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BEDA#6 ♥ Extraordinário ♥ R. J. Palacio

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Bom dia, tarde e noite everybody!

Sabadão, sexto dia de BEDA é dia de postagem literária muito especial aqui no blog (para conhecer mais sobre o BEDA, clica aqui!). Dentre as muitas pendências literárias, uma delas é a resenha do meu novo queridinho, o livro Extraordinário, da R. J. Palacio, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca. Talvez este texto não seja a melhor definição de ‘resenha’, porque é mais uma expressão do que como o livro me marcou do que uma descrição detalhada do enredo do livro.

Ouvi vários comentários positivos sobre o livro por aí na internet. Então, quando a oportunidade bateu, comprei o meu exemplar. E, adianto, não deixou nem um pouco a desejar, mas logo já chego na parte dos elogios.

Só adianto que meu livro está cheio de post-its, que vou colocando a medida que alguma passagem me marca. Não necessariamente faço isso apenas com frases célebres e memoráveis. Às vezes, é um sentimento descrito, ou um gesto, que é muito mais tocante e importante do que a mera junção de palavras.

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Como alguns sabem, a história do livro será adaptada para a grande tela, já contando com o fofíssimo Jacob Tremblay como o personagem central, August e Julia Roberts e Owen Wilson, como seus pais. Ainda não tenho opinião formada acerca da realização da adaptação em si, mas com certeza estarei nas salas aguardando o início do filme, quando lançar (2017). Sem dúvidas, levará muita gente às lágrimas e espero que seja tão tocante quanto o livro.

Extraordinário

Autora: R. J. Palacio

Sinopse: August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade… até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

Extraordinário conta a história de Auggie, um menino de 10 anos que nasceu com uma síndrome de nome difícil – tão difícil que ele mesmo demorou a conseguir aprender o nome -, que causou uma deformidade em seu rosto. E, a experiência do que sua aparência lhe causa, nos é contada pelo próprio August.

Em capítulos curtos, conhecemos a trajetória de Auggie no que precede seu início na escola, e todos os desmembramentos disso: sua recusa, ante a ideia dada por sua mãe e apoiada por seu pai, a visita a escola e o contato com os primeiros colegas de classe. Tudo isso de maneira intimista, na mente de um garoto que se sente tão igual quanto aos outros, não fosse a aparência de seu rosto.

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O início na escola é difícil, a recepção dos alunos é a já esperada por August: medo, horror, repulsa. Ele pensa já ter se acostumado a ter olhares deste tipo, mas a cada nova vaia, sorriso malvado, piada, gesto e olhar, seus sentimentos demonstram que nada na vida poderia lhe preparar adequadamente para isso.

Na escola, Auggie é colocado à prova a todo instante: um olhar surpreso do professor, as crianças que entram em uma brincadeira preconceituosa. E, meio a tudo isso, um dos professores de August diz, logo na primeira aula, que dará, mensalmente, um preceito a se pensar. Um para cada mês do ano. O primeiro preceito é: “quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil.”. Não é necessário dizer o quanto este é um pedido tão simples e cabível diante da entrada de August na escola.

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A medida que a história avança, vamos conhecendo tanto mais de Auggie, quanto dos seus colegas de escola, os que se aproximam e os que se afastam. Conhecemos mais de sua mãe, seu pai, sua irmã Via. Conhecemos o namorado de Via, os garotos de outras escolas, alguns amigos e parentes.

O melhor de toda essa visão, que passa pelo dia a dia escolar de August e Via, que também entrou em uma nova escola neste ano, é que cada personagem fora moldado, trabalhado e constituído de forma a parecer com seu amigo, seu vizinho, seu familiar. Eles possuem camadas e mais camadas, como uma cebola. São complexos, possuem defeitos, possuem qualidades. E por isso são tão perfeitamente humanos.

