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Tempestade do Eu ♥ Fábio Feminella

Uma tempestade pode ser feita de bem mais que água, raios e trovões. Pode ser feita de descontentamento, tristeza, incertezas, desesperança e infelicidade. Essa é a tempestade pela qual Augusto passa e pela qual vamos acompanhar sua trajetória para escapar no livro Tempestade do Eu.

Tempestade do Eu

Autor Fábio Feminella

Publicação Independente

“Meu pai sempre diz, quando algo dá muito errado e ninguém consegue resolver, só o tempo resolve.”

Sobre o Autor

Fábio Feminella, nascido em Florianópolis/SC, iniciou sua trajetória em 2004, quando começou a criação de seu primeiro livro. No entanto, seu histórico começa como contador desde sua infância, quando entretia crianças de todas as idades com histórias inventadas utilizando bonecos de fantoche. Este seu dom foi resgatado em 2015, em uma contação para crianças na noite das bruxas e posteriormente com outras contações tendo sempre sua autoria como guia. A partir de então, parte de sua atenção está em criar seus contos e publicá-los.

Sinopse

“Reflita sobre seu caminho e redesenhe se assim for preciso”

O personagem desta história sente que é hora de dar um basta no ‘deixar rolar’ de sua vida e resolve encarar a tempestade de frente para se reencontrar, resgatando sua criança interior e projetando um futuro melhor, dizendo não ao futuro que não desejava ter.

É através do convívio social e principalmente das reflexões pessoais que resenha seu caminho escolhendo ver as coisas por um novo ponto de vista.

Tempestade do eu, entra na cabeça de diversos personagens para que o leitor alcance as diferentes percepções de uma mesma situação.

Tempestade do Eu

Augusto quer se jogar, desistir de tudo. Ao mesmo tempo, nos leva em viagem ao tempo para descobrir o que o fez chegar a este ápice, no momento em que decidiu tentar viver plenamente, recuperar o que acha que perdeu no caminho da vida.

Será que todas as pessoas que caminham ao seu redor estão tão apáticas, perdidas e descrentes como ele? E, tentando descobrir isso, sair do modo automático, uma das saídas se apresenta na quebra da rotina, brincar de ser criança novamente e ver o mundo com outro olhar. Assim como o pequeno Léo que não tem maré ruim que acabe com seu dia.

“Nesta minha mudança espero saber lidar melhor com minhas sombras a cada dia. O dia seguinte melhor do que hoje.”

Tente o seguinte: pegue uma maçã, pare em frente ao espelho e repita a palavra: maçã. Trave a expressão na última sílaba. Para quê? Para sorrir, ora! Este, segundo Tim, melhor amigo de Augusto, é o melhor exercício para se praticar o que ele esqueceu de como se faz de maneira espontânea. Afinal, não saber sorrir é só falta de treino.

Os mistérios que revolvem sua tempestade, vão bem além do não sorrir. Vão até o apartamento do velho recluso Homero, que não vê raio de sol há tempos e vive de rememorações. Augusto decide que aquele não pode ser seu destino e, muito menos o do velho que acha que tudo que lhe resta é contar os segundos para o fim. Afinal, se estamos na chuva, é para se molhar. Se estamos vivos, é para viver.

“Por que fazemos das dúvidas imensos dragões?”

Se der dúvidas, volte a fazer o exercício da maçã.

E, se entrar no modo automático de novo, sem desespero. Basta desacelerar, praticar novamente com a maçã e se lembrar que recobrar a consciência pode não ser fácil, mas traz muitos benefícios.

Colocar os sentimentos para fora, deixar transbordar tudo aquilo que, por vezes sequer damos conta de que está parado no meio da garganta, faz bem. Faz ver o que foi e o que pode ser.

“Aos sábados, parece que os sorrisos são mais soltos, os cheiros mais prazerosos, as crianças mais felizes, as cores mais fortes e as frutas mais saborosas.”

E, nesse balanço, as figuras de Homero e Léo, são contrapontos em idade e em viés de passado e futuro de Augusto, chances que ficaram e que podem vir a ser. São reflexos no espelho que podem fazer rir como a maçã ou amedrontar. Depende do olhar que será lançado e da postura que se adotará.

