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Quando Acordei ♥ Gabi Amorim

Quando Acordei

Gabi Amorim

Publicação Independente Amazon

“Uma criança sem conhecimento nenhum de vida valorizando muito mais as coisas simples, como tomar café com alguém, mesmo sabendo que esse alguém não te dá a mínima atenção. Nós, adultos, nem prestamos atenção a esses detalhes. Estamos tão preocupados com horários, prazos e dinheiro que não temos tempos para esse tipo de coisa.”

Sobre a Autora

Gabi Amorim nasceu em Caxambu, Sul de Minas Gerais. Iniciou sua vida acadêmica na Universidade Federal de Lavras (UFLA) onde cursou dois anos de licenciatura em química, mas dessitiu do curso para seguir seu grande sonho de ser escritora.

Hohe em dia leciona aulas particulares de matemática, de química e de física em sua cidade natal enquanto escreve seus livros e em seu blog pessoal.

Quando Acordei é seu primeiro livro, apesar de já ter mais dois concluídos e diversos planejamentos de enredos prontos, afinal, a mente de um autor nunca desliga.

Sinopse

Juliana, jovem, vinte e três anos, da alta sociedade, inesperadamente dormiu e acordou completamente surda. Seu maior problema não é conviver com a deficiência e sim com um dos maiores vilões de nossa sociedade… O preconceito! Em meio a tanta dificuldade ela se depara com um jovem problemático que esconde uma parte de seu passado. O improvável acontece e os dois despertam-se para o sentimento mais puro e forte que é o amor. Mas será que na prática tudo é tão simples assim? O amor deles é maior que o preconceito? A força desse sentimento resistirá às limitações da deficiência de Juliana? O que vale mais a pena: poder ouvir um “eu te amo” ou estar ao lado da pessoa amada mesmo nunca conhecendo o som de sua voz?

Um romance que levará o leitor através de uma verdadeira viagem pelos dramas humanos, narrados de maneira bastante real, mas acompanhados magistralmente por todos os personagens envolvidos, depois de muito sofrerem, dos sentimentos mais puros, reais, da humildade, abandonando as fantasias que sempre são criadas.

Quando Acordei

Juliana tem exatamente a vida que almeja: um namorado de dar invejas às amigas, uma família abastada e influente na pequena cidade de Entardecer e está cursando a faculdade de seus sonhos. Seu mundo perfeito, que se mantém por aparências, começa a ruir exatamente no momento em que ela desperta surda.

De um dia para o outro, ela se vê diante de uma situação totalmente nova e é necessário se readaptar e reformular seus planos. Porém, esse não é o único problema, a cidade é do tipo retrógrada, que tem em seus habitantes incutido o preconceito diante da diferença e, agora, Juliana já não é boa o bastante para muitas das coisas às quais ela julgava importantes. E isso inclui várias pessoas de seu círculo íntimo.

“Quando as pessoas que nós mais amamos se afastam da gente, seja por qualquer motivo, começamos a enxergar melhor a importância que tinham em nosso dia-a-dia. Momentos simples que passavam despercebidos passam a fazer uma falta tremenda.”

A proximidade com seu irmão, Rodrigo, ajuda com que ela dê os primeiros passos para a readaptação como as aulas de leitura labial e LIBRAS. Além disso, sua irmã caçula, Rafa, é o raio de luz que surge no seu dia a dia e a ajuda a ver muitos de seus atos sob um novo prisma.

Mesmo que várias coisas comecem a ruir e ela enxergue as falhas de sua vida que gostava de manter escondidas, especialmente em se tratando do seu relacionamento com a família e com os amigos, ela começa a perceber que ainda pode lutar por seus sonhos.

E é quando Leo entra na sua vida. Ele, marcado por uma perda que lhe tirou a vontade de viver, encontra em Juliana a possibilidade de ser feliz, mas ao mesmo tempo, a própria ideia é assustadora e injusta demais. Como ser feliz quando outros não puderam?

Vários empecilhos vão aparecer entre o casal e, Juliana, mais uma vez, terá a oportunidade de rever a vida, após um despertar que vai bem além do abrir de olhos pela manhã. Essa é, sem dúvidas, a mensagem mais marcante da história. A das possibilidades, de poder ver a vida com o olhar que desejamos, de saber que, mesmo diante das maiores dificuldades, é possível sim perseguir sonhos e a felicidade.

“E talvez esse seja o desafio mais difícil. Acreditar mais em mim quando quase ninguém mais acredita. Quando os que diziam me amar estão cada vez mais distantes. E quando me sinto cada dia mais presa em um mundo mudo.”