Os pais de Auggie e Via são amorosos, mas ao mesmo tempo super protetores. Não apenas August precisa aprender a crescer, seus pais precisam aprender a soltá-lo também. Via, a irmã de Auggie, é amorosa e sempre foi defensora de seu irmão. Ela o vê com ternura e não aceita que outras pessoas não o vejam da mesma forma. Mas ela também é humana e, quando passa por dificuldades, quando não aguenta mais ser autossuficiente, tem dificuldades em assumir que precisa de ajuda e que seus pais devem isso à ela também.

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A visão até então focada no ponto de vista de Auggie, passa um pouco por Via, o que facilita na compreensão de sua personagem. Aumenta a empatia e simpatia que sentimos por ela também, que é tão humana quanto os outros, na verdade, talvez um pouco mais.

Nessa ideia, vemos também o ponto de vista de outro garoto da escola, particularmente ruim para com Auggie. Nas sábias palavras da mãe de Auggie: uma maçã não cai longe da macieira.

Há ainda uma parte em que uma das amigas de Auggie, Summer, aparece como narradora da história. A melhor passagem dela pode ser descrita no momento em que ela e Auggie conversam sobre vida após a morte.

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Vemos também o ponto de vista do namorado de Via, Justin. O engraçado desta parte é que ela é escrita sem a configuração padrão das demais. Sem maiúsculas, seja no início das frases, seja nos nomes. Quando comecei a ler o capítulo, achei que poderia ser alguma falha na edição. Mas não é.

No site da Intrínseca, destinado ao livro Extraordinário, tem a seguinte frase quando se trata do personagem: “as pessoas me perguntaram por que coloquei a parte do justin em minúsculas. tudo que posso dizer é que ele é o tipo de cara que usa minúsculas.“. Pesquisei isso apenas para este post, me dispensava explicações depois que percebi que não erro de revisão nem nada. Como bem dito, Justin é o tipo de cara que usa minúsculas, não que isso seja ou o torne inferior, pior, ou menos inteiro que os outros personagens. É tão completo e complexo quanto. Todos o são. Simplesmente as minúsculas fazem parte de quem ele é e, ao ler os capítulos sob seu ponto de vista, é bem fácil perceber isso.

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Além desses personagens maravilhosos, que ainda incluem a amiga de Via, Miranda, se aliam ao roteiro bem pensado e elaborado por Palacio, que percorre todo o primeiro ano letivo de August.

Temos a adaptação escolar, a descoberta de novas amizades, a infância, a adolescência, pessoas boas e outras, nem tanto, compreensíveis e outras nem tanto, o estreitamento do laço familiar pelo dia a dia e pelas dificuldades que os momentos mais simples acarretam quando se é alguém como Auggie.

E, disso tudo, a mensagem que o livro mais quer deixar, dentre tantas outras que tocam a cada leitor de maneira distinta, é aquela que vem estampada na sua contracapa: “Não julgue um livro menino pela capa cara”.

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É uma ideia aparentemente simples, que se aplica a todos os âmbitos de nosso viver. É através de um menino singular, não por sua aparência, mas por seu espírito, que vemos o quanto as pessoas são doentes e doentias em seus próprios invólucros de perfeição. Ou seria melhor dizer, de preconceito. Somos nós que revestimos de beleza o que desejamos, que criamos padrões destorcidos, inalcançáveis e excludentes.

Somos todos um pouco August, Via, Miranda, Jack, Sr. Browne, Justin, Summer, Sr. Buzanfa, Melissa Albans, Isabel Pullman, Nate Pullman. Tanto em suas ações, quanto seus pensamentos. E, a escolha de qual desses papéis desempenharemos em nossa vida, só depende de nós mesmos.

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Claro que existem muitas outras nuances no livro, muitas outras verdades ditas e não ditas, muitas sensações, emoções e ideias a serem debatidas. Cada uma irá marcar o leitor de modo distinto, a depender de sua realidade e vivência, então, as outras impressões, deixo que você descubra ao ler o livro. Porque sim, este é um livro que deve ser compartilhado e lido, sempre.

