Dizem que dar adeus é das tarefas mais difíceis da vida. Na verdade, o que torna tudo complicado é exatamente quando não se é possível dizer adeus. Ainda mais quando este é…
O Último Adeus
Cynthia Hand
Dark Side Books
“sugeriu que eu escrevesse um diário: para colocar tudo para fora, como antigamente, quando os médicos sangravam seus pacientes para drenar os venenos misteriosos. O que quase sempre acabava matando-os, apesar das boas intenções dos médicos, devo dizer.”
Sobre a Autora
Cynthia Hand é a autora da trilogia Sobrenatural, incluída na lista de best-sellers do New York Times. Nascida no sudeste de Idaho, ela é formada em escrita criativa na Boise State University e na Universidade de Nebraksa-Lincoln. Nos últimos sete anos, lecionou redação na Pepperdine University no sul da Califórnia. Ela e a família recentemente se mudaram de volta para Idaho, onde estão curtindo o ar fresco.
Sinopse
O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz.
O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante.
O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.
O Último Adeus
Alexis tinha planos exatos, que incluía entrar no MIT para cursar a faculdade de Matemática. Simples, exato, como tudo o mais em sua cabeça que vê a perfeição em cada algarismo.
“Mas a página em branco boceja para mim. A caneta não parece natural na minha mão. É muito mais pesada do que o lápis. Permanente. Não existem borrachas na vida.
Eu riscaria tudo e começaria de novo.”
A variável que não estava nos seus planos, contudo, acabou de acontecer e Lex sabe que não é mais a mesma. Ninguém é. Nem sua mãe, nem seu pai, seus amigos ou seu agora ex-namorado. Nem seu irmão Ty, que cometeu suicídio.
“A noite tem sido uma sucessão de corpos em estados variados de decomposição, um após o outro.”
O mundo desmorona à sua volta, muito além do que ela consegue expressar nas sessões semanais de terapia que precisa frequentar. O silêncio entre ela e seu pai aumenta, aquele que surgira logo após o divórcio. Sua mãe quando não está no trabalho, está envolta em uma poça de lágrimas e taças de vinho. Seus amigos, bem, ela ainda os considera seus amigos, mas tudo está estranho demais.
“’Você está parecendo a equação Euler’, murmurou ele, olhando para mim de cima a baixo.
Tradução nerd: dizem que a equação de Euler é a fórmula mais perfeita já feita. Simples mas elegante. Bonita.”
O que realmente a sufoca é o segredo. Aquele que ela sabe que não pode contar a ninguém. Nem ao seu psicólogo Dave, ou a qualquer um dos amigos distantes, à sua mãe ou pai. Talvez nem mesmo escrever no diário que precisou começar, já que Dave acredita que ela precisa colocar seus sentimentos para fora, de alguma maneira. Se não fosse esse segredo, talvez tudo fosse diferente. Ou fosse exatamente do modo como era antes e a antiga Alexis ainda estivesse viva. E Ty. Ou pelo menos é nisso que ela acredita.
“Eu não sabia aproveitar aquele momento na pista, entender como ele era bonito e raro, frágil, efêmero, quando Ty estava feliz. Quando estávamos todos felizes, e estávamos juntos, e estávamos seguros.”
E acreditamos com ela, torcemos a todo instante ter a mão um vira-tempo, girar três vezes e voltar ao momento exato em que a vida dela se desmantelou. Ao momento em que Ty escolheu para puxar o gatilho.
“Queria contar a Dave aquele segredinho irônico: que eu sei que tenho que sentir dor pelo meu irmão – pesar, dor, o que você quiser chamar – que eu até quero senti-la, mas não sinto. Fora desses momentos com o buraco, não sinto nada.”
Isso porque Lexis nos leva até seus pensamentos, seus sentimentos confusos e, muitas vezes, traiçoeiros. Ela tem um vazio, sabe que, naquele dia, parte dela também morreu. Aquela garota morreu. E tudo que tem agora são os números e suas sequências perfeitas. Só que, sempre que se depara com o que houve, ela volta à estava zero: um problema sem solução.
