às quartas nós lemos a GLit

receba a newsletter sobre literatura, criatividade e criação de conteúdo gratuitamente no seu e-mail

BEDA #29 ♥ Para onde vão os personagens?

para onde

Bom dia, tarde e noite everyone!

Vigésimo nono dia de BEDA, antepenúltimo dia! Mal posso acreditar que o fim está tão próximo! rsrs Hoje é dia de tema livre aqui no blog e vou falar de algo bem aleatório. Essas coisas que ficam na cabeça da gente e que, de modo geral, podem não fazer sentido algum no fim das contas. Mas, vamos lá!

Talvez ao ler um livro, a história de alguns personagens é traçada apenas nas últimas páginas. Em alguns casos, isso não ocorre e você sequer sabe o destino de cada um deles. Talvez não coubesse falar ao fim da história, talvez o autor não se importasse com tais desfechos, talvez quisesse deixar o mistério no ar ou que sua imaginação cumprisse seu papel. Ou talvez ele simplesmente também não saiba o que aconteceu com eles.

São muitos poréns para pouca ou nenhuma certeza.

Ao ler um livro, em que um ou outro personagem não tem seu final dito, ou mesmo quando ele dá margem a várias suposições, é normal que o leitor fique imaginando o que, de fato, ocorreu com aquela pessoa. Claro que isso só vai ocorrer a depender da própria liberdade que o texto proporcionar.

Contudo, quando você está do lado de lá, criando um personagem, dando-lhe características, personalidade, descobrindo seu passado e futuro, inventando fatos e histórias até não ser mais necessário, porque o personagem passa a dar seus passos independentemente da vontade do escritor, em alguns momentos, é verdade que nem mesmo o escritor sabe o que, de fato, ocorreu com o personagem.

Isso pode parecer estranho, afinal, se é invenção sua, como não sabe o que houve? Basta escrever e terá acontecido. Basta imaginar e, voilà, está escrito um destino, traçada uma história.

Mas isso não é de todo fácil ou passa bem longe do que tenho como verdade. Cada personagem criado tem vida própria. O autor é criador até certo ponto, até quando, mesmo contrariado, escreve as decisões daquele personagem. E que, por vezes, sequer são as que inicialmente foram planejadas para a história.

Não são, muitas vezes, decisões do autor. Todo personagem bem construído logo é capaz de dar seus próprios passos. Isso pode parecer idiotice, loucura ou piegas. Talvez seja tudo isso, mas quem escreve, sabe bem do que estou falando.

Assim, a cada personagem que crio, um destino aparentemente selado pode mudar. E, diante do ponto em que a história se encerra, o que resta? Um destino incerto? Existe vida após a história, por assim dizer?

Eu prefiro acreditar que sim. Há algum tempo escrevi uma pequena crônica, a qual estou postergando o momento para reler e revisar o texto, alterar o que já está em mente…, mas o mais interessante é que, independente do desfecho da história, quando terminei, além de sentir – muita – falta dos personagens, como se fossem amigos que partiram para uma longa viagem, falta de estar com eles durante a escrita de mais uma parte da história, me pergunto: o que aconteceu com eles?

Claro que parte do que houve depois da história eu sei, porque pensei e planejei, apesar de não ter entrado na história, especialmente porque será vista em outras crônicas que se relacionam à essa primeira. Mas, e depois?

Especialmente quando se trata de uma história que não finaliza com “e viveram felizes para sempre”, para onde esses personagens foram?

Cada um continuou lutando suas batalhas? Seguiu sua vida, já que nem sempre a vida toda vale a escrita. Afinal, apenas os momentos que valem a pena, os momentos difíceis ou absurdamente felizes é que são retratados. A frugalidade não é interessante e, assim, as histórias tendem a contar apenas a parte mais interessante, a que faz com que os outros a queiram ler. (Ok, isso não é nenhuma verdade absoluta. Já leram ‘O Sol Também se Levanta’, de Ernest Hemingway? É uma boa definição do oposto ao que eu disse aqui, é o exemplo da arte de se contar uma história que, ao mesmo tempo, nada e tudo ocorre, e o momento descrito é e não é diferente de todos os outros já vividos pelos personagens. A arte de contar um pedaço que lhe mostra como o todo funciona).

Mas, partindo da premissa de que apenas o importante é contado, o resto da vida destes personagens tende a ser desimportante? Não, não desimportante. Apenas, talvez, desinteressante. Não precisa ser contada, o que não significa que ela não existe, não existiu ou não existirá. O que não significa que seja menos significativa para aqueles que a vivem. E, me leva a querer discorrer sobre, mais detalhadamente, porquê as histórias, habitualmente terminam com suas diversas versões do ‘felizes para sempre’. Só que isso é papo para outro dia…

E, assim, só nos resta esperar que, no mundo paralelo em que nossas criações e as criações de tantos outros, estejam seguindo suas vidas, da melhor maneira possível. Da maneira como desejamos que um amigo distante que não temos mais contato, mas ainda assim temos muito amor e carinho, estejam não vivendo seu felizes para sempre, mas ao menos, vivendo. (Lembrando que não entrarei no mérito da vida após a morte de um personagem, são tantos que eu mato/matei que vão dessa para a melhor que dá até peso no coração pensar em todos eles! rsrsrs).

