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O Clube do Crime das Quintas-Feiras ♥ Richard Osman

Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

Bem-vindo ao Clube do Crime das Quintas-Feiras, sente-se confortavelmente enquanto analisa a foto desse cadáver. Cada detalhe importa e temos peritos inigualáveis aqui no Clube. Todos acima dos 65, ainda bem. Estamos muito animados para desvendar esse mistério, especialmente porque, você sabe, dessa vez temos um crime bem aqui, Coopers Chase. Ah, deixa eu me sentar também, sabe como são os meus joelhos. Ah e antes que eu me esqueça, todas as suas quintas estão livres, não é?

O Clube do Crime das Quintas-Feiras (The Thursday Murder Club)
Richard Osman
Tradução Jaime Biaggio
Intrínsecos | Intrínseca | 2021 | 400p.
Disponível em Amazon | Intrínsecos
“Você costuma estar livre às quintas-feiras?
E foi assim, acreditem se quiser, que eu ouvi falar pela primeira vez das Quintas-Feiras.”

Sobre Richard Osman

Richard Osman é produtor e apresentador de televisão. Já trabalhou em diversos programas de TV britânicos e hoje tem o próprio game show na BBC. O Clube do Crime das Quintas-Feiras é seu primeiro livro — e por enquanto o melhor.

Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

Sinopse de O Clube do Crime das Quintas-Feiras

Toda quinta, em um retiro para aposentados no sudeste da Inglaterra, quatro idosos se reúnem para discutir ópera japonesa. Mas não é bem isso que acontece ali dentro. Elizabeth, Ibrahim, Joyce e Ron usam o horário para discutir casos policiais antigos sem solução, querendo trazer justiça às vítimas e encontrar os responsáveis.

Com todos os integrantes acima dos setenta anos, o Clube do Crime das Quintas-Feiras não é a equipe de detetives mais convencional em que se conseguiria pensar, mas com certeza está mais do que acostumada a fortes emoções. Afinal, Joyce foi enfermeira por décadas, Ibrahim ajudou pacientes psiquiátricos em situações dificílimas, Ron era um reconhecido líder sindical e Elizabeth… bom, digamos que assassinatos e redes de contatos sigilosas não eram nenhuma novidade para ela.

Quando um empreiteiro local com projetos bastante questionáveis na cidade aparece morto, o grupo tem a oportunidade de seguir as pistas de um caso atual. Apostando em suas habilidades investigativas eficazes, além de trocas de favores com a polícia, os quatro amigos embarcam em uma aventura em que as mortes do presente se entrelaçam com antigos segredos, e em que saber demais pode trazer consequências perigosas.

Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

O Clube do Crime das Quintas-Feiras

Bem-vindo a Coopers Chase, o retiro para aposentados que reúne um seleto grupo de residentes. Todos experientes, acima dos sessenta e cinco. A melhor parte mesmo é que são também os mais interessantes, do contrário não existiria O Clube do Crime das Quintas-Feiras. A escolha do dia da semana pode ser um mero detalhe por disponibilidade na agenda, mas o tópico central a ser investigado, ah esse foi muito bem escolhido.

“O lugar foi anunciado como ‘o primeiro retiro de luxo para aposentados no Reino Unido’, ainda que Ibrahim, que se deu ao trabalho de checar, diga ter sido na verdade o sétimo. No momento, há cerca de trezentos moradores. Só é permitido se mudar para cá depois de completar sessenta e cinco anos.”

Joyce acaba de se mudar e agora faz parte do grupo seleto que se reúne religiosamente às quintas para debater crimes arquivados não resolvidos. O Clube foi criado por Elizabeth e, junto a ela, o time se completa com Ibrahim e Ron. Cada um com sua especialidade, mas não necessariamente amigos, formam uma peça importante para o que está por vir: Joyce foi enfermeira; Elizabeth com certeza é alguém que fez muitas coisas, não necessariamente lícitas; Ibrahim atendia pacientes psiquiátricos e Ron foi um excelente líder sindical.

