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Jogador número um ♥ Ernest Cline

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Jogador Número Um selecionado. Lendo… Bem-vindo ao OASIS! A Caçada está prestes a começar. Está pronto para embarcar nessa aventura? Saiba que: não é possível dar pausa durante uma fase. A cada vida perdida, você será reiniciado no último local que fez login. Agora, se for sua última vida, já sabe: Game Over! Só que, de vez em quando isso pode significar bem mais do que perder seu avatar, pode significar perder a sua vida, aquela que existe no mundo real. Continuar?

Jogador número um (Ready Player One)
Ernest Cline
Tradução Giu Alonso
Intrínseca | 2021 | 432p.
Disponível em Amazon
“A Caçada, com o concurso ficou conhecido, logo se tornou parte da cultura global. Como ganhar na loteria, encontrar o Easter egg de Halliday se tornou uma fantasia popular tanto entre adultos quanto entre crianças. Era um jogo do qual todos podiam participar, e, no início, parecia não haver forma certa ou errada de jogar.”
Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Sobre Ernest Cline

Ernest Cline é escritor, roteirista, pai e geek em tempo integral. Autor de Armada e dos best-sellers Jogador Número Um — adaptado para o cinema por Steven Spielberg, com roteiro de Cline — e Jogador Número Dois, seus livros foram publicados em mais de cinquenta países, destacando-se nas listas de mais vendidos em todo o mundo. Ele mora em Austin, no Texas, com a família, um DeLorean máquina do tempo e uma grande coleção de videogames clássicos.

Sinopse de Jogador Número Um

O ano é 2045 e o mundo real é um lugar terrível. Para escapar, a humanidade passa a maior parte do tempo logada no OASIS, uma realidade virtual utópica com milhares de planetas onde as pessoas podem ser o que quiserem e coisas fantásticas acontecem — magos duelam contra robôs japoneses gigantes, há planetas inteiros inspirados em Blade Runner e DeLoreans voadores podem atingir a velocidade da luz. Wade Watts cresceu dentro do OASIS, brincando com seus programas educativos, e, aos dezoito anos, a plataforma ainda é a melhor parte de sua vida. Mas está em risco, graças à Caçada.

Quando o excêntrico criador do OASIS morreu, deixou para trás um concurso para definir seu herdeiro. O primeiro usuário que desvendar as pistas, vencer uma série de desafios e chegar ao Easter egg ganhará a vasta fortuna do bilionário e o controle total da plataforma. Milhões de pessoas entram na disputa — inclusive Wade, que passa a estudar obsessivamente a cultura pop dos anos 1980 que o criador adorava —, mas também funcionários de uma perigosa corporação, que pretende limitar o acesso à plataforma.

Cinco anos se passam sem que ninguém consiga desvendar a primeira pista. Até que o nome de Wade sobe para o topo do placar. De repente, o mundo inteiro está assistindo, e novos rivais o alcançam: Art3mis, Aech, Daito, Shoto e, o pior de todos, Sorrento. Aos poucos, fica claro para Wade que a competição virtual tem riscos muito reais. E a única forma de sobreviver e salvar o OASIS é ganhando.

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Jogador Número Um

A internet não é como a conhecemos em meados de 2021. Agora, em 2040, internet é sinônimo de OASIS. A realidade virtual pela qual todos esperávamos, ansiosamente, mesmo que alguns, sem saber. Você pode estar sentado em casa, mas experimentar viajar pela Terra Média, em seguida fazer um lanche em Tatooine e, de quebra, passar naquele planeta infestado de zumbis para ganhar alguns XP’s e subir o nível do seu avatar. Que pode inclusive ser o que você quiser, de humanoide do tipo humano mesmo, até elfos, trolls e fadas, ou mesmo outras criaturas como um unicórnio, uma dríade ou quem sabe, um bisão. A escolha é toda sua.

A beleza de OASIS é exatamente essa: permite a qualquer um ser quem a pessoa quiser. Não importa o que incomoda você, na realidade alternativa, você pode escolher ser diferente. Seja algo físico ou sua voz ou personalidade: não existem limites!

