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Conto ♥ Stubborn Love

Leia ouvindo Stubborn Love, dos The Lumineers

É como um relógio, todas as peças precisam estar funcionando para que ele consiga marcar as horas. Se um pequeno elo se rompe, se o dente de uma engrenagem se desgasta mais que os demais, o ciclo natural do andar das horas é comprometido. Se atrasa. As horas correm em tempo distinto ao que deveriam.

O que é o tempo, afinal de contas? Mera convenção social. Arcaica, retrógrada. Feita para delimitar os afazeres, prender as etapas da vida. Contar o que não deveria ser contado.

– Está fugindo do tema, Helena.

– Estou? – Ela assente.

– Sim, tem visto seu marido?

– A expressão ‘tem visto’ é um pouco vaga. O que exatamente quer dizer com isso?

– Estou perguntando se você voltou a se encontrar com ele, se voltaram a morar juntos, manter relações íntimas, se, desde a última sessão, houve alguma alteração no relacionamento de vocês.

– Então, na verdade, são várias perguntas em apenas uma. – Respiro fundo e olho o relógio. Faltam ainda mais dez minutos para o fim da sessão. A sessão. A última consulta, é claro, como pude me esquecer dela? – Havia me esquecido, deveria ter dito na última sessão que La La Land ganharia o Oscar e, então, aquele fiasco. Não podemos mais sequer confiar na previsibilidade.

– Helena? – Talvez ela também goste do som do meu nome em sua própria voz.

Desvio o olhar dos entalhes do aparador que fica ao lado da poltrona em que ela está sentada e vejo seu olhar buscando o meu. Ainda fugindo, é o que me diz.

É essa sensação. Louca. Arrebatadora. A de estar a todo o tempo distraída.

Qual era mesmo a pergunta?

– Roubamos uma bicicleta na semana passada.

– Conte-me como aconteceu.

A calma que ela expressa é mais provável pelo fato de que não acredita no que eu fiz. No que nós fizemos.

– Não tem importância, a bicicleta era minha.

– Então por que disse que roubaram? Fala de você e Sam?

Ainda não consegui definir se existem vinte sete ou vinte e oito tábuas de madeira no assoalho, sempre que chego próximo ao rodapé, me confundo.

– Nosso tempo acabou. – Ouço-me falar enquanto automaticamente me levanto.

– Quero vê-la na quinta-feira, Helena. – O tom dela vai de indiferente à monótono. Não sei identificar.

– Mas nossos encontros são às terças.

– Venha na quinta, no mesmo horário e faça os exercícios que lhe passei.

Aceno em concordância, aperto sua mão, como de costume, e deixo a sala, já abrindo a bolsa no elevador e buscando as chaves.

Não há tilintar. A bolsa está sutilmente mais leve do que deveria. Nenhuma delas está aqui. Droga!

Onde foi que as deixei?

Paro no passeio e olho ao redor, nenhum sinal do meu HB20. Como cheguei aqui? Forço a memória, não mais do que relances de dirigir. Mas com um vestido diferente, o da semana passada. Sim, semana passada eu estava com aquele vestido. Dirigi até aqui, segui a pé até em casa e depois voltei, com… e peguei o carro.

A brisa está mais fria. Mais que quando, exatamente? Não faz diferença. Acendo o cigarro e começo a caminhar na direção de casa.

Uma garotinha anda saltitante à minha frente, de mão dada com quem suponho ser sua mãe. Está usando uma capa amarela… Amarela. Amarelo. Como minha bicicleta.

Acendo o segundo cigarro. Os ventos estão fortes e minha pele inteira arrepiada. Minha roupa grudando ao meu corpo está gelada. Trago o cigarro e está úmido. Quando começou a chover? Os pingos grossos o deixaram intragável. E minhas mãos estão trêmulas e gélidas.

– Helena! – Seriam ecos?

Mais alto e forte agora. Estaco os passos, a água cai tão intensamente que é difícil ver a uma distância muito grande.

Há um carro com o pisca alerta ligado e uma janela abaixada bem próximo ao meio-fio. A porta se abre e ele desce do carro.

– Helena, estive te procurando, o que houve? – As palavras saem afogadas da boca dele.

Tento raciocinar. Eu deveria ter esperado? Eu fui até lá com ele?

– Helena? – Ele gosta de repetições.

Assinto. Minhas pernas seguem automaticamente em direção ao carro, logo me sento no banco do carona.

Sem toda a água caindo, percebo o quanto estou molhada. Encharcada. Meus pés dançam na sandália, as tiras não são suficientes para prendê-los ao solado. Meu vestido e o casaco grosso estão molhados e pingam, molham o banco de couro, que escorre para o chão do carro.

Um clique e o motor está ligado.

– Helena, você está bem?

O cigarro ainda está grudado entre meus dedos, abro uma fresta na janela e o jogo na rua.

