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Batman: A Piada Mortal ♥ Alan Moore & Brian Bolland

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.

Batman: A Piada Mortal é a HQ célebre de 1988 nascida da parceria de Alan Moore com Brian Bolland. Uma prova de que a insanidade pode ser fatal…

Batman: A Piada Mortal
Alan Moore & Brian Bolland
Tradução Dorival Vitor Lopes
2009 / 86 páginas
Panini Comics
Disponível na Amazon
“Quando vi que piada de mau gosto era este mundo, preferi ficar louco.”
Sobre Alan Moore

O genial roteirista Alan Moore (Watchmen, V de Vingança) e o artista Brian Bolland (Camelot 3000) mergulharam na mente do Palhaço Psicótico e presentearam os fãs da nona arte com uma das melhores histórias já escritas sobre a origem do Coringa, analisando de forma definitiva sua relação com o Cavaleiro das Trevas e Gotham.

Sobre Brian Bolland

Brian Bolland é o astro da edição. Além de escrever o posfácio e nos presentear com uma aventura de oito páginas e esboços, o artista britânico fez questão de recolorir toda a história – que antes tinha cores de John Higgins – trazendo uma nova dimensão à obra e recriando completamente a atmosfera da HQ. Esta edição de luxo traz a íntegra de Batman: A Piada Mortal e ainda republica, como extra, a primeira história do Coringa.

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.
Sinopse

Um dia ruim.

É apenas isso que separa um homem são da loucura. Pelo menos segundo o Coringa, um dos maiores e mais conhecidos – se não o maior e mais conhecido – vilão do mundo dos quadrinhos. E ele quer provar o seu ponto de vista enlouquecendo ninguém menos que o principal aliado de seu maior inimigo: o Comissário Gordon. Cabe ao Cavaleiro das Trevas impedir.

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.
Batman: A Piada Mortal

O que é necessário para levar alguém à insanidade? O quanto é necessário para levar alguém à insanidade? Ou, quem sabe, um único dia pode ser decisivo para definir quem você é?

Essas perguntas são o motor de Batman: A Piada Mortal, e, não apenas isso, são o questionamento frequente que se faz a cada página da história, a cada acontecimento. E, provavelmente, são questões que ainda irão reverberar no leitor após ler os últimos quadros.

“Você teve um dia ruim uma vez, não é? Eu sei como é. A gente tem um dia ruim e tudo muda. Senão, por que você se vestiria como um rato voador?”
Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.

Sem dúvidas, a insanidade é o debate e, claro, isso não seria diferente em uma história com um dos vilões mais icônicos do homem morcego: o Coringa. Antes de buscar um objetivo válido, o caos é o seu ponto de partida. Não há nada que sua mente insana não seja capaz de fazer. Ou melhor, qualquer barreira entre certo e errado já fora deturpada no personagem. Não existem limites.

É sabendo disso que, em A Piada Mortal, vemos um Batman a procura de diálogo. Uma trégua, quem sabe. O final da batalha entre o Homem Morcego e o Coringa só pode terminar de uma maneira, ele sabe disso. E ao mesmo tempo, não é o que deseja. Mas tudo sai do controle quando ele descobre a fuga do Coringa do Asilo Arkham e, em consequência, eventos trágicos darão sequência à história.

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.
A Piada Mortal: o passado de Coringa e o paralelo Batman & Coringa

O que temos, a partir daí, são marcos. Uma hipótese de como teria sido o passado de Coringa, o que o fez tornar-se, de fato, o Coringa. Os fatos se casam perfeitamente e, assim, nos perguntamos, o que realmente seria capaz de “fabricar” alguém como o Coringa? Um evento traumático, vários deles? Bem, em A Piada Mortal um único dia. O dia que mudou sua vida e o transformou.

“Como duas pessoas que não se conhecem podem se odiar tanto?”

Há ainda a abordagem do clássico paralelo entre o Batman e o Coringa. Duas Caras que me perdoe o trocadilho, mas dois lados da mesma moeda. O homem morcego pergunta porque ele e o Coringa se odeiam tanto, já que não se conhecem. Mas, afinal, o que é conhecer alguém? Inegavelmente, ambos tiveram eventos traumáticos que os transformaram em que são. Ambos se disfarçam, de certa maneira, atrás de um personagem para atingir seus objetivos. A diferença está na forma com que veem o certo e o errado. Não vou dizer que o Coringa não sabe diferenciar, do contrário, não saberia quais atos cometer para realmente alcançar o que deseja: insanidade? Caos? E todos seus atos são repudiáveis. Quando ao Batman, digamos ser que o cavaleiro das trevas não é exatamente um ideal a ser perseguido.

A Piada Mortal: Extras da Edição Especial de Luxo de 2009

A edição de A Piada Mortal ainda conta com vários conteúdos extra: após a Introdução de Tim Sale, Posfácio de Brian Bolland, encontramos uma história extra chamada Sujeito Inocente (quase uma cena pós créditos), que é de criação total do Bolland e cenas dos arquivos dele durante a criação dos personagens. Fechando com chave de ouro, a edição traz a HQ Batman 1.