“’As melhores coisas são assim, Lex, as mais lindas. Parte da beleza vem do fato de elas viverem pouco’. Ele pegou um buquê de rosas bem vermelhas, e as entregou a mim. ‘Estas flores nunca mais serão tão lindas assim, por isso temos que apreciá-las agora.’”
Ao longo das páginas de O Último Adeus, vamos conhecendo mais Lex, sua família e traços de quem foi seu irmão. Os pedaços dele que ela se recorda e os fragmentos que encontra a medida que busca por respostas. As cores de amarelo que tomam os dias de todos que foram afetados pela morte de Ty.
“Na primeira semana, as pessoas se importaram muito. Recebemos tanta comida que algumas quase estragaram antes que pudéssemos dar conta de tudo. […]
Na segunda semana, a maioria delas se foi, e comemos as melhores coisas que elas levaram […]
Na terceira ou quarta semana, retomei um pouco do meu apetite, mas foi quando a comida parou de chegar.
As pessoas seguem sua vida. Ainda que não consigamos seguir com a nossa.”
Dizer que essa é uma história tocante, seria clichê, mas também, verdadeiro. É impossível não refletir sobre a efemeridade da vida, dos sentimentos e pensar nas relações que desenvolvemos diariamente, rotineiramente, automaticamente.
“Essa coisa toda tem me prejudicado, penso. Sou uma tábua exposta à chuva, é impossível me desempenar. Agora sou assim, retorcida.”
Lex nos conta seus dias de maneira pessoal, cheia de referências nerds e adolescentes, como se narrasse ao destinatário de seu diário todos os sentimentos que a afogam. Afogamos com ela e aprendemos também. Que cada segundo é importante e que toda palavra dita, conta.
“Existe morte ao nosso redor. Em todos os lugares para onde olhamos. 1,8 pessoa se mata a cada segundo.
Só não estamos prestando atenção. Até começarmos a notar.”
Muito mais do que um livro sobre perda e superação, O Último Adeus faz o papel da equação Euler, de maneira simples, consegue traçar com perfeição o turbilhão de sentimentos de quem fica. Da dor que fica. Do vazio que fica.
“Isso vai parecer meio lugar-comum, acho, mas nunca se sabe quando vai ser a última vez. Quando você abraça alguém. Que você beija. Que você se despede.”
Uma leitura forte, intensa, ainda assim leve e fluida, capaz de levar cada um a conhecer mais de si e abrir os olhos para aqueles ao nosso redor. O Último Adeus é um livro sobre deixar ser amado, amar, respeitar o tempo de cada um e nunca se esquecer de dizer aquilo sentimos.
“É um baita clichê, a ideia de que ‘o tempo cura todas as feridas’, mas é verdade. Os clichês são clichês por algum motivo…”
Aleatoriedades
- Setembro já é conhecido pela cor amarela. Pelo setembro amarelo. Uma campanha criada para a prevenção do suicídio. O livro pode conter gatilhos, leia apenas se estiver preparado. Se estiver precisando de ajuda, existem vários canais disponíveis, como o CVV – Centro de Valorização da Vida, não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda. Sua vida vale a pena, sempre!
- A edição desse livro é das minhas favoritos da DarkSide Books, é do tipo que diz muito, com bem pouco. A singularidade que é mostrada nos traços, a medida como eles mudam ao longo do livro, é um trabalho que acompanha a evolução da história e representa muito mais do que é possível descrever. Claro que a edição de capa dura está aquele primor, com fita marcador, ilustrações, toda a impressão feita em ‘azul bic’ e folhas amareladas confortáveis para leitura.
