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Recursão ♥ Blake Crouch

Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019

Você sabe o que significa Recursão? Vem ler sobre o livro de Blake Crouch que saiu pelo Intrínsecos, clube do livro da Editora Intrínseca em 2019!

Recursão (Recursion)
Blake Crouch
Tradução Sheila Louzada
Intrínseca
2019 / 320 páginas
Disponível em Amazon
“Todas as minhas lembranças daquela vida são em tons de cinza, como cenas de um filme noir. Parecem reais, mas são assombradas, lembranças-fantasmas.”
Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019
Sobre o Autor

Blake Crouch é roteirista e autor de diversos best-sellers. Seus livros já foram traduzidos para mais de trinta idiomas e venderam mais de um milhão de exemplares. Mora com a família no estado americano do Colorado.

Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019
Sinopse

Quando nada é mais importante que a memória, perdê-la significa perder a si mesmo.

E se um dia memórias vívidas se infiltrassem em sua mente, pintando em tons de cinza todas as suas certezas? As pessoas que você ama não fazem mais parte da sua vida, agora você tem outro cônjuge, outros filhos, ou está sozinho. Tudo mudou. E o que você tinha de mais importante foi arrancado da sua existência, levando junto sua sanidade.

Barry é um policial em Nova York que convive com a tristeza e a ausência da filha, morta em um atropelamento. Sem alternativas diante da dor, seu casamento chega ao fim. Mas se Meghan não tivesse morrido, sua vida seria diferente? Ao intervir em uma tentativa de suicídio, ele se depara com uma mulher que sofre da Síndrome da Falsa Memória, uma doença misteriosa que planta na cabeça de suas vítimas lembranças de vidas que elas nunca tiveram. Barry entende, então, que se lembrar de algo que não viveu pode ser ainda pior.

A neurocientista Helena Smith está desenvolvendo uma tecnologia para a cura do Alzheimer. A cada semana, mais lembranças se apagam da mente de sua mãe. É como se Helena a perdesse para sempre. Inesperadamente, ela é abordada por um dos homens mais ricos do mundo, que se oferece para financiar sua pesquisa de retenção de memórias. Helena vê surgir a chance de proporcionar um grande bem para a humanidade: a cura do Alzheimer. No entanto, não poderia estar mais enganada…

A tecnologia que deveria salvar vidas acelera a marcha galopante do caos, gerando uma guerra pelo poder e criando recursos que começam a esfacelar a realidade. O tempo não é mais como o conhecemos, e Barry e Helena terão de se unir se quiserem sobreviver – e salvar a todos nós.

Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019
Recursão

Recursão. Ação de recorrer, reajustar. Processo de repetição de um objeto de modo similar ao que já fora mostrado. Método de resolução de problema em subproblemas até chegar a um problema que possa ser resolvido com facilidade.

“Todas as minhas lembranças daquela vida são em tons de cinza, como cenas de um filme noir. Parecem reais, mas são assombradas, lembranças-fantasmas.”

Imagine se lembrar de uma vida que não é a sua. Mas que parece que é, até nos mínimos detalhes. Isso é o fenômeno, ou doença, chamada de Síndrome da Falsa Memória (SFM), inexplicável para especialistas, mas responsável pelo aumento exponencial de suicídios.

2018. O detetive Barry Sutton pode não ser especialista em SFM, mas isso não significa que a realidade daqueles que possuem a doença não esteja à sua volta. Além disso, um caso de suicídio de uma mulher com SFM parece levar à pistas estranhas e suspeitas. Detalhes que irão tirar sua vida do prumo.

“Hoje, ele está em paz com a ideia de que faz parte da vida encarar nossos fracassos, e às vezes esses fracassos são as pessoas que um dia amamos.”

Em outra linha do tempo, em 2007, conhecemos Helena Smith, uma neurocientista fascinada pela memória e disposta a usar sua vida e carreira para descobrir a cura para o Alzheimer. Isso se fosse possível conseguir que alguma instituição lhe dê fundos e suporte, o que anda bem difícil, até o momento em que ela recebe uma proposta sigilosa, mas com recursos infindáveis. Helena pode não saber, mas está prestes a dar um passo que vai mudar não apenas sua vida, mas o destino de todo o mundo.

Imagine uma história em que tudo o que os personagens vivem pode ser alterado a qualquer instante. Em que tudo pode ser subjetivo e que as leis da física são facilmente manipuladas e quebradas. Se veio à mente a ideia de um sci-fi, bem, é exatamente o caso de Recursão. O livro leva alguns conceitos básicos aos quais já estamos acostumados a ver quando se trata do tempo, mas, de maneira diferenciada, traz novas concepções que dão não apenas motor à história, como também margem para levá-la à rumos menos explorados.

“Quero encontrar um meio de armazenar lembranças de cérebros em declínio, que já não podem mais acessá-las. Uma cápsula do tempo para nossas memórias mais importantes.”

Na base de tudo: a memória. O quanto dela é responsável por quem somos? Se a perdemos, deixamos de ser nós mesmos? Se elas se alterarem, nos tornamos alguém diferente? Ao vermos como as coisas poderiam ter sido diferentes, o quanto a atual realidade seria suportável?

Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019

A história se desbrava entre duas linhas do tempo, enquanto a vida de Barry se submete às consequências do caso de suicídio em que trabalhou, Helena avança dia após dia em suas pesquisas. Um avanço que irá colocá-la como a mente mais brilhante do mundo. Uma criação que está além do que ela esperava, capaz de iniciar uma Terceira Guerra Mundial. Isso até as linhas do tempo se unirem e a chance de fazer com o que o mundo não se destrua lhes seja dada. Uma única chance que, na verdade, pode se repetir infinitas vezes.

“Fisicamente, uma lembrança não passa de uma combinação específica de impulsos nervosos, uma sinfonia de atividade cerebral. Mas, na verdade, é o filtro que se coloca entre nós e a realidade.”

Falar dessa leitura é falar sobre como um livro que envolve temas de física quântica (adicionada com um pouco de viagem na maionese, é verdade), pode trazer questionamentos tão válidos e atemporais.

Como pano de fundo temos o mal de Alzheimer, que devora a memória de seu portador como se torrasse aos poucos o disco rígido do computador. O que foi, é impossível de ser regatado, mas será que, por isso, deixamos de ser nós mesmos!? Talvez a resposta seja mais emblemática do que possamos arquitetar sem uma devida tese de doutorado, mas a certeza é de que o livro nos faz pensar muito sobre isso. Se pudéssemos reescrever nossa história, com novas escolhas e novas memórias, o que faríamos? Ou o que o mundo faria se pudesse reescrever um ou outro pedaço de sua história?

“E a que vamos nos agarrar, momento após momento, se as lembranças simplesmente forem mutáveis? Nesse caso, o que é real? E se a resposta é nada, o que resta?”

A ideia de ciclo aqui, tanto da vida, quanto dos personagens, é inevitável. O que aconteceu não faz parte do passado, tampouco como o agora é presente e o depois, futuro. Tudo acontece, tudo é, tudo existe e permanece de uma maneira que não tem começo, meio ou fim.

Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019

A narrativa do autor é ágil e, confesso, as 300 e poucas páginas de Recursão me levaram madrugada adentro sem interrupções, dada a necessidade de saber como seria seu desenrolar. A história se divide em cinco livros mais epílogo e, apesar de seguir um lado romântico um tanto quanto mais aflorado da metade para a frente, se mantém fiel aos personagens criados e à proposta original, sendo o romance em questão, justificado pelo necessário deslanchar do auge da história.

“O tempo é uma ilusão construída pela memória humana. Não existe passado, presente ou futuro. Tudo está acontecendo agora.”

O livro ainda me levou a fazer associações com vários filmes que tratam da temática do tempo, como X-Men: dias de um futuro esquecido (a permanência do fato é diferente, mas a forma de viagem é bem semelhante); Exterminador do Futuro (o fato de voltar e mudar, e voltar e mudar e voltar e mudar…); A Chegada (ok, não temos ET’s em Recursão, mas a concepção de tempo é bem próxima); e um quê de The OA (com os tanques imersivos e o que rola neles. Só uma ressalva que eu só vi uns episódios da primeira temporada… ehehe). Sem contar a citação de Matadouro Cinco que aparece no início do Livro Cinco, é impossível não ver a relação de percepção do tempo que Crouch trouxe do livro de Vonnegut (tem resenha dele aqui!).

“Nos últimos tempos, ele vem se perguntando se a vida não se resume a uma longa despedida daqueles que amamos.”

Uma leitura intensa, reflexiva e questionadora. Recursão traz dúvidas elementares da humanidade para um aspecto ficcional de uma maneira que nos leva a crer que, cada parte do imutável, é mutável, tanto quanto que o tempo e nossa percepção dele, não passa daquilo do que somos feitos. De nossas memórias, sejam elas verdadeiras ou falsas.

“Se não pudermos confiar na nossa memória, será o fim da espécie humana. E esse fim já começou.”
Resenha de Recursão de Blake Crouch, publicado pela Intrínseca em 2019
Aleatoriedades
  • Essa edição linda de Recursão faz parte do Intrínsecos, o clube do livro da editora Intrínseca e foi recebido em parceria com o Resenhando por Marina.
  • Matadouro Cinco, que citei aqui no post, também da Intrínseca, também está disponível na Amazon!
“É nisso que consiste ser humano: a beleza e a dor, pois uma não tem significado sem a outra.”

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Retipatia
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  • Tatiane de Araújo silva

    Sci-Fi não é um gênero que leio, e esse é bem instigante, imagina vc descobrir que tds as suas lembranças e o no que vc acredita que seja sua realidade, não condiz com a verdade.
    Essa leitura deve ser até angustiante nesse sentido, entender o que é real ou não.

    responder
    • Retipatia

      Oi Tatiane!
      Eu também não lia muito o gênero, mas tenho dado mais espaço para sair da minha zona de conforto e esse foi uma bela surpresa! O autor mantém a gente interessado e preso até o fim, além de que tem horas que a gente fica louco se imaginando nas situações e com a memória toda tresloucada ehehe
      Vale muito ler!
      Obrigada pela visita!
      xoxo

      responder