– Temos lixeira no carro. – Ele resmunga e o carro começa a se movimentar.

Mesmo com o trânsito intenso, não demoramos para entrar no estacionamento do prédio. Eu fiquei com o apartamento e ele com a vaga da garagem. Não poderia ser mais patético do que isso.

Tiro minhas sandálias e saio do carro, seguindo em direção à porta que dá acesso às escadas. Não encontro minhas chaves na bolsa. Novamente.

– Procurando por isso?

O tilintar habitual do meu chaveiro, com as exatas doze chaves que ele reúne, soa logo atrás de mim.

– Por que está com as minhas chaves?

– Você as esqueceu no carro, antes da consulta.

Assinto, erguendo minha mão para apanhar o molho.

– Por que não me esperou, Helena? – Ele diz isso enquanto afasta sua mão da minha. Não pego as chaves, minha mão cai ao meu lado.

– Do que você está falando?

– Eu iria pega-la logo após a consulta, como combinamos. – Uma ruga surge entre suas sobrancelhas. Deixa sua aparência severa. Não gosto dela assim.

Deslizo meu dedo sobre o vinco acima de seu nariz e a expressão se suaviza. Bem melhor agora.

– Vamos entrar, você está gelada, Helena.

Com as minhas chaves ele abre a porta e me dá passagem. Sigo subindo até o andar da portaria e ouço seus passos logo atrás de mim. Chegamos no andar dele. Paro no primeiro degrau que seguiria para o meu andar.

Ele está parado em frente à sua porta, mas virado para mim, o pinguim de pelúcia do meu chaveiro está pingando água.

– Suas chaves, não tem como entrar em casa sem elas. – Assinto, mas meu braço não se move em direção à mão estendida.

São minhas pernas que se movem e só param quando estou a apenas quinze centímetros de seu corpo. Minhas mãos agora se movem e fecham sobre a sua.

– Elas podem continuar perdidas mais um pouco.

Sorriso, do tipo que me prende a atenção. Que faz meus olhos se prenderem às linhas dos lábios e eu fazer os quinze centímetros diminuírem até não restar nada. Até nossos lábios se tocarem.

Se céu fosse um tipo de sorvete, sem dúvidas esse seria o sabor. O gosto de Sam.

Suas mãos frias tocam meu rosto e sinto agora o tremer de meu queixo, a temperatura fria que tomou conta de todo o meu corpo.

Sam cessa o beijo, mas seus olhos continuam fechados para mim.

– Quer entrar? Está muito frio, Helena.

– Sim. – Ele sorri e abre os olhos.

O apartamento dele tem o exato formato do meu, com a diferença que uma lareira elétrica substitui a antiguidade cheia de entalhes renascentistas que fica no andar superior.

Fico ao lado do sofá, observando Sam ir até a lareira, um clique e as chamas trepidam altas, no segundo seguinte, ele está de volta me entregando uma toalha. Vou até o tapete em frente a lareira e me sento sobre ele, passando a toalha em meus braços e em seguida secando meus cabelos.

– Coloquei água para ferver para fazer café, ainda bebe café, não bebe?

Eu não deveria.

– Bebo.

Seu olhar perscruta meus movimentos. E me desvio para o pequeno móvel de apoio ao lado do sofá. Há apenas um porta retrato nele, de bordas lisas e da cor preta, sem detalhes. Combina com o tom cinza do tapete macio e com o sofá cinza chumbo.

Seus passos me indicam que ele está saindo da sala, então eu pego o porta-retratos. É a foto mais ridícula que tiramos do nosso casamento. Éramos jovens demais, como meu pai cansou de dizer. Já fazem o quê? Quinze anos? Me lembro com certeza que nos casamos em 2000. Mas em que ano estamos agora?

– Continua achando essa a melhor de todas as fotos, mesmo dezessete anos depois? – Sam se senta ao meu lado e me entrega um moletom. – Imagino que saiba onde é o banheiro, primeira porta a direta.

Me levanto, mas não saio da sala, realmente não é tão necessário assim. Começo a retirar o casaco e, quando ergo a barra do vestido, vejo Sam indo em direção à cozinha. Ele só retorna quando estou sentada observando nossa foto, que só mostra nossas pernas, dos joelhos para baixo. Ele de calça social e seus inseparáveis All Stars preto e  eu, com a barra do vestido branco levantada para mostrar o meu par cor de rosa shock.

– Não continuo achando essa a melhor de todas as fotos, a mais divertida, talvez. – Falo quando Sam se senta à minha frente e me entrega uma caneca.

O aroma do café espalha pela sala e é reconfortante o gosto quente descendo por minha garganta.

– Continua sendo a minha favorita.

Meus dedos percorrem as linhas de nossos corpos na foto. Se aquele tempo voltasse e tudo fosse tão colorido quando costumava ser…

– Estávamos apaixonados, Sam.