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.
“A única indicação que o Almanaque de Anorak parecia dar era que a familiaridade com as diferentes obsessões de Halliday seria essencial para encontrar o ovo.”
“Então, na noite de 11 de fevereiro de 2045, o nome de um avatar apareceu no topo do Placar, para o mundo inteiro ver. Depois de cinco longos anos, a Chave de Cobre havia sido descoberta, por um cara de dezoito anos morando em um estacionamento de trailers nos arredores de Oklahoma City.
Esse cara era eu.”
“Se eu estava triste ou frustrado com a vida, tudo que tinha que fazer era clicar no botão de Jogador Número Um e minhas preocupações desapareciam na hora, a mente se concentrando no bidimensional do jogo, a vida era simples: só você contra a máquina. Se mexer com a mão esquerda, atirar com a direita, e tentar permanecer vivo pelo maior tempo possível.”
Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Wade Watts sabe bem disso, afinal, sua geração já nesceu em meio ao auge do OASIS e, assim, não sabe o que é uma vida sem o OASIS. Com seu jeito nerd e introspectivo, a melhor coisa que lhe aconteceu foi poder ter aulas na própria escola virtual da OASIS. Isso e a Caçada. Ele agora tem um foco, um objetivo de vida.

Quando o criador do OASIS, Halliday, faleceu, não havia herdeiro. Assim, a solução que ele deu foi criar um desafio, um jogo dentro do OASIS em que o vencedor levaria como prêmio a sua fortuna e o controle majoritário das ações da GSS, empresa que controla a OASIS. A única dica é: conhecer as obsessões de Halliday sobre os anos 1980 pode te ajudar nessa jornada.

“Você nasceu em um momento bem cagado da história. E parece que as coisas só vão piorar a partir daqui. A civilização humana está em ‘declínio’. Algumas pessoas dizem que está em ‘colapso’.”
“Fiquei observando o sol nascer e fiz um ritual mental: sempre que via o sol, eu me lembrava de que estava olhando para uma estrela. Uma entre as mais de cem bilhões de estrelas da nossa galáxia. Uma galáxia que era só uma de bilhões de outras galáxias no universo observável. Isso me ajudava a manter as coisas em perspectiva.”
“Quanto mais em aprendia sobre a vida de Halliday, mais eu o idolatrava. Ele era um deus para os geeks, uma deidade nerd no nível de Gygax, Garriot e Wozniak.”
Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

O detalhe é que o furor logo passou, já tem cinco anos que não surge sequer um nome no placar e a busca pelo ovo que daria direito ao prêmio parece, na verdade, uma lenda urbana. Claro que ainda existem vários covos (caçadores do ovo), como Wade, que se mantém fieis à busca. Mas não apenas eles, há muita grana em jogo (literalmente) e a principal empresa de tecnologia concorrente à GSS, a IOI, também quer o prêmio. E ela está disposta a fazer qualquer coisa para consegui-lo. Especialmente agora que surgiu um nome no placar.

Agora que seus óculos foram devidamente ajustados e as luvas calibradas, você está pronto para a imersão nos anos 1980. Claro, com direito à uma tecnologia que ninguém imaginava na época, mas é graças à ela que você terá acesso a todos os livros, filmes, séries e músicas dos anos mais nostálgicos de todos os tempos.

