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Parcerias com Editoras: entrevista com Editora Wish

No canto superior direito até o centro da foto, um livro aberto com uma caneca dourada, com escrito wish, dentro dela, sai um cordão de pompom e luzes, ao lado, um cachecol listrado de amarelo e cinza está distribuído para cima e para baixo; no canto inferior esquerdo, uma vela no vidro âmbar está acesa sobre uma pequena tora de madeira, e também sobre ela, uma chave antiga; ao lado, um coração de papel com flores e borboleta, ao lado, dois cadernos sobrepostos: o de baixo aberto com as páginas aparecendo, o de cima com a capa fechada, que é preta com animais desenhados no estilo vintage; exemplificam as parcerias com Editoras: entrevista com Editora Wish.

As parcerias com editoras sempre rendem muita discussão no nicho literário. Há quem ache que parceria é para ganhar livros ou que é fácil mantê-la, e já adianto: não é. Ainda assim, existe uma aura de mistério sobre o tema:

Como será que as editoras selecionam as pessoas? Qual critério, o que julgam importante? Como elas veem a parceria? Faz diferença na vida delas?

Eu sei, são zilhões de perguntas. E, se você também tem dúvidas, recomendo começar a acompanhar a GLit, minha newsletter chamada Gentileza Literária!

Por lá escrevo sobre criação de conteúdo literário criativo e tem um capítulo especial sobre parcerias chamado seu livro não paga minha resenha. É bem legal ler ele após esse post!

Parcerias com editoras, pela visão da Editora Wish

Ainda que pensemos sobre como uma parceria funciona e participe de uma ou outra, nossa visão nem sempre é completa. Afinal, nós a vemos e vivenciamos pelo lado de quem cria e não da Editora.

Foi pensando nisso que convidei a Valquíria Vlad, gerente de comunicação da Editora Wish, para falar sobre as parcerias literárias. Numa entrevista exclusiva para GLit, reproduzida aqui no blog, ela traz informações ricas e atuais sobre o tema.

A Editora Wish é minha referência quando o assunto são parcerias equilibradas e abertas ao diálogo. Pioneira em investir no seu time de parceiros, a Wish se mostra ano a ano cada vez mais atenta às necessidades do mercado. E, claro, também nas dos seus parceiros.

Antes de te deixar seguir para a leitura da entrevista, é preciso entender que a Editora Wish não segue parâmetros tradicionais de parceria. Um exemplo é a obrigatoriedade de entrega de resenhas na permuta.

Contudo, tudo que você vai ler na entrevista, fala também sobre como a Wish entende o mercado de conteúdo e enxerga seu potencial. E claro, ela trará dicas valiosas sobre como funciona seu processo de seleção de crushes.

Entrevista com Valquíria Vlad, da Editora Wish

Como a Wish vê a parceria com criadores de conteúdo dentro da estratégia de marketing digital da Editora?

“Acredito que a palavra principal aqui seja voz e diálogo. Enquanto editora, nós temos uma voz e a utilizamos para falar sobre literatura e as várias formas com que a arte atravessa e se mescla às nossas vidas. Mas não podemos esquecer que, pela própria sustentabilidade empresarial, é preciso também pensar no lado comercial de cada livro que produzimos – então, quando nós mesmas elogiamos uma obra, às vezes pode parecer meio suspeito para o leitor. Será que esse livro é realmente interessante ou é apenas a editora querendo vendê-lo?, eles podem se perguntar.

Então é importante que existam outras vozes falando sobre isso, sob seus próprios pontos de vista enquanto leitores, não somente a nossa. Especialmente se considerarmos que hoje os produtores de conteúdo literário na internet são os principais incentivadores da leitura. Então a opinião dessas pessoas, que tem seu próprio perfil de público, pode conversar com outros leitores de uma forma que muitas vezes as editoras não conseguem.”

Para a Wish, qual a vantagem ou desvantagem de contar com um time de crushes ao longo do ano?

“Particularmente não vejo desvantagem, mas enxergo desafios, especialmente para equipes de marketing que possuem um time muito pequeno. Os parceiros são como as “extensões de braço” do setor de comunicação. Como toda relação profissional, é muito importante que haja espaço para diálogo, conversa, troca de ideias. Quanto maior for esse time de parceiros, mais disponibilidade você precisa ter na sua rotina para atendê-los e para acompanhar as publicações, para que a editora também prestigie o trabalho do criador, o que às vezes demanda uma pessoa dedicada apenas à atividade de relacionamento com influenciadores. Em editoras menores, nem sempre isso é possível.

Em relação à vantagem, além de ampliar o alcance e apresentar determinados títulos para novas pessoas que nunca tiveram contato com a editora, eu vejo também uma oportunidade muito legal e que poucas editoras exploram: o de apresentar ideias e colher feedbacks, sugestões. Antes de serem formadores de conteúdo, essas pessoas são leitores. E a gente sabe que os leitores amam dar sugestões, então eu diria que o time de parceiros pode dar sua própria contribuição para algo que eles gostariam de ver acontecer. E acaba se tornando uma via de mão dupla: a editora pode contar com um feedback confiável e os criadores têm acesso exclusivo a novidades e informações privilegiadas.”

Desde que a Wish nasceu, você acredita que esse tipo de parceria influenciou ou contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da Editora?