Além disso, a história ainda ressalta a relação dos personagens centrais, que mais frequentemente narram a história – Juliana e Leonardo – com Deus, o que faz do livro também um romance cristão, já que aborda, não necessariamente falando em religião, mas da ligação ou afastamento dos personagens para com Deus durante seu percurso.

Juliana é a personagem que mais narra os capítulos, que no começo são intercalados com Leonardo e depois, por um tempo, tomam foco maior na protagonista. No começo, com esse viés, senti falta do intercalar das histórias, já que aparentou que a história do Leo estagnou no momento em que deixamos de acompanhá-lo para estar com a Juliana mais frequentemente. Não é algo que atrapalhe a leitura, mas que poderia ter um balanço mais equilibrado.

Inclusive, falando sobre o Leonardo, não vou negar que, apesar do seu passado, o personagem supera no quesito imaturidade. Quando ele passa pela provação maior de sua vida, com a perda de alguém que ama, estaca no tempo como se fosse um adolescente e causa muitos problemas por isso, e não apenas para si mesmo. Com certeza houve aquela vontade de entrar na história, mandar ele crescer e parar de ver as coisas apenas por seu próprio ângulo. Deixar-se guiar pela dor é o único caminho que ele sabe trilhar e não quer ver outras alternativas.

Já Juliana, apesar de ser extremamente superficial e até mesmo malvada no começo, é possível perceber que tudo que fazia era mais um sistema de defesa contra o ambiente familiar no qual estava inserida. O charme no quesito personagens, vai para a pequena Rafa, que é, além de simpática, uma criança cheia de vida e esperança.

“Já pensou nisso? Em como seria o mundo sem você? Em como seus amigos ficariam sem você? Você faria falta para alguém ou seria apenas mais um a ir embora? Sempre achei cruel a ideia de morrer sem deixar saudades. E hoje eu sinto exatamente assim. Como se tivesse partido e não deixado saudade para ninguém além da minha família.”

As partes que ensejaram alguns percalços durante a leitura foram algumas rememorações dos personagens e descrições de sentimentos. Isso porque, às vezes, as divagações falavam de alguns aprendizados que, momentos depois, eles não pareciam ter passado um tempo refletindo. E, de outro lado, a parte sobre a readaptação de Juliana, diante da surdez, poderia ter sido um pouco mais explorada.

Quando Acordei é uma jornada sobre autoconhecimento, respeito e valorização daqueles que nos cercam, fala de irmandade, amor e fraternidade. É uma jornada para despertar de tudo aquilo que optamos por não ver, quando está exatamente diante de nossos olhos.

Aleatoriedades

  • O livro Quando Acordei foi recebido em parceria com a autora Gabi Amorim. Obrigada Gabi pela confiança e oportunidade. Trata-se de publi post, mas, como sempre, a sinceridade da resenha, é a mesma!
  • Quando fui pensar nas fotos para esse livro, queria algo que me passasse a ideia de aconchego, algo calmo e tranquilo. Como a capa do Kindle fica em escala de cinza, usei elementos em P&B pra combinar e os elementos em tons verdes, foram para dar um toque colorido e uma alegrada nas fotos (pelo menos essa era a intenção… rsrsrs).

Que a Força esteja com vocês!

Ouvindo: Tennessee Whiskey – Chris Stapleton

Comente este post!

  • Brenda Motta

    Amei a resenha, nossa que livro intenso. Gosto muito desses livros que nos trazem lições e nos fazem sentir empatia.

    Melhor frase:
    O que vale mais a pena: poder ouvir um “eu te amo” ou estar ao lado da pessoa amada mesmo nunca conhecendo o som de sua voz? (De acordo com o contexto da surdez, achei perfeita)

    Parabéns pelo espaço, é aconchegante e lindo.

    Aceita Café?

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  • Dani

    Cheguei ao post pelo título do livro e como sempre o “feeling” não falha! Amo esse tipo de assunto e costumo refletir muito sobre como certas privações, sejam de sentidos ou outras coisas, debilitam cada ser mas são chance de, se com o devido direcionamento, ao ponto que limita alguma área, meio que obriga outras a se adaptar e expandir, talvez entendendo que aquela privação precisa ser compensada. Quase sempre esbarramos nos tais paradigmas e o “acordar” é uma palavra tão conectada com evoluir. Confesso que sou meio preguiçoso com leitura, mas essa resenha deu aquela vontade de ler o livro.

    Abraço 🙂

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    • Retipatia

      Oi Dani!
      Ah seu feeling foi certeiro então! Realmente esse livro aborda essa questão, de como a privação de um sentido (ou de algo), nos faz nos virar e focar em outros e perceber que podemos ser completos da mesma maneira! E acordar é realmente a palavra-chave de toda a história e super recomendo que deixe a preguiça de lado e dê uma chance à leitura! Vale a pena!
      Obrigada pela visita!
      xoxo

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