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Codinome Verity de Elizabeth Wein

Sobre um fundo de madeira clara, que aparece no canto superior direito da foto, está um casaco de lã amarrozado, cobrindo quase toda a superfície e, sobre ele, do lado esquerdo e na metade superior da foto, está o exemplar do livro Codinome Verity, de Elizabeth Wein, publicado pela Editora Morro Branco em março de 2023 no Brasil, e mais abaixo, está ainda sobre o casaco uma xícara em tom terroso, contendo café, ao lado direito dela um pires branco com flores da cor da xícara e, dentro dele, está uma bússola, com tampa dourada.

Acho seguro afirmar que Codinome Verity é a obra-prima de Elizabeth Wein.

Para além do sucesso que o livro alcançou mundo afora, a história tem tudo para conquistar gerações e carregar o título de clássico moderno.

E não por causa do pano de fundo da Segunda Guerra Mundial, mas sim porque essa é uma história, acima de tudo, sobre amizade.

Descobrir sua melhor amiga é como se apaixonar.

codinome verity

A história que encontramos em Codinome Verity

Se não fosse a guerra, Maddie e Verity sequer se conheceriam. Mas suas vidas foram entrelaçadas para sempre quando ambas acabaram dividindo uma sombrinha durante um bombardeio.

Separada em duas partes, com duas narradoras diferentes, a história de Verity e Maddie nos leva para 1943, auge da Segunda Guerra. Dali, para um avião britânico que cai na França ocupada pelos nazistas com apenas duas tripulantes à bordo.

O destino delas fora selado, enquanto uma se abriga com a resistência, a outra é capturada pela Gestapo, a polícia secreta dos nazistas.

Presa e sob tortura, Verity não tem senão outra escolha a não ser negociar por sua vida e escrever sua confissão.

O problema é que, em tempos de guerra, ter esperanças é como tentar acender um fósforo no meio do oceano, em plena tempestade.

É impossível saber se a negociação será suficiente para salvar sua vida, porque até mesmo o tempo que ela tem está contado.

Mas não se engane, as dúvidas não são apenas de Verity, elas te perseguirão durante a história criada por Elizabeth Wein e vão te prender ao livro. A única certeza que temos ao ler é de que precisamos saber o que vai acontecer a na próxima página.

Você não acha que eles ficam mais fortes quando têm alguém para desprezar em conjunto? Eles me olham chorando pelos cantos e pensam: “Mon Dieu. Não permita jamais que eu seja como ela.

codinome verity

A escrita de Elizabeth Wein e a construção da história

Se eu fosse escolher uma palavra para definir a escrita de Elizabeth Wein em Codinome Verity seria ágil, mas talvez, ela não faça justiça à toda complexidade que a trama nos mostra.

A leitura foi realmente ágil, prazerosa e revelou uma história repleta de camadas e com pontas bem amarradas. É do tipo que permanece com a gente mesmo depois de terminar a última página.

É fato que você pode terminar o livro querendo saber mais sobre as personagens, mas é certo que também existe o sentimento de completude.

Inclusive, a autora tem outras obras que se passam no universo desse livro, que são independentes, mas que ela tem uma ordem para recomendar: The Enigma Game, Codinome Verity, Rose Under Fire e The pearl Thief (ainda não disponíveis no Brasil).

Uma das belezas da trama que Wein construiu é o fato de que ela se revela de pouco em pouco, ela nos tece uma história, depois outra e os detalhes vão se encaixando como dois quebra-cabeças que se completam.

Dividida em duas partes, a narrativa parte sempre do ponto de vista de Maddie, ainda que narrada por duas personagens distintas. A maravilha dessa construção se reflete não apenas no tom que a história é contada, mas também dos momentos que surgem nessas etapas.

Mais do que um drama de uma prisioneira de guerra, o poder contido em Codinome Verity está, em seu cerne, na verdadeira amizade.

Ainda assim, há muito que ser refletido sobre o pano de fundo da história: a guerra.

O retrato da Segunda Guerra Mundial no livro

O livro inclui boa parte do período da guerra, sempre a partir da amizade que nasce entre Verity e Maddie. Assim, vemos as trajetórias de uma agente secreta e uma piloto trabalhando no Reino Unido.