“A lembranças podem ser vis, repulsivas, brutais… como crianças. AH, AH, AH! Mas podemos viver sem elas? A razão se sustenta nelas. Não encarar as lembranças é o mesmo que negar a razão! Mas e daí? Quem nos obriga a ser racionais?”

Na Introdução Tim Sale destaca a importância que A Piada Mortal teve e ainda tem para o cenário dos quadrinhos e do próprio personagem do Batman. No Posfácio, Bolland traz um pouco sobre o processo que foi desenhar A Piada Mortal e em como foi colorir a história em seu relançamento em 2008, já que a publicação original de 1988 teve as cores por John Higgins. Bolland explica também que Sujeito Inocente satisfez seu desejo de criar uma história para o Batman e desenhar algumas cenas que ele não pôde utilizar na HQ.

A Evolução das HQ’s do Batman

Batman 1, com arte de Bob Kane, traz todas as cores das HQ’s de 1939, e um estilo de desenhos e narrativa completamente distintos aos que vemos nos dias de hoje. As histórias do Batman sem dúvidas perderam o tom cômico que existia e ainda ganharam um tom sombrio, tanto em relação ao personagem, quanto às histórias em si.

É ainda interessante notar como, de modo geral, o roteiro das HQ’s tornaram-se mais enxutos, com diálogos e explicações bem mais concisos e, ainda assim, passando toda a mensagem desejada. Os desenhos funcionavam um pouco mais como ilustrações do que propriamente uma parte que conta a história. Uma mudança e tanto ao longo dos anos.

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.
O Final de A Piada Mortal

A Piada Mortal ainda tem um nome tão sagaz que é impossível não relacioná-lo com o seu já muito debatido final (lembrando que a HQ é de 1988). O que se pode imaginar é que seu significado está intrinsecamente relacionado com o título do que a história como um todo.

Ou pelo menos é isso que Brian Bolland insinua no posfácio:

“Falando nisso, chegou a hora de revelar o que realmente acontece no final de A Piada Mortal: enquanto nossos protagonistas ficam na chuva rindo da piada, as luzes da polícia refletem na água suja no chão e a mão do Batman alcança–“

Grant Morrison, em 2013, em entrevista para Kevin Smith seguiu a mesma linha de pensamento:

“O que eu amo na HQ é que ninguém percebe, 20 anos depois, que Batman matou o Coringa. É por isso que se chama The Killing Joke! Quando o Batman chega no pescoço do Coringa e o quebra, a risada para, simplesmente para. É realmente óbvio, se você prestar atenção. Esta é a última piada, este é o fim inevitável, esta é a piada mortal – está no título! É a história definitiva, qualquer coisa que veio depois é um eco dessa HQ. Brian Bolland mesmo diz: ‘Ele vai direto no pescoço e quebra!'”, diz Morrison.

O detalhe é que este não é o posicionamento de Alan Moore, roteirista da HQ que, em 2015, em resposta a perguntas dos internautas via GoodReads, comentou:

“And David, for the record, my intention at the end of that book was to have the two characters simply experiencing a brief moment of lucidity in their ongoing very weird and probably fatal relationship with each other, reaching a moment where they both perceive the hell that they are in, and can only laugh at their preposterous situation. A similar chuckle is shared by the doomed couple at the end of the remarkable Jim Thompson’s original novel, The Getaway.”

Tradução livre:

E David (internauta), que fique registrado, a minha intenção no final daquele livro era a de ter dois personagens experimentando um breve momento de lucidez no seu estranho e contínuo relacionamento fatal, alcançando um momento em que ambos percebem o inferno em que estão e só podem rir acerca da situação. Um riso similar é compartilhado pela dupla condenada no final do notável The Getaway (Os Implacáveis, como lançado no Brasil), de Jim Thompson.

Eis que o mistério foi revelado, mas confesso que se o próprio autor não tivesse de manifestado, estaria totalmente com a galera que acredita que o final é um tanto quanto mais violento, por assim dizer.

Resenha de Batman: A Piada Mortal de Alan Moore & Brian Bolland.
A Piada Mortal: para leigos e amantes do Batman

Especialmente para quem, como eu, não tinha lido nenhuma HQ do Batman e quer começar a aprender mais do universo de Gotham, A Piada Mortal é uma ótima porta de entrada. Além de ser uma leitura super fluida, que te prende às páginas, te dá um bom panorama dos personagens, de quem são, suas motivações e relações.

“Talvez pessoas comuns não quebrem à toa. Talvez as pessoas não precisem ficar caídas no chão só porque levaram um tombo.”

É uma leitura muito ágil e a beleza dos desenhos de Bolland se juntam perfeitamente ao enredo bem elaborado e criativo de Alan Moore. Não é à toa que a HQ, que inicialmente seria lançada em separado, acabou virando parte do cânone (história que faz parte da série narrativa do personagem) do Batman.

Leitura mais que recomendada, seja você fã do homem morcego, iniciante ou não!

Aleatoriedades
  • A HQ da vez é do namorado, que a emprestou para que eu começasse a me aventurar por Gotham e conhecer mais do super herói que já é o meu favorito! Com fé teremos mais posts com HQ’s do Batman por aqui!
  • Fontes: GoodReads | Omelete

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

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