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.
“No OASIS, dava para se tornar quem e o que se quisesse ser, sem nunca revelar sua identidade verdadeira, porque o anonimato era garantido.”
“O novo projeto da GSS foi um imenso sucesso desde o primeiro dia. As pessoas sonhavam com algo como o OASIS havia décadas. A ‘realidade virtual’ que lhes fora prometida por tanto tempo enfim existia, e era ainda melhor do que tinham imaginado. O OASIS era uma utopia on-line, um holodeque doméstico. E a melhor parte? Era de graça.”
“Mesmo no auge de uma crise econômica duradoura, o OASIS permitiu que os americanos continuassem com seu passatempo favorito: comprar.”
Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Com direito à menções de nomes já tão conhecidos como as sagas Star Wars, Senhor dos Anéis, Indiana Jones, filmes do John Hughs, músicas que ainda ressoam nos dias de hoje (seja 2021 ou mais vinte anos depois disso), o mundo que se estende à sua frente tem dois lados: o que costumamos chamar de real e que está uma droga, numa definição muito sutil. Guerras, crise econômica e política. Recessão. Desemprego como nunca visto antes e pessoas morrendo de fome a todo instante. Crise de combustível, crise de moradia, crise, crise, crise. O mundo está um caos.

Mas como você, as pessoas ainda tem uma saída, o outro lado: colocar seu equipamento de imersão e fugir da realidade. Para uma bem melhor, que você pode acessar de graça, ainda que tenha que pagar para ir de um planeta a outro. O que mais importa é que lá, tudo funciona como deveria e, especialmente, você pode ser quem quiser.

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.
“Foi o início de uma nova era, uma em que a maioria da raça humana agora passava todo seu tempo livre dentro de um videogame.”
“É impressionante quanta pesquisa dá para fazer quando você não tem vida pessoal nenhuma. Doze horas por dia, sete dias por semana: é bastante tempo para estudar.”
“‘O OASIS se tornou uma prisão auto imposta para a humanidade’, escreveu. ‘Um lugar agradável para o mundo se esconder de seus problemas enquanto a civilização humana entra em colapso gradual, principalmente por negligência.'”
Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.

Quando a Caçada retorna aos holofotes, tudo que é rachadura do mundo se destaca com maior nitidez e assim, a narrativa de Ernest Cline, que nos leva pelas páginas de maneira ágil, divertida e, claro, nostálgica, mostra um futuro não tão distante da nossa realidade. E é assustador pensar em como isso soa verdadeiro não apenas em relação ao mundo real, com a degradação do meio ambiente cada vez mais caótica, com a humanidade sendo perdida a cada boca sem alimento. Mas também, quando se pensa na relação de escape e entrega que existe com o mundo virtual.

O paralelo traçado em Jogador Número Um, entrelaçado aos uns e zeros, aos pixels de alta definição e às peças de museu como o Atari, são tão bem demonstradas, ainda que a história seja divertida e que seja impossível chegar a fase final e não se perguntar o que nos espera daqui a alguns anos. Talvez com outro nome, quem sabe outra roupagem, mas no geral, os avanços que vínhamos desejando ou que nem imaginávamos ser possíveis nos são apresentados de uma só vez.

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.
“Você não vive no mundo real, Z. Pelo que me contou, nunca viveu. Você é que nem eu. Vive dentro dessa ilusão. – Ela fez um gesto indicando nosso ambiente virtual. – Você não tem como saber o que é o amor de verdade.”
“O capitalismo avançava sem que eu jamais tivesse que interagir com outro ser humano. O que era exatamente como eu gostava, muito obrigado.”
“A hora seguinte à que eu acordava era a pior parte do meu dia, porque era a que eu passava no mundo real. Era quando lidava com a necessidade tediosa de limpar e exercitar meu corpo físico. Odiava aquela parte do dia porque tudo nela contradizia minha outra vida. Minha vida de verdade, no OASIS. Enxergar meu minúsculo apartamento, meu equipamento de imersão, meu reflexo no espelho… Tudo isso me lembrava de que o mundo em que passava meus dias não era, na verdade, real.”

Além da jornada de Wade, ótimos personagens são apresentados na história com os outros covos: Art3mis, Aech, Daito, Shoto e, também, através dos representante da IOI, em especial, com a figura de Sorrento. Além disso, mesmo sendo Wade quem conta a história, é possível conhecer esses personagens, imaginá-los na realidade e torcer para que tudo dê certo.