Ambas as figuras são interessantes por si só, especialmente quando pensamos no papel das mulheres durante a guerra.

Ainda que elas não estivessem nas trincheiras, muitas estavam presentes nas mais variadas funções, com papeis decisivos para o desenrolar e fim do conflito.

À sua maneira, cada personagem representa essa força feminina atuando em um mundo completamente masculino, que não apenas tentava sobrepujá-las, como também as subestimava.

A cada semana, um piloto do ATA morre. Eles não são atingidos pelo fogo inimigo. Pilotam sem rádio nem equipamentos de navegação, e com condições climáticas tão ruins que os pilotos de bombardeiro e de caças consideram “impossível de pilotar” durante elas.

O processo de criação histórica do livro

Elizabeth Wein conta que no processo de criação do livro ela teve ajuda de várias pessoas e fez pesquisas extensas, que vão de pequenos detalhes até questões históricas.

Porém, ela também destaca, no posfácio, que houve liberdade poética em alguns momentos. Seja com referências de datas em que os voos feitos por pilotas foram permitidos ou com os nomes dos lugares. O essencial, porém, não ficou de lado: a verossimilhança.

A ideia, como ela mesma afirma, era contar uma boa historia e sem dúvidas esse objetivo foi alcançado com sucesso!

O drama da prisioneira de guerra Verity pode ser o fio condutor da trama, mas nós vemos e sentimos o drama da guerra e de todos que são por ela afetados durante todo o livro.

Afinal, qualquer ação sempre ressoa por muitas e muitas vidas e todos sabemos que, em tempos de guerra,

Conversas descuidadas custam vidas.

Essa visão ímpar também me fez pensar em outro livro que a tem a Segunda Guerra como pano de fundo: Os Segredos que Guardamos, de Lara Prescott. Na história, acompanhamos a trajetória de várias mulheres que suas próprias guerras como agentes secretas durante o conflito, entrelaçada à uma trama e amor e da criação de um clássico da literatura: Doutor Jivago.

O brilho verde de Codinome Verity

Há uma bela cena no livro em que as personagens estão juntas em um avião e veem o fenômeno solar que deixa a visão do sol esverdeada ao entardecer. Segundo a própria autora,

Um brilho verde é o momento em que o sol parece ter a cor verde por conta da refração da luz contra o horizonte, normalmente no nascer e pôr do sol.

elizabeth wein

Uma das singelezas que encontramos na história remete exatamente à esse momento vivido em conjunto pelas personagens.

De certa forma, ele se conecta exatamente com a amizade que surge entre a piloto e a agente secreta e, nas várias facetas desse relacionamento, nos fala também sobre a efemeridade da vida.

Conhecer a amizade de Verity e Maddie e seu desabrochar, é entender como ela tem o condão de definir o destino da trama. Mais do que ser fio para os acontecimentos, ela é também um laço de união, um laço que humaniza e nos lembra da beleza e preciosidade que é estar vivo.

Ao longo da narrativa, vários pequenos pontos de brilho verde são acesos e apagados e nos lembram como tudo ao nosso redor está conectado, como somos tão pequenos e efêmeros. Mas, nem por isso, nos tornamos menos importantes para aqueles os quais conquistamos o sentimento da verdadeira amizade.

Codinome Verity é uma obra memorável, capaz de despertar os mais diversos sentimentos e suscitar debates sobre os mais diversos temas. É também, sem dúvidas, um livro com Selo Retipatia de Qualidade, uma leitura mais que recomendada!

“Beije-me, Hardy”. São ótimas como últimas palavras.

Sobre um fundo de madeira clara, que aparece no canto superior direito da foto, está um casaco de lã amarrozado, cobrindo quase toda a superfície e, sobre ele, do lado esquerdo e na metade superior da foto, está o exemplar do livro Codinome Verity, de Elizabeth Wein, publicado pela Editora Morro Branco em março de 2023 no Brasil, com a contracapa para cima.

Quotes e citações de Codinome Verity

Não tenho mais medo de ficar velha. Na verdade, não consigo acreditar que já disse uma coisa tão idiota assim. Uma coisa tão infantil. Tão ofensiva e arrogante.