“Elizabeth havia formado o Clube do Crime das Quintas-Feiras com Penny, que fora inspetora da polícia de Kent por muitos anos e levava as pastas com os casos não resolvidos de assassinato. Ela nem deveria ter esses arquivos, mas quem se importava com isso? Depois de certa idade, você pode fazer basicamente o que quiser. Ninguém vai repreendê-lo, exceto os médicos e os filhos.”
“Hoje Elizabeth diz que ler fichas policiais munida da certeza de que a polícia mente para você é surpreendentemente eficaz.”
Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

A ideia era se manter nos casos antigos e não solucionados, mas a questão é que a realidade guarda suas surpresas e logo um assassinato ocorre bem em Coopers Chase! Excitante, não é mesmo!? Pode ter certeza que os membros do Clube acham. E agora mesmo os detetives terão que reconhecer que o Clube do Crime das Quintas-Feiras pode ser uma pedra no sapato, quero dizer, tudo depende do ponto de vista, pode ser uma mão na roda!

“Descobri que o famoso líder sindical Ron Ritchie vivia no vilarejo quando ele e John, o marido de Penny, cuidaram de uma raposa ferida até ela ficar boa e a batizaram de Scargill. A história havia aparecido no jornalzinho local assim que cheguei por aqui. Levando-se em conta que John era veterinário e Ron era, bem, Ron, suspeitei que John se encarregara dos cuidados com o animal e Ron simplesmente de batizá-lo.
O jornalzinho, aliás, se chama Direto ao Ponto.”

Com uma narrativa envolvente, a história se apresenta de duas maneiras: relatos em primeira pessoa, através do diário de Joyce, e em terceira pessoa, relatando na voz onipresente do narrador. A diferença garantiu um certo charme inteligente, já que é nada menos que adorável e divertido ler os relatos de Joyce e, ao mesmo tempo, a narrativa em terceira pessoa explora outros pontos e personagens que a primeira linha não permitiria.

“Somos o Clube do Crime das Quintas-Feiras.”
“A intenção do Clube do Crime das Quintas-Feiras não era restaurar justiça num passe de mágica; isso, imagino, todos sabíamos. Penny e Elizabeth haviam solucionado casos de todos os tipos para satisfação própria. Mais do que isso não dava para fazer.”

Além disso, o humor ácido de Richard Osman traz um diferencial para a história. Ao mesmo tempo que nos pegamos refletindo sobre a terceira idade e em como ela é vista nos dias de hoje, como as gerações mais novas as tratam, é um contraponto ótimo ter a história mostrada a partir do ponto de vista deles. Não menos capazes ou sagazes, apenas com suas próprias particularidades de quem já viveu mais e, por isso mesmo, tem experiência de sobra para nos dar lições a todo o tempo.

“Então acho que podemos dizer que Penny e Elizabeth nunca realizaram de fato seu desejo. Todos aqueles assassinos continuaram sem castigo, rondando por aí, ouvindo a previsão do tempo para o litoral. Haviam se safado, como às vezes acontece, sinto informar. Quanto mais velhos ficamos, mais temos de aceitar esse tipo de coisa.”
Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

Os personagens são um misto de personalidades e trejeitos e é impossível ler e não se assemelhar com um e outro, ou mesmo pensar em um ou outro idoso que você conhece. Aqui, as surpresas não falam apenas sobre como a terceira idade pode ser incrível, quando o mundo costuma vê-los apenas como ultrapassados, fala muito sobre independência, respeito ao passado, dignidade e autoconfiança na terceira idade. É sobre envelhecer, é claro, mas envelhecer nos seus próprios termos, ainda que a vida exija uma ou outra coisa que lhe escape das mãos.

“Vários anos atrás, todos acordavam cedo, pois havia muito o que fazer e o dia só tem vinte e quatro horas. Agora acordam cedo pois há muito o que fazer e seus dias estão contados.”
“Hoje o Clube do Crime das Quintas-Feiras tem um caso no mundo real. Não são apenas páginas amareladas com tipografia borrada de uma outra época. Um caso real, um cadáver real e, em algum lugar à solta, um assassino de verdade.”

Um dos pontos mais interessantes é como a história se mostra um grande quebra-cabeças: é impossível não se pegar tentando descobrir quem é o assassino e, especialmente porque tudo aconteceu. Acompanhamos as investigações da polícia, mas especialmente a investigação do Clube do Crime, infinitamente mais eficiente, diga-se de passagem. É como adentrar numa investigação de Agatha Christie e perceber que, por mais perspicaz que você seja, surpresas ainda lhe esperam. Não só descobrir a verdade é difícil, como é algo que te prende à trama como se você estivesse numa teia de aranha. Mas o detalhe é que você não quer sair de lá, vai virar página após página, querendo o desfecho, querendo descobrir tudo, pensar como eu não vi que isso estava por vir? Para então fechar a contracapa e perceber que você quer mais, mais aventuras, mais do Clube do Crime e mais desses personagens únicos e apaixonantes.