No meio disso tudo, vem um nome, duas letras: Lu. E Lu significa felicidade gratuita. Ainda que nem todos os passos possam ser previstos, que o destino possa parecer injusto, há plenitude suficiente na figura de Tim para que se passem as definições de plenitude e gratidão pela vida que foi vivida, incessantemente.

“Só de saber que em uma única situação podemos escolher como agir frente a ela, me deixa mais leve.”

Permitir-se viver. É a mensagem principal do livro.

Antes de realizar a completa leitura de Tempestade do Eu, comecei duas vezes e acabei deixando de lado. Algo não conectava e não conseguia prosseguir a leitura. Dei um tempo e, depois, a leitura foi feita quase inteira em um dia, faltando poucas páginas que foram finalizadas no dia seguinte.

“Você nunca estará sozinho. Sempre estará com a melhor companhia: você mesmo.”

A narrativa é feita por Augusto e, em alguns curtos pontos vemos um pouco de Tim, Homero e Léo. Ainda assim, o tom de conversa que ele segue, bem mais que os personagens secundários, ainda que feito em acompanhamento aos acontecimentos do cotidiano do personagem, é uma mistura do tom dos tradicionais livros de autoajuda, com romance, já que os ensinamentos, as ideias que costumeiramente são passadas nesse tipo de leitura, estão atreladas ao caminhar e desenvolver do personagem principal. Não que isso seja algo negativo ou positivo, apenas um tom que não é lá meu preferido, quando se trata de literatura. Do gênero, tenho duas leituras: Perdas & Ganhos, da Lya Luft, que foi como bálsamo em um momento complicado da vida e A Sutil Arte de Ligar o Foda-se, do Mark Manson, que foi lido até a metade, mais ou menos até a conversa que o autor propõe reflexões da vida, mas sem a parte das soluções.

“Homero tem saudades dos sonhos de quando jovem, saudades da vontade de torná-los reais, de lutar pelos amores, de sofrer por eles. Saudade dos fervores, instintos e até das trombadas que vez ou outra dava na vida. Homero sofre não por ter tentado, mas por ter deixado de tentar.”

Tempestade do Eu não propõe exatamente respostas, já que começa com o personagem decidido a mudar, já de olhos abertos para o problema, já vivendo a tempestade de transformação, o incômodo de perceber a situação na qual foi engolfado. Então, os caminhos trilhados, são os caminhos de Augusto, suas descobertas, mas que são sempre reflexivas em sua mente e, por tanto, o tom de autoajuda que mencionado. Ele expõe suas reflexões ao leitor, assim como uma leitura de autoajuda, que busca mais que indagar, mas já refletir também sobre os pontos problemáticos da temática que está sendo tratada.

“As pessoas passam por nossas vidas. E podem passar como passam as águas de um rio ou um trem que não para na estação. Passam sem voltar. Suas energias se transformam ao longo de suas vidas e toda esta transformação faz com que não haja mais encaixe delas com você.”

Um dos pontos é que a leitura, depois que engajada, fluiu rapidamente, mas os diálogos existentes têm um quê de irrealidade na fala dos personagens, vez por outra, ocorrem construções que são difíceis de imaginar numa prosa descompromissada ou entre amigos. E, especialmente a personagem de Lu, que, mesmo não sendo tratada como uma salvadora, já que o personagem já estava em processo de “reabilitação” da vida, por assim dizer, merecia maior espaço, já que é, sem dúvidas, não alicerce, mas companheira que estaria ao seu lado para ajudar a caminhar na tempestade que acabara de ocorrer.

“As perdas nos fazem amadurecer. Faz darmos valor ao aqui e agora. Valor às simples coisas que acontecem em nossas vidas. Aos simples encontros e desencontros. A perda nos faz refletir sobre tudo o que nos sobra e como podemos aproveitar melhor o que temos.”

De modo geral, o livro traz um tema super interessante, a necessidade de se lembrar de viver enquanto se cumpre obrigações do dia-a-dia, e mostra que, com resiliência e amor próprio, é possível mudar não apenas o seu eu, mas o modo como você aqueles ao seu redor e interage com eles.

“Faça por você o que faria ao seu melhor amigo.”

