectado como o hoje, essas histórias ainda conversam conosco de uma forma profunda, porque ressoam com algo dentro de nós.

Por isso, Juliet acredita que

Como escritora, os considero [os contos de fadas] ferramentas poderosas para comunicar o cerne emocional da minha história e o aprendizado que espero que os leitores tirem dela.

juliet marillier

E, tão bem quando Madame Leprince de Beaumont fez em sua época, adaptando conceitos, cultura, valores e vivências, faz Juliet Marillier.

Ao anos apresentar sua história com o pano de fundo de A Bela e a Fera, ela une elementos enriquecedores como as referências temporais, geográficas e culturais.

Diferenças do livro para o conto de fadas A Bela e a Fera

Partindo do conto de fadas, Juliet conseguiu traçar três parâmetros para o que viria a ser a estrutura de A Montanha das Feras. No seu trabalho de organização da história, ela separa os elementos em três cestas fictícias de manter, descartar e trocar.

O que se manteve do conto A Bela e a Fera:

  • A construção de uma frágil relação entre os protagonistas;
  • O cenário de casa isolada e estranhos servos (Juliet diz que criá-los foi uma das melhores partes);
  • Mostrar o perigo da falta de comunicação;
  • O tema da aceitação e autoaceitação;
  • Espelhos mágicos.

O que foi descartado do conto de fadas:

  • A passividade de Bela, que acaba sendo sempre vítima das decisões de sua família. No livro, a protagonista, Caitrin, tem a missão de se redescobrir depois de um trauma;
  • Bondade da Beleza: Caitrin é boa e bonita, mas é também humana e imperfeita, com sua própria bagagem emocional;
  • Sem embelezamentos para a Besta, Juliet dispensa a magia que transforma as pessoas em versões perfeitas de si mesmas. Para ela, o ideal é que a imperfeição física se tornasse sem importância no fim das contas.

E o que Juliet mudou do conto A Bela e a Fera?

Existem diversos elementos que remetem A Bela e a Fera em A Montanha das Feras. Eles vão desde um jardim proibido até uma série de espelhos mágicos (bem mais do que encontramos no original).

Mas o melhor é que tudo é apresentado de forma fluida na trama, com referências bem encaixadas que vão permitir que o leitor os associe ao conto original e se deleitem com cada detalhe.

Os protagonistas de A Montanha das Feras

Se você leu a sinopse, já sabe que nossa protagonista é Caitrin, uma escriba que encontra refúgio em Whistling Tor, a colina que abriga uma fortaleza em ruínas.

Apesar de ninguém ficar por muito tempo na propriedade, Caitrin aceita o trabalho como escriba. É apartir daí que ela se envolve em uma trama familiar amaldiçoada desde gerações passadas, enquanto precisa lidar com Anluan, as ameaças externas, seu próprio passado e um mistério mortal.

Sobre Caitrin, Juliet a criou fisicamente perfeita, é boa e com um coração forte e capaz. Mas isso não quer dizer que ela não tenha chegado a Whistling Tor carregando sua própria bagagem emocional.

Quanto a Anluan, Juliet queria alguém que fosse real nos dias de hoje e por isso ele sofre de uma deformidade física proveniente de uma doença da infância, além de crises depressivas.

As qualidades bestiais de Anluan não vêm de um feitiço, mas dos limites da medicina da época medieval, tanto quanto do preconceito e superstições locais. Além disso, existe a ameaça externa que põe em risco seu território.

Para a autora, era importante que ambos os protagonistas fossem reais e não pessoas de contos de fadas, e, assim, tivessem sua própria jornada para percorrer em direção a cura.

Outras influências presentes em A Montanha das Feras

Para além da Bela e a Fera, a história traz outros elementos riquíssimos que foram criados para dar mais profundidade e satisfazer o leitor contemporâneo.

Cenário Histórico

A Montanha das Feras se passa na Irlanda do século XII, durante o período em que os anglo-normandos avançavam em direção a Connacht. É daqui que vem a ameaça ao território de Anluan.

História de Fantasmas

Este é o primeiro livro de Marillier que é uma história com fantasmas e foi permeada com elementos sobrenaturais por todos os cantos, como, por exemplo, a maldição lançada sobre Whistling Tor.

