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BEDA #4 ♥ Para Ser Escritor Parte III e IV – Charles Kiefer

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Bom dia, tarde e noite everyone!

Quarto dia de BEDA é dia de falar de livros novamente! A meta é que seja um dia de livros (e daí qualquer postagem que envolva livros e/ou literatura) e um dia livre (que daí entra o que me der na cabeça!). Se quiser conhecer mais sobre o BEDA, é só clicar aqui.

Dando continuidade aos trabalhos há muito iniciados e um pouco paralisados, hoje vou falar de mais um capítulo do livro Para Ser Escritor, de Charles Kiefer. Cada post fala um pouquinho desse livro maravilhoso. E, aqui no blog, eu compartilho com vocês um pouquinho das impressões de cada capítulo, que aborda sempre um tema diferente (para conhecer as outras postagens, é só clicar aqui e aqui!).

Hoje, devido ao assunto relacionado de dois capítulos subsequentes, ambos serão analisados juntamente. O primeiro capítulo é o ‘Acerca de Lançamentos‘ em que, em pouco mais que uma página, Kiefer vem dizer sua preferência em que qualquer lançamento de livro seja realizado em livrarias e não em outros locais. E, a explicação para tal recomendação é de que o local onde se vendem livros é, obviamente, na livraria. É necessária, tanto a valorização desse local, quanto se lembrar de que, o lançamento do livro é o momento em que ele realmente “vende” e, a oportunidade deve ser realizada em uma livraria. Além disso, ele ressalta que os próprios autores que não realizam os lançamentos em livrarias, reclamam o fato de não encontrarem seus livros – pasmem! – nas livrarias.

O segundo capítulo é ‘Ainda Sobre Lançamentos em Bares e Assemelhados…‘, dessa vez, em uma página e meia, Kiefer fala que, aparentemente, ocorreria uma divisão da demanda: autores publicados por editoras lançam seus livros em livrarias e os autoeditados em outros locais, podendo, assim, arrecadar e recuperar parte de seu investimento. Kiefer descreve o fiasco do lançamento de seu primeiro livro, em que apenas três pessoas compareceram. Seus três primeiros livros, inclusive, foram autoedições e, ainda assim, ele persistiu em lançá-los em livrarias. E finaliza destacando que, apesar do retorno breve, para ser escritor, é necessário agir como um.

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Quando li o capítulo ‘Acerca de Lançamentos‘ pela primeira vez, achei que o mesmo poderia configurar mais uma nota totalmente opinativa e talvez, um pouco orgulhosa do funcionamento do mercado literário. Hoje, a partir de algumas experiências que em tão pouco tempo ocorreram, minha visão sobre este pequenino capítulo mudou, e muito. Mas, o pensamento inicial, antes de dar continuidade ao capítulo seguinte, fora, exatamente o que ele contradita em ‘Ainda Sobre Lançamentos em Bares e Assemelhados…‘.

Algumas experiências recentes me fizeram repensar várias partes que Kiefer destaca mas, basicamente, seguindo a linha de pensamento do primeiro capítulo, os dois pontos que precisam ser pensados são: o que leva essas pessoas a publicarem seus livros em outros locais e, segundo, porque a preferência em publicar em livrarias.

O primeiro ponto, porque as pessoas publicam em outros lugares, já que livrarias poderia ser a mais óbvia escolha, eu tenho algumas ponderações. Para quem se auto-publica, ou seja, banca, através de Editoras que oferecem tal serviço, a impressão de seu livro, as opções podem não ser as mais favoráveis. Por curiosidade, enviei um original meu para uma Editora que presta este tipo de serviço e, além de alguns detalhes que considerei descabidos, mas que não vem ao caso no momento, e as opções se resumiam a: você adquire um número x de exemplares do seu livro, e se você lançar em uma livraria, não poderá vendê-los lá, quem fornece os exemplares é a Editora, contudo, se você realizar o lançamento em outro local, poderá vender aquele mundo de exemplares que adquiriu. Bem complicado para quem, às vezes, realiza um investimento alto para a publicação e não dispõe de um público ‘extra’ avantajado para garantir a venda dos exemplares, fora do lançamento.

De outro lado, se o lançamento não for patrocinado pelo próprio autor, sem dúvidas entrará em jogo as regras ditadas pela Editora. Algumas optam por fazer o lançamento de um livro em locais próprios e não em livrarias. Então, não é certo que isso será possível também, apesar de, aparentemente, ter maiores chances de ocorrer.

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Mas nada disso foge ao tendencioso pensamento que Kiefer rebate no capítulo seguinte. Não apenas por convicção, mas por experiência, o autor deixa claro que, aquele que deseja o reconhecimento como escritor, não pode tentar burlar o sistema, pensando no imediatismo do retorno do investimento. É como qualquer outra carreira, nem sempre o modo mais fácil é o que lhe garantirá maior crescimento.

Talvez não seja apenas a vontade do escritor que irá ditar as regras de lançamento, mas é claro que ele deverá analisar suas opções e avaliar quais delas é possível negociar e quais metas são passíveis de alcançar. Ao que parece, Kiefer, ao tentar lembrar de como a máquina literária funciona e lembrar da necessária valorização das livrarias, quis realmente dizer: considere-se escritor antes de exigir que outros o façam.

E, neste ponto específico, tenho de concordar com ele. Às vezes há um aparente estigma envolvendo a palavra escritor. É como se só pudessem utilizar-se de tais títulos aqueles que já lançaram livros ou que fazem – muito! – sucesso através de outras formas de escrita. Isso é patético. Não é porque não sou um profissional renomado (o que não necessariamente significa sucesso), que não sou tal profissional.

A dinâmica literária, no Brasil, é sem dúvidas, complicada e, talvez, um tanto quanto engessada. É como um jogo de empurra-empurra em alguns casos e outrora como uma sociedade fechada e velada. Não que não seja possível acessá-la ou se incluir nela. É difícil, mas o mercado de trabalho é difícil. Consolidar-se em qualquer carreira é difícil e tem seus entraves próprios. E cabe a cada escritor (iniciante ou não), avaliar quais entraves ele pode e deve transpor para alcançar o ‘status’ de escritor, ou melhor, para que seja reconhecido como tal, apesar de já o ser.

xoxo

Ouvindo: George Harrison ♥ Here Comes The Sun

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