Preceito de Maio do Sr. Browne:

Faça todo o bem que puder,
De todas as maneiras que puder,
De todas as formas que puder,
Em todos os lugares que puder,
Em todos os momentos que puder,
A todas as pessoas que puder,
Sempre que puder.
– Regra de John Wesley

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Na Reclassificação de Leitura, Extraordinário é ‘Amores da Vida’!

xoxo

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Comente este post!

  • Kezia

    Esse livro é realmente extraordinário! Li a mais ou menos um ano e me apaixonei.

    Beijos
    http://www.toboniita.blogspot.com

    responder
  • Luly

    No meu BEDA tem um post sobre Extraordinário, mas ainda estou pensando se ele será publicado. Sei lá, certas coisas são difíceis de ser expressadas e esse livro, pra mim, é uma delas. Não é atoa que eu REcomendei para todo mundo, hahahaha! (E nem que, desde que li pela primeira vez, só consigo imaginar minha futura filha que nem sei se vai existir se chamando Olívia.)
    Me faltam palavras até pra comentar seu post. Extraordinário tem esse título porque define não só o protagonista, não só as personagens, mas também a história e autora. Palacio é uma mulher maravilhosa, né! O dia que ela deu RT num tweet meu eu até chorei, tenho certeza que é alguém que tem muito (mais) a ensinar a todos nós.
    Além desse tem também o 365 Dias Extraordinários e o Auggie & Eu, que não são continuações, mas complementos da história, valem a pena também!

    ps.: no blog da Palacio ela falou mais um pouco sobre isso no Justin só ter minúsculas, que como ele é artista não se liga em destalhes assim e etc. É bem legal, tô doida pra saber quem interpretará ele e a Via linda!

    responder
  • Laura Nolasco

    Faz tempos que quero ler esse livro e vou sempre esquecendo, enrolando, deixando de lado… Sua resenha me deixou com muuuuuita vontade de parar com isso e ler ele! Parece que os personagens são super bem construídos e o enredo é incrível né?
    Obrigada por essa resenha linda!
    Beijos,

    responder
  • Kimberly Camfield

    AMO AMO AMO AMO AMO demais esse livro! Quando chegou na parte do Justin também achei que fosse algum erro de formatação hahah Achei legal saber o motivo real de ter sido escrito assim. E tenho a mesma mania de colocar post it nas minhas partes favoritas. Acho que pode ser lido por todas as idades e independente do gosto. Ele é tão lindo e causa uma revolução em quem lê, pelo menos em mim. O modo como a autora aborda a questão do preconceito, a falta de empatia de algumas pessoas, a amizade, o amor e principalmente: a gentileza. Para finalizar, deixo a minha citação favorita do livro: “Mais gentil que o necessário” — repetiu. — Que frase maravilhosa, não é? Mais gentil que o necessário. Porque não basta ser gentil. Devemos ser mais gentis do que precisamos. Adoro essa frase, essa ideia, porque ela me lembra que carregamos conosco, como seres humanos, não apenas a capacidade de ser gentil, mas a opção pela gentileza.”

    http://itiskimby.wordpress.com

    responder
  • Eduarda Rozemberg

    Hey!
    Eu simplesmente AMO esse livro. Li ele há alguns anos e mesmo assim ainda tenho a história perfeita na minha cabeça, mesmo que os nomes dos personagens me fujam de vez em quando. Amei ver a sua opinião sobre o livro, é sempre ótimo ver pontos de vista diferentes e tão parecidos. É uma leitura que fiz em dois dias de tão leve e fluido que era a escrita, além de ser uma história que aborda um tema bastante delicado. Além da capa ser bem criativa.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

    responder
  • Victória Villaça Felet

    Faz bastante tempo que estou interessada em ler “Extraordinário”! O tema me parece muito cativante. Inclusive, ganhei de presente o “365 dias extraordinários”, que está relacionado com o livro e contém várias frases motivacionais lindas.

    Sua resenha me deixou, ainda mais, curiosa a respeito da trama. Pretendo ler em breve! Espero que goste tanto quanto você. 🙂

    Beijos,
    Attraversiamo

    responder