Caixa de Pássaros
Josh Malerman
“Num mundo onde não podemos abrir os olhos, uma venda não é tudo que temos para nos defender?”
Sobre o Autor
Josh Malerman é um autor americano e o vocalista da banda de rock High Strung. Atualmente vive em Ferndale, Michigan. Malerman primeiro começou a escrever enquanto na quinta série, onde ele começou a escrever sobre um cão que viaja no espaço. Desde então, ele já escreveu vários romances inéditos e seu romance de estréia Bird Box (Caixa de Pássaro) foi publicado no Reino Unido e nos Estados Unidos em 2014 e muito aclamado pela crítica.
Sinopse
Caixa de Pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.
Caixa de Pássaros
Abrir os olhos pode ser bem mais do que seu pior pesadelo, pode ser seu fim… Do título à sinopse, Caixa de Pássaros desperta a curiosidade. O que seria esta caixa, uma espécie de gaiola? O que seria esse surto, por que acontece? O que exatamente as pessoas vêem que as deixa dessa maneira?
A frase que encabeça a capa do livro foi levada ao pé da letra, ‘Um livro que deve ser lido de uma só vez.‘. E, madrugada adentro, fechei os olhos e trilhei página a página, presa pelo drama, surpresa, medo e curiosidade que era pintada a cada capítulo.
“Será que há um momento em que as nuvens do céu passam a existir apenas em suas mentes e o único lugar onde os filhos se sentirão à vontade será atrás do tecido negro das vendas?”
Por algumas características do próprio enredo, é o tipo de leitura que classifico como ‘ame ou odeie‘, já que, para quem gosta de ver respostas e explicações detalhadas, esse livro pode ser decepcionante. Para mim, que geralmente gosto de ter respostas, não foi um problema durante e após a leitura e, mais, foi um toque que deixou a obra mais intrigante e do tipo que me rende horas e horas de discussão.
“Você está salvando a vida deles para que tenham uma vida que não vale a pena.”
Intercalando duas linhas temporais, o autor exerceu um trabalho tão primoroso que, mesmo indo e voltando no tempo, não deixou espaço para dúvidas quando se estava acompanhando os personagens de determinado arco narrativo.
De um lado, temos o começo do surto, desde os momentos céticos até o desespero de se lutar contra o invisível. Ou àquilo que não se deve ver. E, seguindo a trajetória da jovem Malorie, passamos pelas descobertas e readaptações, temores e surpresas que a nova vida estabelece. É quando surgem outras figuras em sua vida, como Tom, Don, Olympia, Jules e tantos outros personagens secundários que, apesar de não serem o foco narrativo, são bem apresentados, construídos e mostram que cada ser exerce seu papel no meio em que está inserido.
“Existe uma teoria bem disseminada segundo a qual, seja lá qual for ‘o Problema’, ele sem dúvida começa quando uma pessoa vê alguma coisa.”
De outro, temos Malorie e seus dois filhos de apenas quatro anos de idade. Não as típicas crianças que estamos acostumados, mas duas que nasceram em meio ao surto, ao mundo de olhos fechados e medo do que há do lado de fora. Há uma chance de salvá-los, descer 32 quilômetros no rio. Vendados, é claro. Qualquer deslize pode significar a morte. E há a certeza de que não estão sozinhos no trajeto.
“É um blecaute, pensa Malorie. O mundo, o exterior, está sendo desligado.
Ninguém tem respostas. Ninguém sabe o que está acontecendo. As pessoas estão vendo alguma coisa que as leva a machucar os outros. A machucar a si mesmas.”
Nesse vai e vem, em ambas as linhas narrativas, a ansiedade toma conta, são desfechos imprevisíveis, situações aterradoras e, apesar de algumas certezas, tudo parece prestes a desmoronar com um simples abrir de pálpebras. O autor constrói uma narrativa intensa, em que o enredo não cai em marasmo ou situações armadas apenas para render a história. Os detalhes que se passam vão se encaixando à medida que a trama desenvolve e, de uma maneira que pode conquistar ou não os leitores, dá muitas mais sugestões e especulações do que, de fato, respostas.
“O tremor em sua voz a assusta. Instintivamente, ela baixa a cabeça e ergue a mão com as maçãs para se proteger, como se algo estivesse prestes a tocar seu rosto. Ela dá um passo. Depois outro. Por fim, alcança a caixa. Às vezes, ela diz a Felix, a caminhada entre a porta da frente e a caixa é como flutuar no espaço sideral. Sem corda de segurança.”
Uma das partes mais brilhantes do livro é exatamente a que versa sobre a natureza humana. Nada que recorra à citações de filósofos difíceis de se compreender, mas a que está descrita nas entrelinhas, que mostra o cerne do ser humano diante de situações de risco. A que fala de (in)sanidade, de desespero, de força, coragem e capacidade de adaptação. Sem dúvidas, acredito ser bem mais um livro de perguntas sobre tudo isso, a forma utilizada, foi o viés do suspense e do thriller, que impacta e, por vezes, maquia o centro do que está ocorrendo dentro da caixa.