Por isso, Juliet precisou trabalhar questões que refletem também seus valores espirituais ao apresentar o significado de voltar da morte, o que é o purgatório e tantos outros detalhes que surgem na trama.

Saga Familiar Sombria

Envolvendo os outros elementos, como a própria presença dos fantasmas, entra o drama familiar envolvendo Anluan, que sofre com um segredo centenário de seus antepassados.

De outro lado, a própria história de Caitrin nos traz perguntas de porquê ela fugiu, qual a carga que ela carrega.

Narrativa: como é contada A Montanha das Feras?

Caitrin é a narradora em primeira pessoa de A Montanha das Feras, mas a sua contação é intercalada com trechos de diários, cartas e registros da biblioteca desordenada, onde ela trabalha como escriba.

Além disso, existem algumas notas secretas escritas nas margens de um caderno botânico, memórias não confiáveis dos personagens e espelhos que podem ser janelas para o passado.

Para Juliet, um dos maiores desafios ao escrever a história foi exatamente entrelaçar a narrativa de Caitrin aos outros formatos, mantendo o ritmo e a tensão necessárias à trama.

Curiosidades sobre A Montanha das Feras

Aqui vão algumas curiosidades para aumentar (ainda mais) nossa vontade de ler o livro:

O Título Original: Heart’s Blood

Heart’s Blood, o título original de A Montanha das Feras, é o nome de uma erva rara que aparece na história.

Apesar da Wish não ter divulgado o motivo da alteração do título, é bom lembrar que uma tradução literal de Heart’s Blood, seria algo como Sangue do Coração. Além de soar como uma história de vampiros, não passa a imagem da verdadeira história.

Um Projeto Quase Abandonado

Enquanto trabalhava em A Montanha das Feras, já com 4 capítulos escritos, Juliet teve que parar tudo começar Heir to Sevenwaters, por decisões editoriais.

Por causa disso, Marillier pausou a escrita por quase um ano, e passou por dificuldades para se reconectar com o projeto, a ponto de quase perder a fé em seu potencial.

A própria autora traz em um de seus posts para o Writer Unboxed que os ataques sombrios e depressivos de Anluan não ajudaram em nada nessa época.

O final feliz, ou o desenvolvido feliz da história, só foi possível graças ao apoio de sua família e do grupo de escritores ao qual Juliet faz parte, tanto quanto o fato de que ela já tinha um bom plano traçado para a história.

Premiações

Juliet Marillier tem um extenso roll de premiações, por diversos de seus livros, tanto juvenis quanto adultos. A Montanha das Feras chegou a ser finalista no Aurealis Awards (2010) e também no Sir Julius Vogel Awards (2010).

Continuações para A Montanha das Feras?

Se você procura uma fantasia em volume único, pode celebrar! No próprio site oficial da autora fica claro que não existe intenção de continuação, já que ele foi escrito para ser independente mesmo.

Mas, se você procura um esquema de pirâmide, vamos torcer para a Wish publicar as séries da autora aqui no Brasil (esse é um esquema que eu entraria feliz para nunca mais sair)!

A Montanha das Feras no Catarse

Uma recomendação de leitura se você não sabe muito bem como funciona o financiamento coletivo pelo Catarse ou tem dúvidas sobre como apoiar e publicar projetos, é ler este post aqui!

O projeto de A Montanha das Feras segue o padrão de qualidade Wish com capa dura, brindes diferenciados, conteúdo extra, projeto editorial voltado para o conforto da leitura, tanto quanto para apreciarmos uma edição digna de colecionador e ilustrações mágicas.

Falando em ilustrações, a arte é de Janaína Medeiros, também a responsável pela capa e ilustrações da edição de A Dança da Floresta, eis uma comparação entre as duas capas:

Na página do projeto, onde você pode conferir os valores de apoio, que contam com desconto especial para as primeiras 48h, também está disponível o primeiro capítulo do livro para leitura antecipada:

Imagem exemplificativa do livro A Montanha das Feras, de Juliet Marillier, feita pela Ed. Wish, em versão impressa em e-book.

Agora é partir pro apoio e aguardar a edição tão desejada chegar em casa: por aqui, já em contagem regressiva para ter em mãos e poder ler A Montanha das Feras.

Fontes do Artigo

Juliet Marillier Official Site | Catarse A Montanha das Feras | Writer Unboxed: aqui, aqui e aqui. Imagens promocionais: Editora Wish.

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