Aleatoriedades

  • O livro foi recebido em booktour, do IG O Reino das Páginas e em breve será enviado para outro leitor (quem interessar, os únicos requisitos para participar são: ler, postar sua resenha no Instagram e depois enviar para outro leitor. É só me mandar e-mail no contato@retipatia.com falando sobre o booktour)!
  • As fotos foram na vibe descontração que o Snoopy e os personagens da Peaunts, de modo geral, me passam. São histórias e recados que sempre lembram o lado bom de apreciar as pequenas coisas da vida, então, acabou que foram escolhidos para a sessão de fotos.

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Ouvindo Riptide – Vance Joy

Comente este post!

  • Juliana Sales

    Esse livro já prendeu minha atenção na primeira citação: “Reflita sobre seu caminho e redesenhe se assim for preciso”. Me parece bem interessante acompanhar a trajetória de um personagem que busca se reinventar e lutar pelo futuro que ele deseja. Acho que todos já tiveram (ou vão ter) um momento assim na vida, de parar e pensar: “o que é eu tô fazendo?”, “onde eu quero chegar?”. Eu, particularmente, não tenho nada contra livros de auto-ajuda. Acho que até do mais clichê podemos absorver algo de útil se tivermos discernimento. Também acho legal que um livro sim conte a história de uma personagem e mostre a mudança na vida dele. Fiquei um pouco com o pé atrás pelo que você disse do diálogos irreais, mas ainda acho que pra mim valeria a leitura.

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    • Retipatia

      Oi Juliana!
      Também não tenho nada contra literatura de auto-ajuda, até li um ou outro, mas é bem fora do meu hábito de leitura. Mas esse livro realmente traz mensagens bem bacanas para a gente refletir. O personagem estava exatamente em um ponto da vida que abriu os olhos e se fez essas perguntas e, não gostou das respostas, por isso foi em busca de mudanças. O que acho válido para qualquer pessoa e que é necessário que ocorra.
      Sempre há coisas boas a serem apreendidas, com certeza! A parte dos diálogos é pequena, a maior parte da narrativa é pelo personagem, e é uma ou outra que isso acontece, de modo geral, não chegou a atrapalhar a leitura.
      Se quiser participar do booktour, só me falar que posso te mandar o livro! <3
      Obrigada pela visita! <3
      xoxo

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  • Monique Dieli Chiarentin

    Esse livro parece ser algo diferente, algo que nunca li, mas algo que nos faz parar e refletir sobre as coisas ao nosso redor.
    Ultimamente tenho me esforçado muito para apreciar as pequenas coisas e não me estressar tanto, além de pensar positivo em qualquer situação. Gostei de ver que a mensagem do livro parece ser exatamente essa!
    Adorei o post!
    E como sempre suas resenhas e suas fotos são lindas e cheias de amor!

    Beijos
    Inverno de 1996

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    • Retipatia

      Oi Monique!
      Com certeza é uma leitura bem fora do comum pra maior parte das pessoas, para mim também foi! E a mensagem do livro é essa, apreciar o que se tem, as pequenas alegrias que a vida nos proporciona e que geralmente deixamos passar despercebidas. <3
      Feliz que tenha gostado da resenha e das fotos! <3
      Obrigada pela visita!
      xoxo

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  • Lunna

    Ah, eu amo Vance Joy… e riptide é maravilhosa e combina com Tempestade, que é o que sou (desde sempre). Enfim, claro que pousei o olhar na capa do livro e fiquei a imaginar, mas quando chegou no tal exercício da maçã, me inquietei. Imagina essa pessoa aqui diante do espelho a olhar a maçã. Claro que eu iria rir, olhar nos meus olhos e dizer: ‘é um coelho’. Comeria a maçã e sairia para caminhar ruas, olhar pessoas.
    Eu entendi o propósito da trama, mas confesso que me incomodei com o titulo e a idéia que se formou a partir disso. Tempestade é uma coisa tão intensa-imensa. Eu me lembro da minha primeira tempestade, ali compreendi quem sou, o que sou e quem seria. E a cada movimento de vida sou lembrada disso. Em fúria eu cuspo trovões. Em estado de calma, eu sou toda relâmpagos. kkkkkkkk
    Enfim, entendo isso de você tentar ler e deixar de lado um livro, já fiz isso algumas vezes com vários livros e autores. rs