Mesmo com o foco em personagens adolescentes (Wade tem dezessete para dezoito anos durante a história), o drama adolescente não é o foco, mas dá para contar com uma boa dose de hormônios, primeiro amor e descobertas. Além disso, é interessante ver esses futuros jovens imersos na cultura dos anos 1980 e em como eles se transformam em nerds-mestres-obsessivos-dicionários-ambulantes. Diga uma música, e eles não saberão apenas a letra, mas também o cantor, compositor, o disco em que foi lançada, o ano e a gravadora. Diga o filme e repetirão os diálogos, a série e saberão todas as cenas e nomes dos episódios. O jogo de videogame e lhe dirão quantas vezes já zeraram.

“Então parei e encarei meu equipamento de imersão de última geração por um momento. Fiquei tão orgulhoso quando comprei tudo aquilo. Mas nos últimos meses passei a ver meu equipamento como o que de fato era: uma geringonça elaborada para enganar meus sentidos, para me permitir viver em um mundo que não existia. Cada componente era uma barra na cela em que eu me aprisionara por livre e espontânea vontade.”
“Na vida real, eu não passava de um ermitão antissocial. Um recluso. Um nerd pálido e obcecado por cultura pop. Um solitário agorafóbico, sem amigos, familiares nem qualquer contato humano genuíno. Era só outra alma, perdida, sozinha e tristonha, desperdiçando a vida em um badalado videogame.”
“Você sabe que estragou sua vida quando seu mundo inteiro é destruído e a única pessoa com quem pode conversar é seu software de assistente pessoal.”

A leitura foi uma surpresa e uma que devorei. Depois que se começa, a narrativa de Wade, digo, Ernest Cline te conduz de forma que você não se vê querendo dar pausa durante uma fase ou outra, é como se tivesse entrado na OASIS ou jogasse uma partida de videogame antigo que não dava para salvar o progresso para continuar depois.

Além de torcer para conseguir passar a última fase, você vai se ver pesquisando uma ou outra música que não conhece, um ou outro filme que surgiu e terminará a leitura com uma bela lista de recomendações de filmes, seriados e videogames para conhecer. Aliás, também com uma playlist para lá de recheada! Fora que, qualquer um que cite Highlander como um clássico, eu já o tenho em alta estima. E estou prontíssima para me aventurar em Jogador Número Dois, inclusive!

Coloque o visor e calce suas luvas. Diga sua frase-passe. Bem-vindo, você está em OASIS! O mundo está ao seu dispor, experimente viajar pelos milhares de planetas. Mas não se esqueça que, caso perca sua vida em algum deles, será Game Over. Boa Caçada!

Resenha do livro Jogador Número Um de Ernest Cline, publicado em edição especial em capa dura pela Intrínseca, em 2021.
“Como qualquer videogame clássico, a Caçada só alcançara uma nova fase, mais difícil. E muitas vezes novas fases exigiam estratégias inéditas.”
“… por mais assustadora e dolorosa que a realidade possa ser, também é o único lugar em que podemos encontrar a felicidade verdadeira. Porque a realidade é real.”

Aleatoriedades

Jogador Número Um foi recebido em parceria com a Editora Intrínseca.

Jogador Número Um foi adaptado para filme com direção de Steven Spielberg em 2018 e que teve boa aceitação geral do público e dos fãs da obra de Ernest Cline. Para quem quiser conferir, ele está disponível na Apple TV e também no Google Play.

Por último, as dicas da vez foram escolhidas para os fãs da década de 1980: os livros da série Stranger Things: Raízes do Mal e Cidade nas Trevas. E se curte um terror também, segue de VHS: verdadeiras histórias de sangue do Cesar Bravo que não tem erro!

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Retipatia
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  • Angela Cunha

    Mesmo não entendendo nadinha desse universo dos games, admito que essa nova edição da Intrínseca tem me tirado o sono rs
    Aliás, duas vezes, pois os dois livros voltaram belíssimos demais nesses jogos de cores!
    Eu vi a adaptação há um tempo e na época gostei muito.
    Com toda certeza do mundo, quero muito gastar meu game over nesses livros!
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na Flor

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