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Lady Killer ♥ Joëlle Jones & Jamie S. Rich

Resenha da HQ Lady Killer de Joëlle Jones & Jamie S. Rich - DarkSide Books.

Lady Killer é Josie Schuller, uma esposa dedicada, dona de casa exemplar e uma mãe amorosa. Mas não apenas isso… ela é também uma assassina de aluguel! Essa a história que nos aguarda no primeiro volume da HQ de Joëlle Jones & Jamie S. Rich.

Lady Killer
Joëlle Jones & Jamie S. Rich & Laura Allred
Tradução Raquel Moritz
DarkSide Books
2019 | 144 páginas
Disponível em Amazon
Resenha da HQ Lady Killer de Joëlle Jones & Jamie S. Rich - DarkSide Books.
Sobre Joëlle Jones & Jamie S. Rich

Joëlle Jones é quadrinista e atualmente trabalha e reside em Los Angeles, nos EUA. Ela já contribuiu com uma grande variedade de projetos; só na DC Comics, ela tem no currículo personagens eternos como Mulher-Gato, Batman e Supergirl. Artista indicada para o Eisner Award, Jones já emprestou seu talento para a Prada e projetos da Marvel, Vertigo e The New York Times.

Jamie S. Rich é escritor e editor. Recebeu um Eisner Award em 2017 como membro da equipe editorial da antologia Love is Love. Mas é mais conhecido por suas colaborações nas graphic novels Lady Killer, 12 Reasons Why I Love Her e You Have Killed Me. Atualmente, é o editor responsável por Batman, Mulher-Maravilha e Lanterna Verde na DC Comics.

Sinopse de Lady Killer

Josie Schuller é uma esposa dedicada, uma mãe amorosa e… uma assassina de aluguel. Ela é capaz de equilibrar os deveres de uma típica dona de casa norte-americana dos anos 1960 com uma porção de assassinatos a sangue-frio. Até que um pequeno deslize faz com que seu chefe ameace aposentá-la de vez.

O quadrinho nos apresenta uma heroína independente e corajosa que vive em um dos momentos mais transformadores da história norte-americana: a segunda onda do feminismo. Um período de atividade em prol dos direitos das mulheres que começou nos Estados Unidos e se espalhou por diversos outros países. E que fomentou discussões de conscientização do uso de métodos anticoncepcionais e o combate à violência física e ao assédio sexual no lar e no ambiente de trabalho.

Lady Killer mescla ação, morbidez, sangue e humor. Seus diálogos ironizam muito do que se pensava sobre as mulheres na época, dentro e fora de casa. Ninguém faz ideia de que Josie leva uma vida dupla: seus vizinhos acham que ela é um doce de pessoa. E, bem, ela é. Exceto quando está em uma missão. O Sonho Americano de Josie e sua família está em perigo, mas será que isso é um problema tão grande assim?

A arte de Joelle Jones é um assombro à parte, carregada de uma paleta de cores clássica, respingos e traços fortes. Seu estilo é perfeito para as cenas de ação e também para o slice of life em que vemos Josie cuidando das filhas com seus vestidos acinturados e saltos altos.

Resenha da HQ Lady Killer de Joëlle Jones & Jamie S. Rich - DarkSide Books.
Lady Killer
É melhor tomar cuidado ou o sangue pode respingar em você!

Lady Killer é uma HQ lançada em 2019 pela DarkSide Books, do selo DarkSide Graphic Novel em uma edição matadora, como a obra pede: capa dura, luva, cores marcantes, design incrível e alta qualidade de impressão e gramatura do papel. Para leitor algum colocar defeito.

Edição à parte, o conteúdo é ainda mais matador: em Lady Killer conhecemos Josie Schuller, a típica dedicada dona de casa, esposa e mãe dos anos 60, que tem que lidar com seus afazeres e, claro, estar sempre impecável ao fim do dia.

O detalhe é que isso não resume Josie, ela também é uma assassina de aluguel. Uma muito boa, inclusive.

Lady Killer: o primeiro volume e a introdução da personagem

Nessa primeira história conhecemos sua rotina entre cuidar da casa, das filhas, do marido, (suportar) a sogra e ainda ter tempo para realizar algumas tarefas não tão ortodoxas assim.