    bacio

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    • Retipatia

      Oi Lunna!
      Riptide eu ouço praticamente como se fosse um mantra, sabe. Um trem que mexe com minha própria tempestade, por assim dizer. E sempre vem aquele clipe na minha cabeça… ehehehe
      E acho que então você certamente não precisa do exercício da maçã! ahaha Eu também não sei se me imagino a fazê-lo…
      Eu acho que eu ando em tempestades frequentes nos últimos anos, e tem as horas de calmaria que só vejo a beleza dos raios e me apaixono por eles, saio transformada depois de cada uma. Não acho que sejam ruins, como um todo, fazem parte de nós e da nossa construção.
      Como sempre, obrigada pela visita! <3
      xoxo

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  • Claudia

    Oi Renata
    Que delícia de post, adorei!
    As fotos estão fantásticas, como sempre.
    Gosto muito de conferir suas impressões sobre os livros.
    Não conhecia a escrita do Fabio e fiquei bem curiosa
    Adorei o exercício da maça. Também penso que devemos tratar todos como tratamos nosso melhor amigo, mas por vezes não é nada fácil….rs
    Que bacana que é um booktour! Eu participo do grupo do livro viajante e leio muitos livros assim!
    Beijão

    responder
    • Retipatia

      Oi Claudia!
      Own, feliz que tenha gostado do post e das fotos!!! <3
      O livro é bem interessante mesmo, como o exercício da maçã! E a mensagem sobre tratar a si como o melhor amigo pode não ser das mais fáceis de cumprir, mas é um ótimo começo pensar a respeito!
      É bem legal participar de booktour, né, é sempre uma dinâmica diferente!!!
      Obrigada pela visita!
      xoxo

      responder
  • Sara Gomes

    Amei!!!

    Excelente artigo!

    Um dos melhores blog que acesso, sempre tem artigos novos e com bastante conteúdo de qualidade.

    Parabéns!

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  • Luana Souza

    Eu sou aquela pessoa que acredita que cada pessoa é um pequeno universo, com suas tempestades e percepções pessoais. Só por isso já me vi encantada pelo título do livro!
    Oi, Rê! Você, como sempre, trás resenhas de livros que fogem do tradicional. Muitas vezes me pego lendo livros que tratam de pessoas que querem buscar novos horizontes e perspectivas diferentes, e acabam envolvendo nesse processo outras pessoas. A premissa desse livro me lembrou um pouco um dos últimos que li: Leve-me Com você *-*
    Adorei essa dinâmica da maça (hihi), e fiquei curiosa para saber como o protagonista e os outros personagens vão lidar com tudo. A resenha está linda <3

    responder
    • Retipatia

      Oi Luh!
      Eu também acho que somos mais tempestade que calmaria, e o título realmente reflete isso. Mas não que a tempestade tenha que ser, necessariamente, um momento tenso e de revoltas…
      Esse livro realmente foge do tradicional pra temática, ele conta uma história e as reflexões do próprio personagem e não segue a linha dos mais tradicionais de auto-ajuda, em que o autor dialoga diretamente com o leitor.
      E eu tô louca para ler Leve-me Com Você (que edição e que história são aquelas!?) <3
      Qualquer dia, se fizer a dinâmica da maçã, me conta se foi legal! ehehe
      Obrigada pela visita! <3
      xoxo

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  • Ana Claudia Soriano de Angelo

    Amiga, que post maravilhoso!!! A busca constante por nosso eu, e o autoconhecimento, nos fazem encarar nossas próprias tempestades, mas nem sempre sabemos como lidar, não é verdade?
    A propósito, amei a resenha! Um poesia linda você nos possibilitou com a leitura do seu trabalho!
    Abraços!

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    • Retipatia

      Oi Ana Claudia!
      Ah feliz que tenha gostado! Com certeza às vezes precisamos de ajuda para conseguir seguir pelas tempestades que a vida nos impõe.
      Obrigada pela visita, fico feliz que tenha gostado da leitura da resenha! <3
      xoxo

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