– Eu ainda estou apaixonado, Helena. Meu amor por você só aumentou, desde o dia em que a conheci até hoje. Eu amo você e estou apaixonado por você.

Apesar de seu olhar buscar o meu, não me desvio da foto. Preciso de foco.

– Você não me amou desde o dia que nos conhecemos. – É impossível não sorrir com as ideias malucas que ele diz.

– Claro que amei. É impossível não amar você.

– Acredita mesmo nisso, nessa ideia insana de amor à primeira vista, Sam?

– Não tem como não acreditar no que acontece com a gente.

– Não mesmo?

– O que quer dizer, Helena?

– Estou perdendo minha lucidez, Sam. Estou completamente distraída.

– Distraída, o que isso quer dizer?

Meus olhos se fecham antes que eu tente encará-lo, se o fizer, algo vai acontecer. Não sei exatamente o que, apenas que irá.

– Eu amo você Sam e estou apaixonada por você. – Lágrimas descem por meus olhos quando os abro.

Sam segura minha mão livre e a leva até seus lábios, que a beijam com sutileza. Meus olhos se fecham novamente.

A respiração acelerada, mas mais leve. Os pensamentos desconexos, mas conectados.

Antes que a caneca caia de minha mão, ela é retirada e colocada de lado. Não vejo movimentos, me prendo ao olhar que me encara. Foco. Meu corpo reage sozinho: os dedos correm a linha do maxilar de Sam, sinto os pelos baixos de sua barba, até deslizarem para sua nuca. Trago sua boca para encontrar a minha.

Elas se encontram.

– O que faço com as pernas bambas, Sam?

– Eu seguro você, Helena.

Mais namoro de nossos lábios.

– O coração palpitando, Sam.

– Faço você se acalmar, Helena.

Seu corpo se cola ao meu colado ao tapete. Nossos olhos não se desgrudam.

– A pele quente, Sam.

– Tomamos banho de chuva, Helena.

– E as borboletas no estômago, Sam, o que faço com elas?

Ele sorri antes de responder. E é agora que verei aquela chance mínima de que algo pode dar certo.

– Nós as libertamos, Helena, deixe que voem.

É claro que deixo.

Este conto foi escrito pra o Projeto Palavra & Imagem do grupo Interative-se, com a imagem do post e a palavra ‘relembrar’, que, foi, ainda que metaforicamente, incluída na história.

Para quem acompanha outros contos aqui do blog, esses personagens já apareceram antes. Helena e Sam apareceram pela primeira vez no conto intitulado Lucidez, e Stubborn Love é quase uma parte dois dele. E, para quem conhece a música, ou checou a letra, ela além de inspiração para a escrita do conto, tem tudo a ver com esse casal incoerente.

Que a Força esteja com vocês!

xoxo

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  • Lila

    Gosto desse casal desde o roubo da bicicleta, tinha um tempo que eu não aparecia por aqui pra ler teus contos! =D Como sempre, amei! Que a força esteja como vc! xoxo

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    • Retipatia

      Oi Lilaaaa!!! Que bom ver você por aqui! <3 Feliz que tenha gostado, eu tenho um xodó por esse casal! ehehe <3
      xoxo

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  • Talita Carbone

    Amei o conto. Fiquei curiosa para saber mais sobre o casal e, talvez, entender o que causa essa “confusão” em Helena.
    Beijos

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    • Retipatia

      Oi Talita! Obrigada!!! Feliz que tenha gostado! Vou querer saber o que achou da primeira parte do conto também! <3
      xoxo

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  • Thayline

    Que conto amorzinho Tu tem muito talento. Se tu fizesse um livro, eu comprava haha! A história é maravilhosa, embora tenha ficado um pouco perdida no início (sou supeeer sonsa) mas vou ler a parte 1 do conto! Eu amo o grupo Interative-se, uma pena não ter visto esse projeto, que é super maravilhoso.

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    • Retipatia

      Oi Thayline! Que bom ver você por aqui e muito feliz em saber que gosta da minha escrita! <3 Esse conto, assim como o Lucidez, que antecede esse é mesmo um pouco confuso, acho que a própria personagem é confusa e isso reflete até nos pensamentos dela..ehhee E bora participar dos próximos projetos do Interatve--se! São ótimos! <3 Obrigada pela visita! <3
      xoxo

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  • Ade Pessoa

    Oie tudo bem? Adorei seu conto, a cada linha fiquei com mais vontade de ler, adorei esse casal, anciosa pela comtinuação. Sucesso, beijos

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    • Retipatia

      Oi Ade! Obrigada, fico feliz que tenha gostado do conto! Quem sabe esse casal não aparece num terceiro conto por aqui, não é mesmo?! <3
      xoxo

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  • Jade Amorim

    Menina que conto incrivel. Agora eu quero mais, como faz. Fiquei com dó pela situação dela, perder a lucidez deve ser desesperador. Mas nossa… Esse romance parece maravilhoso.

