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BEDA #15 ♥ Faço hora, vou na valsa

02 faço hora

Bom dia, tarde e noite pessoas do coração!

Nesse décimo quinto dia de BEDA, que é de tema livre, preciso espairecer. E, para isso, nada melhor que escrever. Tentar expressar em palavras o que às vezes nem mesmo nossos pensamentos conseguem colocar em ordem.

Como diria Lenine, o tempo não pára. E, por tempo, leia-se, a vida. A vida não pára, não volta, nem se apressa. Caminha cada dia de uma vez, ainda que às vezes um dia ou momento pareça passar em branco ou que sejam fugazes em demasiado, cada momento é um momento único, independente de ser bom ou ruim.

Em alguns momentos parecemos estar trilhando caminhos completamente distintos do que queremos para nossa vida e o desespero costuma bater à porta. Dá vontade de jogar todos os projetos começados na correnteza e deixar que ela os leve embora e dizer: vou recomeçar do zero. Às vezes, dá vontade de gritar para o mundo um sonoro ‘foda-se’ para tentar se livrar da opressão de sermos tudo o que não somos.

E, em alguns momentos, os sentimentos que vem sendo acumulados, guardados, ignorados, reprimidos (sim, aqueles que às vezes varremos para debaixo do tapete), precisam ser libertados. Trazidos à tona como o fôlego que um mergulhador toma após um salto em grande profundidade.

01 faço hora

Algumas atitudes beiram o arrependimento, algumas vezes é gratidão tê-las tomado. É sempre um misto de orgulho e preconceito. De nostalgia e amargura.

As pessoas tem o condão de acreditar que sentimentos são unânimes e sentidos da mesma maneira por todos e todas. Creio que mais felizmente do que ‘in’, a vida não é assim. A intensidade de cada ato e a represália que cada um pode trazer depende sempre do se pode chamar de ‘grau do sentir’: uma farpa pode entrar no seu dedo e você mal perceber e uma entrar no dedo de outra pessoa, exatamente da mesma maneira, e ela uivar de dor.

É aquela ideia básica de que, cada um é cada um. Convenientemente, por mais que as histórias sejam similares, o máximo que alcançaremos é a empatia, que é a compreensão da dor do outro. Porque a dor do outro, somente ele mesmo é quem sabe e quem sente. Ainda que o mesmo ato tenha ocorrido com duas pessoas ao mesmo tempo e da mesmo maneira, o modo como isso as afeta jamais será o mesmo. Porque, como eu já disse, cada indivíduo é único. E temos que dar graças por isso.

 E, no meio desse fôlego, há dor. Aquela dor latejante quando os pulmões tem de expandir demasiadamente rápido para sorver o ar o qual foram privados por muito tempo. Essa dor é exatamente o conflito causado pelo outro entender que a dor dele é mais valiosa que a sua, que é mais forte que a sua. O seu sentir é subjugado. Suas ações não são reflexos de toda uma história, você é assim apenas por decisão unilateral sua, que não há nenhuma carga emotiva, sentimental, ideológica que o cerca. Não, não é.

03 faço hora

Em parte, ser quem você é, ter pessoas o rodeando que o amam e conhecem, inclui saber o mínimo do seus sentimentos e do seu jeito. E mais principalmente, da liberdade em poder dizê-los, quando estes são desconhecidos. É importante saber que seu amor ou seu zelo não podem nem devem ser medidos em uma balança. Sentimento não se mede, se sente.

Cada hora passada nessa agonia confusa, em que seus pulmões estão expandindo, que o ar está passando com rapidez por sua garganta, é difícil. Mas não mais ou menos difícil para um ou para outro. É apenas difícil de modo distinto para um e para outro.

Depois do grande gole de ar, quando você consegue enfim abrir os olhos e ver ao seu redor, vem o redespertar. Um peso saiu de suas costas. Aqueles sentimentos que você mantinha bem enterrados foram libertados. E, provavelmente, eles deixarão um buraco pelo qual outros poderão passar, caso você deseje.

E, quando você vê esse mundo ao seu redor, ele pode até não parecer muito claro, pode estar um pouco embaçado por causa da água que estava em contato com seus olhos. É normal. Seu corpo precisa habituar à nova realidade.

Mas o mundo não vai parar ou esperar que você se habitue, é você quem fará sua própria valsa para seguir a diante, ditar as regras e a rapidez com que terá de seguir. O mundo não faz o ritmo, ele impõe. E cabe a cada um conseguir driblar essa imposição para fazer hora e seguir na valsa, para nadar contra a correnteza e chegar à borda do riacho. Para se levantar, caminhar e, ao olhar para trás, ter apenas a certeza de que foi um excelente mergulho e que você está pronto para o próximo.

Ouvindo: Lenine ♥ Paciência

 xoxo
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  • Fernanda

    Nossa, esse texto expressou e expressa tudo! Cada um é cada um, e ninguém pode mudar isso. Somos o que somos e só mudamos se quisermos. Obrigada por compartilhar!!!!! 😉

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  • Kimberly

    Me diz da onde sai tanto talento? Amei demais o texto, enquanto lia me lembrei da música Epitáfio, dos titãs, quando eles cantam “cada um sabe a alegria, e a dor que traz no coração”. É cada vez mais difícil encontrar pessoas que entendam o que o outro sente e que percebam que cada um sente as coisas à sua maneira. Beijoss

    http://itiskimby.wordpress.com

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  • Paula Vigano

    Que texto interessante viu. Cada pessoa se expressa dum jeito e ninguém pode mudar.
    http://www.paularopkevigano.blogspot.com.br

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  • Luly

    Rê, você falou sobre várias coisas sobre as quais eu pensei MUITO no último ano (inclusive escrevi sobre em alguns momentos). Na verdade que fui levada a pensar na onda de coisas ruins que andaram rolando, mas aí a gente vê que existe um lado bom em tudo na vida, mesmo que seja um lado bom… “Intelectual”!
    Mas de tudo o que mais penso é nisso de a gente ficar guardando os pensamentos e, de repente, ter que jogar tudo pra fora pra não gerar um câncer sentimental aí/aqui/lá dentro. Não dá pra fugir de como a gente se sente e o mais importante: não dá pra fugir do que a gente é, então é outra coisa que não podemos esconder NUNCA!

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  • Camyli Alessandra

    Nossa Rê….Que texto maravilhoso! A paciência é algo que sempre julgamos que o outro devem ter… Mas precisamos eer pacientes o tempo todo independente das circunstâncias.

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    • Retipatia

      Obrigada Camyli! É sempre bom refletir sobre nós mesmos e os outros! 🙂

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