Esses foram os loucos pensamentos do dia, e você, quais questões aleatórias martelam com frequência em suas mentes?

xoxo

Ouvindo: Sarah Brightman ♥ Running

BANNER BEDA cópia

7 on 7: qual sua relação com a comida?

7 on 7: qual sua relação com a comida?

ler artigo
Conto: Amor em Tempos de Pandemia (ou seria crônica?)

Conto: Amor em Tempos de Pandemia (ou seria crônica?)

ler artigo
Saúde Mental em Tempos de Pandemia

Saúde Mental em Tempos de Pandemia

ler artigo

Comente este post!

  • Luly

    Eu SEMPRE penso nisso! Mas assim, mais pra mim do que pra obra dos outros.
    Veja bem, eu tenho um carinho especial por vários personagens que já criei, mas nenhum deles eu amo mais do que a protagonista do meu primeiro livro. E apesar de eu saber TUDO sobre ela, só sei até o ponto em que o “FIM” acontece. É como se ela fosse uma super amiga que tive por um ano inteiro e, nesse meio tempo, fiquei sabendo TUDO sobre, mas aí perdemos contato magicamente e só posso imaginar. E dentro de mim eu torço para que no mundo paralelo dos personagens fictícios ela esteja tão bem quanto eu acho que merece. Não sei como, mas ainda assim,

    E é legal porque essas palavras que eu usei são as que uso sempre que vou falar com alguém sobre o assunto, desde que comecei com essa história a anos atrás, mas são também quase as mesmas que você usou no final do seu texto, então acho que nos sentimos meio que igual!

    responder
    • Retipatia

      Eu só tenho uma coisa a dizer: quem não tem seus preferidos? Podem não ser os mais perfeitos, nem nada! Mas sempre teremos e é impossível não se perguntar como eles estão nesse momento, vivendo suas vidas e tudo o mais??? kkk E sim, acho que os sentimentos são próximos, sem dúvidas! <3

      responder
  • Kimberly Camfield

    Entendo perfeitamente o que você quer dizer haha Vez ou outra escrevo algum conto por hobby e para treinar a escrita e a história assume um rumo que nem eu planejava. Parece que a partir do momento que você dá as características principais ao personagem ele assume vida própria.
    P.S.: Ainda martela na minha cabeça o que aconteceu com a Umbridge após a guerra em Hogwarts. Me senti na necessidade de compartilhar isso.

    Beijoos

    responder
    • Retipatia

      É exatamente isso Kim, os personagens assumem vida própria! Eu acho isso incrível! ahahah E também acho que seria interessante ver alguns desfechos de alguns personagens como a cara de sapo! kkk HP é muito amor e nos deixa curiosa com absolutamente tudo! <3

      responder
  • Fernanda

    Engraçado você dizer, acho que não sou do tipo de pessoa que fica perguntando o que acontece com os personagens, talvez porque me contente com o final do livro, ou talvez porque eu crie algo na minha mente para os personagens que satisfaz a minha curiosidade a respeito. Para mim existe um limbo para onde vão os personagens e lá eles vivem harmoniosamente bem, superam os problemas que tiveram, e pode até ser que virem amigos ahahahah (tô viajando como você). Mas assim, gosto das suas histórias justamente por isso, ok que você dá uns fins nada legais para alguns personagens, mas o fato de poder ver, ou melhor, ler sobre ele em uma outra história, meio que já dá um gostinho de como a vida continuou para ele, sem a gente precisar viver no mundo da imaginação nesse quesito.

    responder
  • Diovana Cougo de Vargas

    Eu acabo tendo essas reflexões com muita frequência, é muito interessante a proposta do seu post, fiquei confabulando enquanto lia e quero muito escrever mais, inclusive tenho uma ideia para uma história e seu post ficou me fazendo imaginar como seria essa aproximação com os personagens e como seria a experiência de ver eles passarem a ser “independentes”. Estou apaixonada por sua escrita <3 Arrasou, guria!

    Beijos,
    pinguimtagarela.blogspot.com.br

    responder
  • Luana Souza

    eu sempre penso no que determinado personagem de depois que o livro acabou! eu fico imaginado caminhos pra ele *_* por isso acho que autores que escrevem spin-off (SPIN-OFF, não aquelas continuações chatas!) são os melhores do mundo. amo ainda mais quando a história do spin-off trata de personagens secundários hehe.

    ah, e esse seu texto explica muito o que os autores querem dizer quando falam que “precisam ouvir a história do personagem” 🙂

    beijos.

    responder
  • Renata Rodrigues

    Isso é uma coisa que fica muito na minha cabeça quando termino um livro. Ao ler seu texto, lembrei muito de “Quem é você, Alasca?” pois li já fazem anos e até hoje me pergunto o que aconteceu com os demais personagens depois que o livro acabou – embora tenha ficado bastante decepcionada com ele, rs.
    Enfim, isso é uma coisa muito intrigante, afinal, vai variar de acordo com a imaginação de cada um, né?
    Beijos,
    http://www.vestidinhojeans.com

    responder