- Pensei em um milhão de formas para fazer as fotos desse livro. Mas, acabei optando por uma forma que me remetia à singularidade da edição. Apesar do tempo nublado, que não contribui para a claridade na hora de tirar as fotos, cheguei à conclusão de que estava ok não serem os cliques mais perfeitos, ou como exatamente idealizados. Quase nada na vida o é, afinal de contas..
“Cada dia de vida é uma página nova no livro do tempo. DarkSide Books
Que a Força esteja com vocês!
xoxo
Ouvindo: Stairway to Heaven – Led Zeppelin
Claudia
Oi Rê
Que arraso de post, amei!
Sou louca pelos livros da Dark, ainda mais os da DarkLovers!
Este está na minha lista tbe.
Amei o post, as fotos (sempre belíssimas) e a música escolhida
Beijão
Retipatia
Oi Cláudia!
Ah obrigada, feliz que tenha gostado! A Dark é mesmo maravilhosa e sempre arrasa nas edições e nas escolhas das histórias, sem dúvidas! E tenho uma quedinha por Dark Love, não vou negar… ehehe
Obrigada pela visita!
xoxo
Lunna
Oi Re,
…eu estava a esperar por essa resenha.
Queria saber como seria o seu olhar-sentir a respeito desse livro.
Eu fiquei aqui a pensar quero e não quero.
É o tipo de escrita que eu adoro: confessional.
Mas, ando tão entregue-rendida a Susan Sontag… eu não consigo me libertar das garras que ela cravou em mim. Gosto imenso do estilo, da cartase que ela representa para o cenário literário. É uma mulher e é uma gigante.
Mas gostei dos elementos que percebi nesse livro e, confesso que os gatilhos que mencionou, chamou minha atenção, em especial. Então, creio que terei que ir até a livraria. rs
bacio
Retipatia
Oi Lunna!
Essa leitura tem mesmo esse tom confessional que você citou e acho que vale a pena conhecer, não apenas pelo tom, mas pela ideia, por tudo que passa.
Preciso conhecer Susan Sontag ainda…
Vou aguardar suas impressões sobre O Último Adeus, depois me conta sobre a ida à livraria! rsrsrs
xoxo
Rê
Clayci Oliveira
Eu gostei bastante dessa leitura.
Demorei para conclui-la, mas finalizei satisfeita e com vontade de ler mais livros com o tema.
Retipatia
Oi Clayci!
Essa leitura também mexeu comigo, é o segundo que leio com essa temática e foi uma experiência muito boa!
Obrigada pela visita! <3
xoxo
Tá Lendo
Oi Re, adoro as edições da Dark Side e esse livro esta na minha lista já faz um tempinho, ultimamente estou na fase de romances de época…
Abraços
Retipatia
Oie!
Ah como não amar as edições da DarkSide, não é mesmo?! Mesmo não sendo no estilo, vale a pena dar chance à leitura!
xoxo
Patricia Monteiro
Acho que a diagramação gráfica, com os rabiscos de caneta, representa bem os sentimentos de angústia que um propenso suicida e/ou um depressivo pode guardar dentro de si, ponto pra editora. Sem dúvida é uma história forte, imagino o quanto seja traumatizante passar por essa situação de perda de um ente querido. Uma obra sensível que mexe com nossas emoções mais profundas.
Retipatia
Oi Patricia!
Ah eu amo essa edição de um tamanho sem igual. Quando vi o lançamento do livro procurei se a edição original tinha esse estilo, mas é uma capa super comum. A DarkSide pegou a essência da história e trabalhou em detalhes com a caneta, os rabiscos e tudo mais, da forma como você falou!
Sem dúvidas um livro pra mexer com todo mundo! <3
Obrigada pela visita!
xoxo
Fernanda Pedotte
Que resenha linda!
Essa é a primeira que leio desse livro e puder perceber o quanto é uma leitura forte e emocionante.
E para refletir também. Quero ler!
Amei as fotos!
bjs
Fernanda
Retipatia
Oi Fernanda!