Com essa rotina, ela ainda tem que lidar com os percalços de ser uma mulher em um ramo que a considera inferior e menos capaz. E, ao mesmo tempo, com as críticas sobre sua escolha em ter uma família, tida como dispensável e um empecilho para seu foco no trabalho pelos seus superiores (todos homens, é claro).

As coisas saem de controle quando o manda chuva decide que Josie é um perigo e que deve ser eliminada. Bem, talvez ele devesse repensar o que é realmente um perigo: ter Josie do seu lado ou contra?

Lady Killer: críticas expressadas do roteiro às ilustrações e cores da HQ

A história da HQ vai bem além de ilustrações fantásticas da também roteirista Joëlle Jones, feita em parceria com Jamie S. Rich, que são não apenas lindas de apreciar, mas retratam bem os elementos da época e não economiza no sangue e cenas violentas, com cores incríveis dadas por Laura Allred. Invariavelmente, a história vai funcionar como críticas fortes ao machismo, patriarcado, e a escolha foi de uma época marcante para tanto: a ascensão do feminismo da década de 60 (tido por alguns como o feminismo contemporâneo).

É incrível como as críticas são veladas, não escrachadas nas conversas e imagens da história e, ainda assim, capazes de passar mensagens poderosas. O duplo sentido, sem dúvidas, é totalmente proposital.

Lady Killer: a mulher dos anos 60 nas relações de trabalho, sociais e domésticas

Alguns dos pontos mais interessantes na história de Josie é perceber como as relações que ela possui são abordadas. Em relação ao seu marido e a clara concepção de dona de casa superficial que ele tem dela. Às filhas, que creem na mãe amorosa sem ressalvas em contraste à desconfiança de sua sogra, que a trata como se fosse uma esposa e mulher medíocre.

E, claro, de outro lado, temos as relações com o seu trabalho: o seu chefe imediato, que acredita em seu potencial, até certo ponto, é claro, Josie é tão boa quanto uma mulher pode ser. E também em relação ao cabeça de tudo, que a vê como uma pedra no sapato, mas que não admite que a quer eliminada exatamente porque ela é uma mulher e é boa demais. Isso causa medo, é claro. Nenhuma surpresa nesse aspecto.

Resenha da HQ Lady Killer de Joëlle Jones & Jamie S. Rich - DarkSide Books.

Sem dúvidas Lady Killer é uma HQ repleta de sangue, violência e jantares servidos pontualmente à família, sem descer do salto ou atrapalhar o penteado, é claro. E, especialmente, é uma obra violentamente crítica (vale o duplo sentido aqui) e que qualquer leitor irá achar inquietante e indispensável. É impossível não devorar todas as páginas depois de iniciada a leitura!

Resenha da HQ Lady Killer de Joëlle Jones & Jamie S. Rich - DarkSide Books.
Aleatoriedades
  • Lady Killer, essa HQ maravilhosa da DarkSide Books, foi recebido em parceria com o Resenhando por Marina.
  • As ideias para as fotos vieram logo que vi essa capa, mas a execução foi um tanto quanto mais complicada do que eu pretendia… pra completar, ainda tive que fazer as fotos num dia nublado e a claridade não ajudou muito… mas no fim gostei das fotos, apesar de ter certeza que poderiam ser melhores… ahaha
  • Tori Telfer, autora de Lady Killers, fez a introdução da HQ. Eu diria que ela tem um pouco de spoilers (assim como a sinopse, cortei algumas partes pra colocar aqui), mas achei uma ótima colocação o texto, vale ler (se preferir, depois de ler a história). O livro Lady Killers é um compêndio sobre assassinas em série ao longo da história e é outro livro incrível e visceral publicado pela DarkSide Books.
  • No fim da edição ainda somos agraciados com ilustrações que remetem às propagandas da década de 60 em versões salpicadas de humor negro, bem do jeito que eu adoro! ahaha Zero defeitos essa HQ!
  • Para quem curte histórias de mulheres revolucionárias, fora do status quo, recomendo a leitura de O Infame Clube Vitoriano das Mulheres Livres, uma antologia da Editora Wish!

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Retipatia
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