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Matéria Escura ♥ Blake Crouch

Resenha de Matéria Escura de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2017.

Matéria Escura, o primeiro livro de Blake Crouch publicado pela Intrínseca, em 2017, traz um sci-fi repleto de questões humanas, mundos paralelos e, claro, o bug na mente está garantido!

Matéria Escura (Dark Matter)
Blake Crouch
Tradução Alexandre Raposo
2017 / 352 páginas
Editora Intrínseca
Disponível na Amazon
“É um mistério. Mas existem evidências. A maioria dos astrofísicos acredita que a força que mantém as estrelas e as galáxias unidas, aquilo que faz todo o universo funcionar, vem de uma substância teórica que não se pode medir nem observar diretamente. O que eles chamam de matéria escura. E essa matéria escura compõe a maior parte do Universo conhecido.”
Resenha de Matéria Escura de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2017.
Sobre Blake Crouch

Blake Crouch é roteirista e autor de diversos bestsellers. Seus livros já foram traduzidos para mais de trinta idiomas e venderam mais de um milhão de exemplares. Mora com a família no estado americano do Colorado.

Sinopse

Você é feliz com a vida que tem?” Essas são as últimas palavras que Jason Dessen ouve antes de acordar num laboratório, preso a uma maca. Raptado por um homem mascarado, Jason é levado para uma usina abandonada e deixado inconsciente. Quando acorda, um estranho sorri para ele, dizendo: “Bem-vindo de volta, amigo.

Neste novo mundo, Jason leva outra vida. Sua esposa não é sua esposa, seu filho nunca nasceu e, em vez de professor numa universidade mediana, ele é um gênio da física quântica que conseguiu um feito inimaginável. Algo impossível. Será que é este seu mundo, e o outro é apenas um sonho? E, se esta não for a vida que ele sempre levou, como voltar para sua família e tudo que ele conhece por realidade?

Com ritmo veloz e muita ação, Matéria Escura nos leva a um universo muito maior do que imaginamos, ao mesmo tempo em que comove ao colocar em primeiro plano o amor pela família. Marcante e intimista, seus múltiplos cenários compõem uma história que aborda questões profundamente humanas, como identidade, o peso das escolhas e até onde vamos para recuperar a vida com que sonhamos.

Resenha de Matéria Escura de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2017.
Matéria Escura

Você é feliz com a vida que tem?

Guarde a resposta um pouco.

Recursão. Foi com esse nome um tanto quanto diferente que conheci a narrativa de Blake Crouch, uma leitura de ficção científica que foi capaz de me fazer virar a noite para terminar a leitura (leia a resenha de Recursão). O feito foi repetido agora em Matéria Escura, que, na verdade foi lançado bem antes, em 2017, sendo que Recursão saiu primeiro pelo clube do livro da Intrínseca, o Intrínsecos, em 2019.

“Não há avisos quando tudo está prestes a mudar, a ser tomado de você.”

Agora, se lembra da pergunta que fiz? É com ela que Jason Dessen se depara ao ser raptado e, logo depois, apagado por uma substância misteriosa. Quando acorda, está preso em uma maca. Mas não apenas isso, tudo ao seu redor está diferente. Sua casa pode ser no mesmo endereço, mas é totalmente diferente, a sua família, desapareceu e todos insistem que ele é um renomado e premiado cientista e não apenas um professor universitário. E, desesperado, ele foge da instalação em que acordara.

“E se todas as crenças e lembranças que compõem quem eu sou – minha profissão, minha esposa, meu filho – não passarem de uma trágica falha no funcionamento da matéria cinzenta localizada dentro do meu crânio? Devo continuar lutando para ser o homem que penso ser? Ou devo deserdá-lo, abandonar tudo que ele ama, para simplesmente encarnar a pessoa que este mundo espera que eu seja?”

As lembranças de Jason são bem diferentes das que lhe falaram ser a verdade, ele se lembra de ter começado sim, um projeto científico quando era jovem, mas todos os seus planos mudaram quando Daniela engravidou. Os dois se casaram e a família tornou-se o centro de suas vidas. Sem grandes descobertas, prêmios ou qualquer outra coisa assim, apenas um professor de uma universidade pequena.

Jason acaba retornando (ainda que a contragosto) para o laboratório que tem uma vibe de projeto ultrassecreto e começa a fingir ser o Jason que acham que ele é, isso é claro, se ele realmente não for quem eles imaginam e seja o seu cérebro que esteja com defeito. Negando para si ser o cientista, Jason passa a chamar o outro Jason, de Jason2. E, no laboratório, começa a aprender sobre o projeto em que Jason2 trabalhou e descobre que tudo que Jason2 fez em vida pode ser a chave para revelar a verdade.