Ah obrigada, feliz que tenha gostado! Sem dúvidas a leitura é mesmo forte e emocionante, vale a pena conhecer! <3
Obrigada pela visita!
xoxo
Isabelle Brum
Olá!
Já tinha ouvido falar desse livro, porém apenas superficialmente; por isso me surpreendi bastante ao ler a sua resenha e fiquei com vontade de ler agora – apesar do tema um tanto pesado (e talvez justamente por isso). Vai já pra lista de leituras futuras!
Parabéns pela resenha.
Beijinhos e bom fim de semana
Isabelle – https://livrosgatoscafe.wordpress.com/
Retipatia
Oi Isabelle!
Ah feliz que a resenha te deu um norte melhor do que trata o livro! Realmente não é um tema fácil, mas sem dúvidas um que precisa ser debatido para deixar de ser tabu e poder contribuir com as campanhas de prevenção ao suicídio. Com certeza vai aproveitar bem a leitura!
Obrigada pela visita!
xoxo
Juliana Sales
Oi Rê, amei a resenha, como sempre! Gostei das fotos também, como os post-its de fundo, combinou bem com o livro. Esse é um livro que eu comecei a ler mas não terminei. Como você disse, ele tem muitos gatilhos e embora nenhum deles tenha me afetado especificamente, a leitura como um todo foi me deixando cada vez mais triste. Acabei deixando para lá, para ler em outro momento, sabe? Mas esse outro momento ainda não chegou, e ele segue aqui na estante, aguardando.
Retipatia
Oi Juliana!
Ah feliz que tenha curtido a resenha e as fotos! <3 Sem dúvidas é uma leitura que precisamos estar preparadas para ela! Sei que há uns meses eu não teria conseguido prosseguir, mas dessa vez peguei e foi muito boa, em vários aspectos, e me fez refletir sobre muitas coisas também! Com certeza quando chegar seu momento, fará uma ótima leitura! <3
Obrigada pela visita!
xoxo
Luana Souza
Esse é com certeza um livro que quero ler logo logo. Sei da importância de se falar sobre suicídio e de ajudar quem sofre com doenças que podem levar a ter pensamentos suicidas. É muito triste ver tanta mobilização no mês de setembro, mas no retante do ano ignorarem essas coisas!
Sua resenha não é a primeira que eu vejo dizendo que o livro é tocante e emocionante. Acho que a gente tem que estar com a cabeça boa para absorver tudo que acontece nele.
A edição da DarkSide ficou linda, como sempre. Adorei o “lance” com os post-its, fora a mobilização que eles fazem com esse livro para a prevenção ao suicídio!
Suas fotos estão incrível, Rê *-*
Retipatia
Oi Luh!
Ah eu super recomendo a leitura! E realmente o debate do tema é importantíssimo! Acho que as campanhas são importantes também, mas empatia e a prática de boas ações e por relacionamentos melhores, realmente, precisa ser constante.
E sobre a parte de estar com a cabeça boa para essa leitura, é a maior verdade, li outro do mesmo estilo que acabou comigo no início do ano, a leitura de O Último Adeus já foi bem mais tranquila (ou o tanto que a leitura do gênero pode ser).
Também acho super legal a mobilização que a DarkSide faz na época! <3
Obrigada pela visita!
xoxo
Patrícia Lobo
Não conhecia o livro nem o enredo da história. Porém, fiquei bastante entusiasmada para o ler. Espero fazê-lo em breve. Aborda um tema bastante sensível, o suicídio, e por isso deve ser uma leitura boa de se fazer dentro desse tema.
Quanto às fotografias.. AMEI!
Beijinhos
Retipatia
Oi Patrícia!
Ah que bom que se entusiasmou com a leitura, acho que vale muito a pena conhecer. E, dentro do tema, é um livro muito sensível e sincero..
Feliz que gostou das fotos! <3
Obrigada pela visita!
xoxo