“Ela imagina a casa como se fosse uma grande caixa. Quer sair daquela caixa. Tom e Jules, mesmo do lado de fora, ainda estão naquela caixa. O planeta inteiro está trancado nela. O mundo está confinado à mesma caixa de papelão que abriga os pássaros do lado de fora. Malorie entende que Tom está procurando uma maneira de abrir a tampa. Busca uma saída. Mas ela se pergunta se não há outra tampa acima daquela, e depois mais uma.”
Afinal de contas, o que vale mais é estar dentro dela ou do lado de fora, é poder viver ou ver? Até que ponto a privação de um sentido, o medo, pode nos levar? A simbologia da visão, do abrir (ou não) de olhos, de estar dentro da caixa, tudo tem uma conotação que vai bem além do medo e das criaturas que rodeiam a humanidade e causam os surtos.
O leitor, preso na caixa de pássaros, não vê o que está ao seu redor, tudo que importa são as palavras impressas no papel. Talvez seja uma boa, já que um simples olhar pela janela pode significar o fim de sua vida.
Aleatoriedades
- Caixa de Pássaros ganhou filme pela Netflix, que estreia hoje, dia 21 de dezembro. A história promete muitos desafios quando se tem em mente o que o temos no livro e a forma de abordagem, já que o leitor se vê submetido à cegueira de quem fecha os olhos na história. A curiosidade anda a mil para conferir a adaptação, que conta com a Sandra Bullock no papel principal de Malorie.
- Talvez seja impossível para alguns ler o ou sobre o livro e não pensar em Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Claro que as circunstâncias não são as mesmas, no livro de Saramago, que também conta com adaptação para o cinema com Julianne Moore e Mark Ruffalo no elenco, as pessoas ficam inesperadamente cegas e o caos é a única certeza que recobre toda a humanidade. Ainda assim, há um quê de similaridade na avaliação do comportamento humano. Não falo em questão de escrita e construção de histórias porque não li o livro de Saramago, por enquanto, apenas conheço o filme. E é claro que esse divagar me fez querer lê-lo…
- Essa sessão de fotos foi das mais difíceis. Pensei em várias composições para o livro e não ficava satisfeita com nenhuma, resolvi fazer assim, vendada e, garanto, não via nada através do tecido que usei e quem olhasse de fora acharia hilário, mas é super difícil!
Que a Força esteja com vocês!
Ouvindo:Assistindo Brooklin Nine-Nine
Lunna
Boa noite cara mia, a noite é longa e vai longe… li e li e li e senti falta da gaiola, nas fotos… e lembrei de vários livros-filmes enquanto lia. Saramago foi um deles… o ensaio sobre a cegueira e a famosa cena em que os cegos andam pelas ruas, guiados pela única que não foi tocada pela doença. Pensei também em minha personagem que de tanto viver em uma cidade pequena, quando está longe, quer voltar. Alexandra Mendes é uma menina que sonha com o mundo, mas como lhe dizem em determinado momento: com qual mundo sonha? Recordei cenas de Apnéia, editado recentemente em que a personagem mergulha no ralo-caos para tentar se acertar consigo. É para dentro que ela vai…
Enfim, são sempre as tais questões humanas e tramas que são teias-fios que se puxar, desarruma tudo, mas será que dá certo tentar arrumar? rs
Gosto de perguntas, nem tanto das respostas.
bacio
Luana Souza
Que fotos lindas! Li esse livro em 2016 e foi um dos livros que mais me deixou angustiada até hoje. Lembro-me de um capítulo “do passado” onde a protagonista questiona se as coisas estão rondando a casa. Eu estava lendo de noite, e comecei a olhar pra janela haha.
Assisti ao filme ontem, e acho que ele não conseguiu captar toda a angústia do livro. Mas dá pra relvar porque é uma adaptação, e ficou ótimo. Eu adorei os questionamentos que eles fazem sobre o que está acontecendo, e envolvem até algo meio religioso que faz sentido.
Ainda tenho que comprar o meu próprio livro porque eu li emprestada.
Adorei a resenha, moça *-*
Kimberly Camfield
Oi Rê, tudo? Eu não li o livro, mas assisti o filme e adorei. Uma coisa que me chamou atenção no final da sua resenha é saber que no livro o leitor se vê submetido à cegueira dos personagens, coisa que no filme não acontece, apesar ser também angustiante assistir. E apesar de ter certeza que deve ser um livro incrível, só pela resenha, confesso que não leria. Já tive minha cota de livros de suspense que causam esse desconforto e angústia (principalmente com o stephen king) que agora tô só nos romances leves hahah
Ah ,e as fotos tão lindas!