“A física experimental – a ciência como um todo, na verdade – consiste em solucionar problemas, mas não se pode solucionar todos de uma vez. Sempre existe uma questão maior, mais abrangente: o grande objetivo. O problema é que, se você fica obcecado pela enormidade desse objetivo, acaba perdendo o foco. O segredo é começar pequeno.”

De maneira ágil, Crouch nos apresenta quem é Jason e nos faz criar algumas teorias bem mirabolantes pelo caminho até que é revelada a grande chave da trama. O mais interessante é que o autor move a história, desde o princípio, através daquela pergunta inicial: você é feliz com a vida que tem? E ela nos leva a várias outras, como até onde você iria para recuperá-la e o que estaria disposto a fazer ou abrir mão.

Resenha de Matéria Escura de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2017.

Seguindo a mesma linha que nos é apresentada em Recursão, o autor apresenta a motriz da história como os sentimentos humanos e não uma outra grande causa humanitária. O que realmente é capaz de mover as pessoas é o amor, pela vida, por alguém, por tudo que foi construído. E isso faz uma bela junção com a ficção científica que nos é apresentada, do tipo capaz de dar um nó em nossa mente.

“A física experimental – a ciência como um todo, na verdade – consiste em solucionar problemas, mas não se pode solucionar todos de uma vez. Sempre existe uma questão maior, mais abrangente: o grande objetivo. O problema é que, se você fica obcecado pela enormidade desse objetivo, acaba perdendo o foco. O segredo é começar pequeno.”

Oscilando entre lucidez e insanidade, entre o certo e o errado, a história nos leva à uma possibilidade incrível e trabalha com um tema que, mesmo recorrente nas ficções científicas, consegue ser explorado de maneira inteligente e perspicaz. Jason é colocado sob pressão, até seus limites, já que, aqueles que acreditam que ele é um outro Jason, não tem limites para obterem o que desejam.

Resenha de Matéria Escura de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2017.
“Você sabe qual a definição de insanidade?
Qual?
Fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes.”

A narrativa, por si só, puxa uma página à outra, e a história não apenas surpreende, como também traz reflexões sobre quem somos e nosso papel no destino de nosso próprio destino (é, ficou repetitivo, mas essa é a ideia).

É interessante que, no início da história, achei que a reviravolta, o desfecho, o que iríamos buscar, seria algo que envolve a memória e como ela nos torna quem somos, remetendo ao cerne de Recursão. Em certa medida, a memória é sim representada como importante para definir quem somos, mas não é ela, por si só, que move a história. O desfecho, em si, bebe de outra fonte e o amor, esse sim, é o que vai levar a vida adiante. E, enquanto em Recursão veremos uma versão de viagens no tempo, em Matéria Escura o autor irá explorar outro ponto: um multiverso de ideias que dará ao leitor muitas possibilidades durante a leitura.

“Num nível puramente intelectual, sempre soube que nossa separação e nosso isolamento são ilusórios. Todos somos feitos do mesmo material – pedaços explodidos da matéria que se formou no calor de estrelas mortas. Só que eu nunca senti isso em meus ossos até aquele momento, ali, com você. E por sua causa.”

Um livro incrível de ficção científica com a união do que a ciência jamais poderá superar: os sentimentos os quais somos movidos, em especial, o amor. Recomendo, inclusive, para quem quer ingressar nas leituras de ficção científica, tanto esse quanto Recursão são boas portas de entrada, que podem dar um pouco de nó na mente, mas que certamente valerá a pena. E ainda conseguem ser leves e envolventes, na medida.

“A vida inteira, as pessoas lhe dizem que você é único. Um indivíduo. Que ninguém no planeta é igual a você. Esse é o hino da humanidade. Mas isso não é mais verdade para mim.”

Matéria Escura vai explorar o quanto você é responsável pelo seu destino e o quanto é capaz de ser feliz com as escolhas que fez. Afinal, você é feliz com a vida que tem?

Aleatoriedades
  • Matéria Escura foi recebido em parceria com a Editora Intrínseca. Inclusive, Intrínseca, publica mais livros dele, por obséquio! ehehe
  • As fotos foram inspiradas nas coisas loucas que acontecem na história, ainda que tenham uma vibe um tanto quanto minimalista. Meu nível de edição no Photoshop não é lá grandes coisas, mas tá valendo… rsrsrs

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Retipatia
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  • Livrosdeumafisica

    Acredito que todo livro de viagem no tempo/universo paralelos acaba proporcionando essa questão “você é feliz com a vida que tem?” Só que geralmente de uma forma mais sutil. É interessante pensar nas várias vidas que poderia ter e em como ainda posso mudar a vida que tenho aqui nesse universo.

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