Maddie tem uma regra sobre passar favores adiante, que ela chama de Princípios da Carona para Campos de Pouso. É bem simples. Se alguém precisa chegar a um campo de pouso e você puder deixá-lo lá, seja com o Anson, com a moto, a cavalo ou da forma que puder, você sempre deve levá-lo. Porque um dia você vai precisar de uma carona para algum campo de pouso também. Outra pessoa terá de levar você, então, o favor é passado adiante, em vez de ser retribuído.

E eu invejava que ela tivesse escolhido o próprio trabalho e estivesse fazendo o que queria. Acho que eu não fazia ideia do que eu “queria”, então fui escolhida, não escolhi. Existe glória e honra em ser escolhida. Mas não há muito espalo para o livre-arbítrio.

Dizem que temos que rir o tempo todo – retrucou Queenie. – Está no livro de instruções do SOE. Pessoas sorrindo e cantarolando não parecem estar planejando um contra-ataque. Se você andar por aí com expressão preocupada, alguém vai começar a se perguntar com o que você está se preocupando.

O terror rápido e repentino de bombas explodindo não é a mesma coisa que o medo constante e congelante de ser descoberta e capturada, Esse medo nunca vai embora. Não há alívio algum, e jamais a possibilidade de uma sirene de aviso que o perigo passou.

Ah, sim, decepcionar as pessoas. Essa parte é medo ou culpa? Parece um pedaço de granito preso nas engrenagens do meu cérebro, corroendo-as. Decepcionar as pessoas. Uma grande lista circular de fracasso e preocupação.

Entendo agora porque a mãe dela banca a Sra. Darling e deixa a janela do quarto dos filhos aberta quando estão fora. Quando você consegue fingir que talvez voltem, ainda existe esperança. Acho que não deve existir nada pior nessa vida do que não saber o que aconteceu com seu filho – nunca saber.

Isso acontece aqui o tempo todo. As pessoas desaparecem, famílias inteiras às vezes – acontece o tempo todo. Nunca mais ninguém ouve falar. Elas somem. Pilotos derrubados, é claro, marinheiros atingidos, é claro, isso é de se esperar. Mas aqui na França acontece com pessoas comuns também. A casa do vizinho simplesmente amanhece vazia uma manhã, ou o carteiro que não aparece para trabalhar ou o seu professor que não vai dar aula.

O perdão não é uma coisa fácil de ser cultivada. Mas a habilidade de considerar o perdão, para si mesmo e para os outros, é um primeiro passo. As janelas da minha casa estarão sempre abertas para o vento e o céu.

Sinopse do livro Codinome Verity

Codinome Verity

 

Título original:
Code Name Verity

Autoria:
Elizabeth Wein

Autoria:
Tradução Natalie Gerhardt

Editora:
Morro Branco

Ano de lançamento:
2023

ISBN:
978-6586015713

Gênero:
Ficção | Mistério | Drama de Guerra

Páginas (nº):
384
Universalmente aclamado e nomeado como um dos 100 melhores livros de todos os tempos pela Time, Codinome Verity é uma leitura visceral sobre amizade, traição e sobrevivência
11 de outubro de 1943 ― Um avião espião britânico cai na França ocupada pelos nazistas. A pilota e sua passageira são melhores amigas. Uma delas tem uma chance de sobrevivência. A outra perdeu o jogo antes mesmo de começar.
Quando “Verity” é capturada pela Gestapo, ela está certa de seu fim. Como uma agente secreta capturada em território inimigo, ela vive o pior pesadelo de uma espiã. Seus interrogadores nazistas lhe dão uma escolha simples: revelar todos os detalhes de sua missão ou enfrentar uma terrível execução.
Enquanto tece intrincadamente sua confissão, Verity discorre sobre seu passado, como ela se tornou amiga da pilota Maddie e por que ela a deixou para trás nos destroços de seu avião. A cada página escrita, Verity luta por sua vida, confrontando seus pontos de vista sobre coragem, fracasso e sua desesperada esperança de voltar para casa. Mas negociar seus segredos será suficiente para salvá-la?
Intensa, por vezes angustiante e lindamente escrita, a versão definitiva deste clássico moderno apresenta um novo conto, ensaio do autor, um guia de discussão e muito mais!

Livro recebido em parceria com a Editora Morro Branco | Confira na Amazon

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