Beijão
Patricia Monteiro
Esse livro deve ser muito impactante realmente, só vejo críticas positivas. Estou louca pra ver o filme, a sinopse me chamou a atenção e tenho certeza que vou ficar vidrada na tela. Pela angústia que a leitura provoca não sei se teria vontade de ler, no momento prefiro ficar só com a adoração cinematográfica mesmo. E que fotos, hein? Parabéns, ficaram ótimas!
Isabelle Brum e Silva
Olá!
Quando li esse livro pela primeira vez em 2015 fiquei bem “em choque” com a história. Aí reli-o no ano passado e o “choque” foi o mesmo (assim como quando assisti a adaptação da Netflix na última sexta-feira). É um livro/filme impactante, que dá uma agonia danada mesmo quando já sabemos o que vai acontecer (e achei que o filme soube transmitir bem isso), e acho que essa agonia toda se deve ao fato de não sabermos, como os personagens da história, o que são as tais criaturas O.O
Anyway, parabéns pela resenha e pelas fotos, que ficaram ótimas!
Ps.: agora você comentando sobre “Ensaio sobre a cegueira”, realmente tem suas semelhanças com o livro e o filme, embora cada um tenha uma pegada diferente.
Beijinhos, boas leituras e desde já, Feliz Natal!
Isabelle
https://livrosgatoscafe.wordpress.com/
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Juliana Sales
Li esse livro deve ter uns dois anos e a história é tão marcante que vira e mexe me pego pensando nela. É intrigante demais imaginar um mundo onde abrir os olhos é sinônimo de morte certa. Nem consigo mensurar o quão difícil deve ser essa situação. E o livro realmente te prende do começo ao fim, também li praticamente de uma vez só, porque não conseguia largar. O fato de trabalhar com duas linhas do tempo nos prende duplamente porque queremos saber como a situação chegou naquele ponto e também quais serão as consequências se eles resolverem sair. O final, que muita gente criticou, me agradou bastante, acho que faz parte do contexto do livro, por assim dizer. Como você, gosto desse finais em aberto, sem muitas explicações detalhadas, que permitem discussões e mais discussões. Estou bem curiosa para ver o filme, quero ver se consigo assistir antes do fim do ano. Tenho certo receio de não conseguirem trazer para o filme toda a atmosfera tensa e angustiante do livro, mas assistirei para ver como é. Ah, e adorei as fotos, como sempre.
Cilene Mansini
Eu li o livro e amei…o final foi um pouco impactante/decepcionante no primeiro momento, mas depois parando para pensar e digerir achei que foi sensacional.
Comecei a ver o filme ontem na Netflix e não terminei, não teve sobre mim, o mesmo impacto que teve o livro, mas com certeza irei assistir até o final em outro momento.
Ale Helga
Como sempre as fotos arrasaram!
Já li o livro e gostei bastante…
Abraços
Retipatia
Obrigada Ale!
xoxo
Fê Akemi
Oiee!!
Eu já li e esse foi uma das leituras mais angustiantes do ano passado. Difícil imaginar viver em uma situação dessa, ainda mais sem saber o que ocorre.
O final foi um pouco decepcionante para mim, embora depois eu tenha analisado mais a respeito dos significados, mas senti um vazio.
Já assisti o filme também.
As fotos ficaram fantásticas!!
bjs
Fernanda
Tá Lendo
Realmente ou ama ou odeia…Eu gosto de finais, de certezas e o desfeixo me deixou incompleta, mesmo, assim foi uma boa leitura!
Abraços
Ana Claudia Soriano de Angelo
Olha, eu precisava passar por aqui, até mesmo pelo fato de ver sua foto em uma das sua redes sociais e amei!
Muito boa sua comparação ou recordação com a obra “Ensaio sobre a Cegueira”, de Saramago.
Sobre o filme, assisti duas vezes, até mesmo antes de concluir a leitura! Gostei tanto quanto! Quando pensava em mencionar que não gostei da história contada no livro, fazia uma análise sobre pontos que foram bem detalhados.
Resenha mara, viu?!
Beijos!!!
Ban
Oiii, adorei a resenha! Bird Box tá virando uma febre no mundo todo! Não sabia que tinha um livro desse filme. Esses dias eu havia encontrado um na livraria da minha cidade, mas nã oquis muito porque eu odeio ler livros que são “modinha” tipo Harry Potter e 13 Reasons Why kkkkkkkkk
Amanda Rocha da Silva
Oi Rê! Tudo bem?
Adorei saber mais sobre o autor e as curiosidades em especial.
Não fazia ideia que ele era vocalista de uma banda.
Ainda não li o livro mas assisti ao filme, mas como sei que adaptações cortam e mudam muitos detalhes, pretendo ler o livro mais a frente também. Adoro enredo instigantes e pela sua resenha pude perceber que é bem o tipo de livro que em agrada.
Ah, adorei os quotes escolhidos! Me deixou ainda mais curiosa.
Beijos!