“O trajeto é bastante agradável. Faz sol, o céu está azul e o clima é de assassinato.”
“Nessa vida precisamos aprender a contar os bons dias. É preciso colocá-los no bolso e agora vou dormir.”
Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

A melhor parte é que a Intrínseca já confirmou que lançará o segundo livro do Clube do Crime das Quintas-Feiras: o homem que morreu duas vezes, nesse segundo semestre de 2021. Além disso, ele terá uma tiragem especial no Intrínsecos, com capa seguindo o estilo dessa, com uma raposinha e será na cor roxa (a venda estará disponível para assinantes do Intrínsecos, na Loja Intrínsecos exclusivamente, para conhecer é só clicar aqui).

“De vez em quando, você acordaria no meio da noite com aquela terrível sensação de ansiedade. Tanta coisa para se perder, e logo a sanidade mental? Não dá para ser uma perna, um pulmão, qualquer outra coisa antes disso? Antes de você virar a ‘tadinha da Rosemary’, o ‘tadinho do Frank’ e vislumbrar o sol pela última vez tendo a consciência de quem é. De acabarem os passeios, os jogos, os Clubes do Crime. Antes de você acabar.”
Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

Falei em melhor parte, mas dá para ficar ainda mais feliz: o livro já teve os direitos adquiridos para uma adaptação por Steven Spielberg e minha cabeça já começa a montar um mega elenco, é uma história que tem tudo para ser perfeita nas telas. Inclusive, tem um post especial aqui no blog mostrando todos os livros publicado pelo Intrínsecos que ganharam ou vão ganhar uma adaptação.

“Vocês devem me achar obcecada por assassinatos, afinal não falo de outra coisa desde que comecei este diário. Talvez então deva contar algumas outras coisas. Vamos falar de coisas que não envolvam assassinato. Sobre o que eu posso falar?”

Seja você fã de histórias com velhinhos, de romances policiais, de histórias com humor ácido e tragicômico. Seja você alguém que gosta de como as histórias podem ser tocantes, que falem nas entrelinhas sobre a vida e viver, em como é importante aqueles que mantemos ao nosso redor, bem, pode ter certeza que você precisa conhecer O Clube do Crime das Quintas-Feiras. E se nada disso é o seu forte, é mais um motivo para dar uma chance porque o Clube do Crime tem sempre uma carta secreta guardada na manga e vai te surpreender!

“Sempre olhe para onde não há nada acontecendo, pois é ali que está toda a atenção.”
“É como nós, seres humanos, somos. Na maior parte dos casos, somos gentis.”
Resenha do Intrínsecos #031 de abril de 2021, O Clube do Crime das Quintas-Feiras, de Richard Osman (Intrínseca).

Aleatoriedades

O Clube do Crime das Quintas-Feiras foi publicado primeiro no Intrínsecos, o Clube do Livro da Editora Intrínseca. Essa é a edição do mês de abril de 2021 e, como toda caixinha do clube, veio em edição especial em capa dura + Revista Intrínsecos + cartão postal + marcador de página + brinde especial (nessa edição foi um kit de lápis com os títulos de vários livros queridos do clube). Além dos extras digitais que os assinantes têm acesso no site do Intrínsecos, é só clicar aqui para conhecer!

A Revista Intrínsecos desse mês foi especialíssima, contou com artigos sobre envelhecimento, a profissão detetive e jogos interativos para fazer na própria edição. E claro, na Revista sempre tem informações e curiosidades sobre o livro e o autor da obra, tudo para expandir o universo que vemos nas páginas de O Clube do Crime das Quintas-Feiras. Um universo que queremos muito revisitar, inclusive!

O Intrínsecos #031, de Abril de 2021 foi recebido em parceria com a Editora Intrínseca, esse ano faço parte do time de Embaixadores do Clube (honrada demais com essa parceria)!

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

Retipatia
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  • Angela Cunha

    Lá vem eu e minha frase clássica: um dos livros mais desejados do momento rsrsrsrs
    Que culpa tenho? rs
    Eu vejo uma série que se chama O Método Kominsky que amo de paixão, por trazer os “senhorzinhos” em sua melhor forma, azedos, elétricos e unidos.
    Por isso, esse livro me lembrou muito ela e eu amo muito isso.
    Por isso, já quero ler esse primeiro livro, ver a adaptação e sofrer na espera de mais um chegando!!!
    Suas fotos?? Impecáveis, como sempre!
    Obrigada
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

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