    Beijos.
    http://www.jadeamorim.com.br

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    • Retipatia

      Oi Jade! Ah que bom que você gostou! <3 Esse casal é dos meus mais queridos! ahaha Quem sabe eles apareçam por aqui novamente?! Com certeza perder a lucidez deve ser bem complicado, pra dizer o mínimo, mas ter um amor que cuida por perto é com certeza um bálsamo para os problemas da vida! <3
      xoxo

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  • Luana Souza

    Eu sabia! Sabia que conhecia a bicicleta e esses dois personagens… me recordo muito bem do primeiro conto haha. E, como sempre, seus textos são lindos <3 Sabe, vou confessar que sou um tanto descrente em relação ao amor nos dias de hoje, mas ler coisas assim me faz pensar que ainda podem existir pessoas que se importam DESSA FORMA com alguém. Isso é tão maravilhoso! Seu conto deixou meu coração mais quentinho, e eu me senti lá com os dois 🙂

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    • Retipatia

      Oi Lu! Ahhh que legal que você se lembrou do outro conto!!! ehehe Obrigada, eu fico contente demais da conta em saber que você acha meus textos lindos! <3 E se a gente não acreditar no amor, ninguém vai acreditar pela gente, não é mesmo?! Que bom que esse conto meio tresloucado conseguiu te aquecer, tu merece muito amor lindona! <3
      xoxo

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  • Gislaine

    “Nós as libertamos, Helena, deixe que voem.”
    Me arrepiei inteira. Que situação triste, perder a lucidez dessa forma, não conseguir manter o foco em alguma coisa sequer… Meu coração dói por Helena, mas se aquece por saber que ela tem alguém que a ama sempre ali, disposto a cuidar dos seus descuidos. Não li o primeiro conto dessa casal ainda, vou lá conferir agora!
    Abraços,
    Gislaine | Literalize-se

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    • Retipatia

      Oi Gis! Esse conto é um misto de sensações mesmo. A doença dela e o relacionamento são contrapontos, que pesam e deixam a história mais leve também. Quero saber o que achou do primeiro conto também!!! <3 <3
      xoxo

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  • Lorena Caribé

    Olá!!! Que bonito seu conto, parabéns!!!
    Ótimo você compartilhar no blog com seus leitores !!!
    Desejo muito sucesso e ótimas inspirações,
    super bjo

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  • Camyli Alessandra

    Bah, que conto!
    Adoro casais incoerentes que nos mostra que não existe coerencia nenhuma no amor.
    xoxox

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    • Retipatia

      Oi Camyli! Esse é o casal mais coerente na sua incoerência! ehehe Obrigada! <3
      xoxo

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  • Erika Monteiro

    Oi Rê, tudo bem? Já estava com saudades do seu cantinho. Comento sempre o quanto admiro seu talento para escrever. Você é tão criativa. Conforme vou lendo me sinto dentro de um livro acompanhando o enredo. Quando termino de ler me pergunto como teria sido o final se realmente fosse um livro. Fiquei imaginando o quanto deve ser triste perder a noção das coisas, não saber onde está ou o que estava fazendo. E o pior, sem saber com quem estávamos ou em quem podemos confiar. Por outro lado tem a família que terá que conviver com uma pessoa assim e explicar as coisas sempre que ela esquecer. Mas nada como o amor da família e de quem amamos para nos sustentar não é mesmo? Parabéns pelo texto. Ótima semana pra você! Beijos, Érika =^.^=

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    • Retipatia

      Oi Érika, tudo bem? Que bom ver você por aqui, lindona! <3 Você não sabe como é bom ler essas palavras, me incentivam muito a continuar escrevendo, praticando e buscando sempre escrever melhor. Acho super legal saber a sensação que o conto traz, essa ideia de como a história continuaria, de como os personagens continuariam a se desenvolver e tudo o mais. A situação da personagem é mesmo complicada e triste, mas, como você disse, é importante ter alguém ao seu lado para dar apoio e ajudar nos momentos de necessidade. Obrigada!!! <3
      xoxo

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  • Lenise Battisti

    Que bacana a relação entre a imagem e o conto, e que interessante pensar em como deve ser para Helena lidar com seus sentimentos e com as confusões da sua mente, principalmente quando o esquecimento se torna parte disso; mas que bom que ela tem Sam ao lado dela e fiquei curiosa para saber como seria o final dessa história.

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    • Retipatia

      Oi Lenise! Hum será que teremos mais desenrolares nessa história do Sam e da Helena?! ehhee Você me fez pensar em voltar com eles aqui em outro conto! Obrigada! <3
      xoxo

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