“Eu acho que isso, no nascimento da editora, foi fundamental. Quando uma nova editora nasce, os leitores dificilmente têm algum histórico ao qual recorrer para entender qual é a proposta editorial, a qualidade do material, quem são as pessoas por trás disso. Então crescer o público nesse início é uma tarefa muito difícil – é preciso saber se comunicar bem com essa audiência. Os parceiros e influenciadores são os primeiros a “testar” o resultado de uma publicação, então nesse momento eles estão validando o trabalho de toda uma equipe. Essas avaliações são muito importantes e vão agregando novos leitores com o passar do tempo. E se, por acaso, algo desagradar essas pessoas – e eventualmente isso acontece -, esse feedback também é importante. São críticas construtivas que fazem o trabalho amadurecer.”

Hoje, o que vocês mais valorizam no trabalho dos criadores de conteúdo quando buscam formar o time de crushes da Wish?

“Em termos técnicos, acho que a primeira coisa é analisar o perfil do público e o perfil de leitura desses criadores, para garantir que o influenciador tem um gosto por livros semelhante ao que a editora publica e que ele consegue se comunicar com outras pessoas deste perfil. Pra gente, é muito importante compartilhar lançamentos que façam sentido para essas pessoas, que elas possam sentir prazer com a leitura, sem ser algo feito “por obrigação”. A obrigação, aliás, é uma coisa que a gente aboliu. Nenhum dos parceiros da editora tem por obrigação resenhar o livro, por exemplo. A variedade do que pode ser feito como conteúdo é enorme. Às vezes é um vídeo mostrando detalhes da edição, ou um ensaio fotográfico, ou tiktoks divertidos. Essa liberdade criativa é algo que a gente valoriza bastante.

Isso, aliás, é a segunda coisa que a gente olha: a qualidade e que tipo de conteúdo ele produz. Foto, vídeo, texto, áudio? Ter uma variedade de pessoas em diferentes formatos pode ser algo interessante de ser explorado, especialmente se a gente pensar na vida útil desses conteúdos – por quanto tempo eles ficam no ar e são ou não fáceis de encontrar.

Enquanto editora, a gente nem sempre sabe que tipo de conteúdo pode funcionar super bem na internet, especialmente se for em um perfil que não é gerido por nós. Então: quem melhor do que o próprio criador para definir o que ele pode ou não fazer?”

Do lado de dentro da Editora, o que você pode nos contar sobre o funcionamento das parcerias? Seja sobre a questão do marketing digital e de conteúdo, o contato constante e direto com os crushes, as etapas de planejamento e gestão, etc…

“Na Wish, o processo de parcerias evoluiu bastante com o tempo. Lá no início, havia uma tendência de seguir o mesmo “padrão de mercado” que outras editoras promoviam como parceria, porque nenhuma de nós tinha muita experiência nessa área em específico. E no mercado editorial, diferente de outras indústrias, essa relação é algo que ainda está se profissionalizando. Mas, com o tempo, e conversando com os próprios parceiros, a gente viu que esse padrão de mercado não fazia sentido com o que a gente queria construir.

Então hoje a gente promove pouquíssimas vagas de parceria, com vigência anual (abrimos seleção todos os anos), para justamente ter esse contato próximo e dedicado a cada um dos parceiros. Além da liberdade criativa para produzir o que e quando quiser, os parceiros também podem escolher quais livros eles gostariam de receber, quais leituras eles têm mais interesse. Então nosso papel é estar presente para atender essas demandas, apoiar seus projetos individuais quando possível e fornecer o que for necessário para que essas pessoas possam criar. E, na medida do possível, às vezes até apoiar sua própria profissionalização; lembro que fizemos uma oficina coletiva sobre fotografia criativa para livros. Também já chegamos a contratar, para além da permuta da parceria, alguns dos parceiros para atividades específicas com ações remuneradas, como leitura coletiva, por exemplo.”

Quais dicas a Wish pode dar para quem quer fazer parcerias com editoras?

“Acho que a primeira coisa é conversar com outros influenciadores que têm parcerias com editoras. Embora seja algo voluntário e muitas vezes não-remunerado, produzir conteúdo é um trabalho. E, como todo trabalho, isso demanda tempo, recursos e energia criativa. Então, acho que é importante escolher bem quais são as editoras com as quais você gostaria de fechar uma parceria, entender se o modelo dela de parceria faz sentido para você e como isso vai se encaixar na sua rotina, quais seus planos para isso a longo prazo.

Eu vejo como tendência a profissionalização dessa atividade e que os perfis literários possam, de alguma forma, monetizar o que produzem. Hoje, os parceiros da Wish têm a opção de ter seu próprio link de afiliados em nossa loja virtual, por exemplo, no mesmo esquema que o sistema de afiliados da Amazon opera. É algo não obrigatório, utiliza o recurso quem quiser e a gente não olha para esses números como medidores de sucesso da parceria, mas é um caminho possível para começar a evoluir e profissionalizar essas relações e se torna uma forma de retribuir o trabalho dos criadores para além da permuta. E é sempre importante lembrar que os parceiros não são promotores de vendas. Venda é uma consequência. O trunfo da parceria é abrir espaço para o diálogo com outros leitores.”

Valquíria Vlad é escritora e publicitária formada pela Universidade Federal do Ceará, gerente de comunicação na @editorawish e analista de projetos no @catarse. É autora de obras ficcionais e não-ficcionais.

Entrevista concedida com exclusividade para a GLit, proibida a reprodução total ou parcial, sem autorização prévia.

Para ler mais dicas sobre parcerias literárias: clique aqui. E, para acompanhar as aberturas de seleção para 2023 das editoras, leia e acompanhe este post do blog. Se ficou com alguma dúvida sobre parcerias com editoras, você também pode comentar aqui!

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